As Semelhanças E Diálogos E O Resumo Das Obras
Por: alinemes • 7/12/2025 • Trabalho acadêmico • 2.250 Palavras (9 Páginas) • 9 Visualizações
A DIFERENÇA DA OBRA DE CADA AUTOR- AS SEMELHANÇAS E DIALOGOS- E O RESUMO DAS OBRAS.
GINZBURG-O FIO E OS RASTROS
A obra do historiador Carlo Ginzburg de modo geral debate quatros pontos específicos que são: primeiro o autor busca refutar as indagações a respeito da cientificidade da história e de sua narrativa, segundo o autor faz o retorno ao passado para compreender como narrativa histórica se desenvolveu ao longo dos anos e o que os historiadores não perceberam sobre este assunto, no terceiro ponto o autor aponta propostas de renovações teóricas e metodológicas que servem de base para o fazer histórico e o oficio do historiador, e por fim o autor evidencia a posição que sua obra ocupa na historiografia atual e nesta contenda. Partindo destes princípios básicos, buscarei analisar a obra de Ginzburg e sua relação com os demais historiadores.
A principal questão da obra de Carlo Ginzburg, intitulada o Fio e os Rastros: O verdadeiro, o falso e o fictício, já se revela no próprio título, pois o fio é uma metáfora que representa o relato, no sentido da narrativa, este possibilita aos pesquisadores desemaranhar os nós do passado, o fio nos conduz a observar os indícios, as evidencias e os rastros que nos permitem investigar e construir a narrativa histórica. Observando, contudo que existe uma linha tênue entre o fictício e a “verdade”.
Neste ínterim, diria que a obra de Ginzburg (2005), possui pontos primordiais que contribuem para uma renovação histórica, teórica e metodológica que seriam: em um primeiro momento o autor inicia seu livro discutindo e refutando as críticas construídas pelos chamados céticos “pós-modernistas” que problematizam a cientificidade da história ou da narrativa histórica como sendo ficcional, muito próxima da literatura e da filosofia, sendo também considerada uma construção. Desta feita, Ginzburg busca refutar e debater essa questão com criticas contundentes as indagações levantadas, principalmente, por dois intelectuais deste contexto, que seriam Haydan White em sua obra “o fardo da história” de 1966 e o François Hartog em sua obra “o espelho de Heródoto” de 1980.Para o autor existe uma “contenda” sobre a metodologia e o ofício do historiador desde 1950, portanto em sua obra o autor se posiciona fazendo uma defesa a história e a narrativa histórica, ele acredita no caráter cientifico da história. Este também admite, que de certa forma a narrativa possui uma linha tênue entre a ficção e a verdade e que existem trocas recíprocas entre a literatura, a filosofia e narrativa histórica, pois o historiador não pode refazer o passado tal qual como ele ocorreu de fato, pois o que pode ser analisado são as “possibilidades do real”, o que existe é uma “verossimilhança”, por isso o nosso oficio é “destrinchar ou desemaranhar o verdadeiro, o falso e o fictício, pois essa é a nossa trama de estar no mundo”. (GINZBURG, 2005, P.14) é o que se pretende no oficio do historiador, desta forma Carlo Ginzburg entende que nos historiadores possuímos um método organizado de análise e cotejamento das fontes, buscamos nos debruçar sobre a documentação e ler a fonte contrapelo, analisando as intencionalidades, buscando perceber os “elementos incontroláveis” contidos na fonte, mesmo nas fontes escritas, partindo do principio de que nenhum documento é neutro, ele sempre contém a ideologia de quem o produziu. levando em consideração o contexto em que foi produzida a fonte, levando em consideração tanto o caráter textual quanto contextual da narrativa, a escrita deve ter uma estilista interessante, não deve ser fria e nem engessada.
Ressaltando também que a verdade deve ser o ponto de chegada e não o de partida, sendo assim, Ginzburg como um historiador que trabalha cultura, este analisa o imaginário, as representações, para este não existe uma verdade absoluta e sim múltiplas representações do passado, Ginzburg critica o conceito de “autenticidade”, de verdade, de fictício, visto que para este historiador nenhum documento é inútil, todos os documentos mesmo os não autênticos merecem uma analise cuidadosa, pois podem informar os propósitos de quem o produziu e o contexto que o levou a tal execução, análise do historiador deve levar em consideração o que esta escrito no documento , mas também o que não está.
A preocupação com a investigação histórica e narrativa são pontos chaves na obra de Ginzburg, para ele os historiadores passaram muito tempo preocupados em discutir os ritmos da historia, a temporalidade, principalmente a partir de Braudel e assim esqueceram de se preocupar com a narrativa, portanto para tal empreitada o historiador indica - foi um dos primeiros a sistematizar tal conceito- o que se convencionou chamar de paradigma indiciário, através da obra: “sinais: raízes de um paradigma indiciário” (1983) que defende uma investigação rastreando sinais imperceptíveis a historiadores mais tradicionais.
Deste modo, assim como Thompson e Hobsbawm, Ginzburg nesta obra em questão e em outras produções, privilegia a discussão de uma perspectiva não-oficial, não ortodoxa, analisando identidades, sujeitos e movimentos culturais populares vistos de baixo, como os benandanti, as crenças e tradições populares como xamanismo, em uma perspectiva esquecida pela história, outro exemplo, pode ser visto na sua obra “o queijo e os vermes”, onde se analisa a experiência, a agência de um simples moleiro, o seu enfretamento diante de uma estrutura oficial de poder, observando os discursos de uma cultura dita popular em detrimento de uma cultura dita erudita, a história é contada a partir da visão de mundo de Menocchio e não da grande estrutura que é a Igreja. Assim como Ginzburg em algumas de suas obras (resguardadas as proporções), também Hobsbawm em sua autobiografia, este parte de uma experiência individual sem deixar de levar em consideração a análise do todo. Levando em consideração a cultura para além de explicações econômicas e deterministas sobre a história.
Partindo deste prisma, outro ponto evidente na discussão trazida por Ginzburg é o diálogo que este traça analisando a obra de outros autores no sentido de recuar no passado e observar como a narrativa histórica foi se constituindo desde tempos mais remotos como Heródoto, visto que na antiguidade a veracidade da narrativa estava relacionada a riqueza de detalhes no testemunho e a “vivídez”, passando por Robortello que não se conformava mais apenas com o relato, desta forma, verificando como a narrativa histórica foi ganhando outros contornos ao longo do tempo e como ela se constitui hoje, apontando que mais alguns elementos teóricos e metodológicos devem ser priorizados na fazer histórico.
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