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Análise do capítulo História Antiga Contemporânea de autoria de Luiz Norberto Guarinello

Por:   •  19/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.217 Palavras (9 Páginas)  •  769 Visualizações

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Norberto Luiz Guarinello tem graduação em História, mestrado em Antropologia Social, doutorado em Antropologia Social. Tem experiência em História Antiga, Arqueologia Histórica e Teoria da História. Tem se dedicado ao estudo do mundo antigo e tem como ponto principal a problemática central da “história de integração do Mediterrâneo”. A integração de Mediterrâneo na Antiguidade surge como necessidade de conhecimento para compreensão de perguntas acerca do mundo contemporâneo.

O ponto principal de discussão no texto, sua tese, está focado na questão de que, o espaço do Mediterrâneo, com seu processo de integração, teria algo a nos dizer hoje, para os problemas que a sociedade enfrenta hoje?

Guarinello aponta durante todo o capítulo como a História Antiga em sua forma passou por processos de modificações e transformações que marcavam uma nova reinterpretação da História Antiga e representava um diálogo entre a Antiguidade e outras áreas das Ciências Humanas, como a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a Filosofia e os estudos culturais. Nesse cenário de mudanças surgem alguns estilos de estudos que vão remontar a Antiguidade, de acordo com suas próprias influências, métodos e visões.

Dentre essas linhas de estudo, nos Modernistas cita-se Michael Rostovtzev, com sua obra História social e econômica do Império Romano, o autor, que havia sido exilado da Rússia comunista, busca explicar a Antiguidade valendo-se de elementos próprios de sua época. E utilizou-se disso para explicar a queda do Império Romano, sintetizando que a mudança histórica era dada partindo de três fatores, os quais eram a acumulação de capitais, a luta de classes e a revolução.

Em suma, Rostovtzev teve ousadia e coragem ao inserir temas mais contemporâneos inseridos no contexto da Antiguidade. O autor discorria sua tese como uma forma contínua desses fatores e não como acontecimentos isolados, primeiramente a conquista e expansão do Império havia acumulado muitas riquezas, a burguesia em suas características empreendedoras transformava essas riquezas em capital, de tal forma que o progresso da burguesia e a expansão se davam como processos interligados. Por sua vez, os escravos e camponeses explorados, que compunham grande parte da população do Império, exerciam o papel de classe subordinada. Dessa relação de diferença de classes, surge uma revolta que culmina na queda do Império, por volta do séc. III d.C. Tendo, após isso, um Estado militar assumido o comando da sociedade romana. Pode-se perceber que Rostovtzev encarava o declínio de Roma como um fruto de uma revolução como se deu a revolução Russa, quebrando paradigmas da visão tradicional sobre a história de Roma, marcando a visão Modernista acerca da Antiguidade.

A partir da revolução Russa, surge a historiografia marxista sobre a História Antiga. Essa historiografia tentava reinterpretar a Antiguidade a partir de três linhas de pensamento: a importância dos modos de produção, em especial o asiático; as lutas de classes na cidade antiga e o desenvolvimento econômico na Itália escravista.

Marx defendia que as sociedades asiáticas eram específicas na História humana. Os defensores dessa ideia, visavam essas sociedades como aldeias agrícolas coletivas que possuíam uma administração responsável por distribuir o excedente de produção, fundando a divisão do trabalho e isso mostrava, para Marx, que as sociedades não ocidentais eram mais complexas.

O segundo ponto defendido pela historiografia marxista, é de que a História tem suas mudanças fundadas na luta de classes e no desenvolvimento tecnológico. Defendia que na cidade antiga, os cidadãos pobres lutavam contra os cidadãos ricos, pela redistribuição de terras, pela abolição das dívidas ou por uma participação maior no poder.

O autor Geoffrey de Ste. Croix redefinia os conceitos de Marx agrupando os os membros da sociedade em dois grupos: exploradores e explorados. De forma que escravos, camponeses endividados, mulheres, arrendatários foram inclusos no grupo dos explorados. A visão que se tinha era de que havia uma necessidade de derrotar os explorados e reforçar a relação de dependência dos que detinham o poder. O autor também defendia que as relações de exploração ocorriam como uma forma de obter mais poder, não tinha a visão econômica no ato de exploração, de forma que tornou-se um estado estagnado financeiramente.

Já no âmbito dos historiadores marxistas franceses e italianos, estes defendiam que era possível obter um desenvolvimento econômico em sociedades não capitalistas Em suma, eles sintetizavam que o Império havia adquirido muitas riquezas as quais eram convertidas em terras, escravos e tecnologia. Disso teria surgido uma parcela dominante na população, que racionava e planejava fazendas racionais e manufaturas e, assim, teriam avançado no mercado provincial. Os defensores dessa teoria não visavam o âmbito da luta de classes, mas sim do desenvolvimento econômico. O fator que fortalecia essa corrente era o fato de se valerem de documentos materiais, em contraponto, essa visão estava centrada na Itália em um período de três séculos, o fim desses mercados provinciais levaram ao declínio italiano.

Pode-se dizer que a historiografia marxista era em sua maioria teórica, no entanto, valia-se de concepções que estão presentes até hoje nos estudos de diversas áreas das Ciências Humanas, as teorias de Marx sobre as relações de exploração têm-se difundido sobretudo, após a homogeneização do capitalismo pelo mundo contemporâneo. O que firma a ideia de Guarinello de resgatar as teorias que interligam Antiguidade e Contemporaneidade. Apesar, de a historiografia marxista ter praticamente desaparecido, ainda sobreviveram as suas motivações: a importância de se explicar as bases teóricas de uma interpretação; a importância do conflito social; a valorização do trabalho humano; a enunciação de que a riqueza provém da apropriação e exploração do trabalho alheio e a consciência de que o brilho da cultura antiga se valia da exploração dos que não possuíam nada.

No contexto da Guerra Fria destaca-se a obra de Moses Finley, que apesar de não ser um historiador marxista tinha sua visão influenciada de debates marxistas. Seus textos eram interpretações em um cenário de debates científicos e políticos. Unificava Grécia e Roma, como um mundo greco-romano, que se mantinha unido pela existência da propriedade privada. A argumentação de Finley tem características de oposição aos modernistas e aos marxistas, pois ele defende que o mundo antigo não tinha semelhança com o capitalismo moderno, era um mundo agrícola e local; a elite explorava os trabalhadores do campo, consumindo os produtos de suas terras;

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