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CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Por:   •  8/10/2020  •  Resenha  •  1.114 Palavras (5 Páginas)  •  178 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA 

CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS 

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Resenha Crítica: ASSIS, Arthur. Por que se escrevia a história? Sobre a justificação da historiografia no mundo ocidental pré-moderno. In: SALOMON, Marlon (org.). História, verdade e tempo. Chapecó: Argos, 2011.

Thayná Assis da Costa Esteves da Silva

        Arthur Assis é historiador e professor adjunto de teoria e metodologia da história na Universidade de Brasília. Suas principais áreas de estudo são teoria da história e história do pensamento histórico, tendo em seu currículo o título de Doutor pela Universidade de Witten/Herdecke na Alemanha, Mestre em História pela Universidade de Brasília e Licenciado em História pela Universidade Federal de Goiás.

        Por sua experiência na academia germânica, parte de sua obra trata da ascensão da história alemã ao longo dos séculos. Atualmente o autor trabalha com pesquisas relacionadas aos problemas teóricos e práticos relacionados com as atividades de pesquisar, escrever, ensinar e aprender história e diferenças no pensamento histórico e prática historiográfica em diferentes espaços culturais[1].

Em Por que se escrevia a história?, através de uma explicação historiográfica diacrônica, Assis traça um panorama discorrendo sobre os objetivos buscados com o estudo da História no período pré-moderno. O texto é parte da obra História, verdade e tempo, que apresenta diferentes perspectivas de autores de diferentes áreas acadêmicas, contextos geográficos e condições sociais acerca da relação entre história, verdade, tempos históricos e suas abordagens e narrativas históricas.

A obra data de 2011, período anterior ao início da dita “Era da Desinformação” que vivemos, e ainda que aborde o período pré-moderno, é interessante a relação entre as os usos e desusos da história como ferramenta política explanados no texto com a divulgação e propaganda errônea de histórias unilaterais impulsionadas num sentido similar, ainda que em outro contexto.

Assis discute o paradigma dominante no conhecimento histórico e na reformulação do valor pragmático para a historiografia, partindo do princípio do estudo da História e sua ligação direta com a experiência humana do tempo, tema recorrente na obra do autor.

No primeiro momento, Assis apresenta as perspectivas pré-modernas do uso da história através da teoria exemplar da história, onde seu principal desígnio era, através dos exemplos históricos, promover virtudes e condenar vícios, através de relatos carregados de efeitos morais. Os grandes eventos relatados, fossem afortunados ou não, tinham como tarefa fundamental moldar princípios e desencorajar malevolências. O objetivo principal das histórias, que diferia completamente da noção moderna que conhecemos hoje, era servir de repositório de exemplos de ação prática, influenciando os leitores, não pelo prazer estético ou conhecimento, mas aos atos morais e cívicos mais ou menos condenáveis.

Este uso moral das histórias serviu de apoio a grandes líderes, especialmente na Roma, portanto pode-se dizer que, para além da construção de modelos exemplares de moral, as histórias serviam ao caráter político, enaltecendo feitos e sociedades, a fim de motivar e encorajar aos que batalhavam por suas nações. É importante pontuar que, como defende Assis, as histórias ao longo da Antiguidade clássica serviam a outros propósitos, assim como não somente elas tinham funções exemplares, mas também a filosofia. Ainda assim, a experiência exemplar era colocada acima da especulação filosófica, existindo assim uma antagonia entre História e Filosofia.

No período medieval, a ênfase moral tornou a assumir a tarefa principal da história, com o pensamento cristão apoiando-se em exemplos do poder divino, entre a retórica e a teologia. Humanistas rechaçaram a concepção cristã e buscaram retomar a concepção exemplar, apoiando-se principalmente nos efeitos morais e propagando a grandeza de suas nações. Ainda assim, autores como Maquiavel e Guicciardini apropriaram-se da teoria exemplar com o cunho político, mas sem o cunho retórico, aproximando a História à Teoria do Estado.

O apoio nos autores clássicos como embasamento histórico inquestionável durou até a Alta Idade Moderna.  A partir do fim do século XVII, começam a surgir questionamentos e críticas aos clássicos, especialmente no que tange a veracidade dos fatos relatados. A problemática em voga aborda maneiras de averiguar quais fontes são ou não fiáveis. Ainda assim, a teoria exemplar continuaria mantendo sua reputação até o século VXIII, com a modernização do pensamento histórico. Segundo assim, a teoria exemplar não havia sido seriamente questionada até este período.

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