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Diversidade Cultural

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Por:   •  8/11/2013  •  1.680 Palavras (7 Páginas)  •  1.001 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Apesar de sermos, em virtude de nossa formação histórico-social, uma nação multirracial e pluriétnica, de notável diversidade cultural, a escola brasileira ainda não aprendeu a conviver com essa realidade e, por conseguinte, o professor ainda não sabe lidar com as diferenças, não consegue muitas vezes repensar sua prática e redirecioná-la para uma escola plural e democrática e uma educação multicultural.

Há variedade de abordagens temáticas que propiciam o conhecimento da História, memória e o valor daqueles que durante muito tempo foram tratados como minorias e excluídos de seus direitos sociais, dentre eles podemos destacar os negros, índios, mulheres, portadores de necessidades especiais, homossexuais, etc. A reflexão sobre as diferentes presenças na escola e na sociedade brasileira, bem como, a capacidade de compreender e de se posicionar diante das mudanças políticas, econômicas e socioculturais deve fazer parte da formação e da prática de todos os educadores. (GOMES:1999)

Ainda é preciso reivindicar e lutar para que a sociedade respeite todas as pessoas de forma plena, por que falar que a constituição do povo brasileiro é marcada pela miscigenação, pela pluralidade e pela diversidade cultural não nos isenta de um injusto processo histórico de exclusão social que ainda sobrevive no presente.

Discutir a diversidade cultural marcante em nosso país, que não é conhecida e reconhecida pela maioria dos brasileiros, é também refletirmos sobre a escola que temos, que tem como orientação a educação europeia. Segundo Paulo Freire, é necessária a reflexão dos profissionais da Educação quanto ao seu papel de formadores de cidadãos, “Pois o que a educação pode oferecer de melhor ao aluno é o saber pensar politicamente.” (FREIRE:1968)

Nesta perspectiva, a discussão a respeito da Diversidade Cultural deve abranger o âmbito político, pois diz respeito às relações de poder e dominação, que foram construídas ao longo da História. A escola é o espaço propício para esse diálogo entre o eu e o outro, é nela deve ocorrer a Educação para as diferenças.

EDUCAR PARA A DIVERSIDADE: REPENSANDO, REFLETINDO E REVIVENDO A DIVERSIDADE CULTURAL NA ESCOLA

A escola é um espaço sociocultural em que as diferentes presenças se encontram, mas nem sempre são tratadas de maneira adequada, há um hábito na escola de estabelecer perfis idealizados de discentes e docentes, e esses padrões comportamentais, cognitivos, culturais e sociais acaba contribuindo com a discriminação e a exclusão em detrimento da educação escolar democrática e de qualidade.

Segundo Gomes, em seu texto “Educação e Diversidade Cultural: refletindo sobre as diferentes presenças na escola”, a existência de semelhanças, de valores universais e de pontos comuns que aproximam os diferentes grupos humanos não pode conduzir a uma interpretação da experiência humana como algo invariável. “O acontecer humano se faz múltiplo, mutável, imprevisível, fragmentado. Essa é uma discussão sobre a diversidade cultural que precisa estar presente na escola.” (1999)

A função da escola é a produção de conhecimentos sistematizados e historicamente acumulados, o desenvolvimento de competências e habilidades, e o preparo para vida e para o mercado de trabalho. Todavia, a função social e política da escola precisam ir mais além da racionalidade científica, é preciso assumir a Diversidade Cultural, conhecer, reconhecer e valorizar as diferenças, ao invés de estabelecer modelos, padrões e perfis desejáveis, que rotulam o diferente como um desvio. A escola é o lugar do diálogo, da educação, da democracia e das convivências.

Apesar de ser o local privilegiado da apropriação do conhecimento, a escola pode articular-se com as novas tecnologias, internet, buscar parcerias com projetos culturais locais ou ONGs que resgatem tradições culturais nos campos das artes plásticas, literatura, comunicação, teatro e música, que não seja mais um evento cultural (como fazem na Semana da Consciência Negra), mas relacionado com cidadania, sustentabilidade e patrimônio cultural.

O professor, sujeito indispensável nesse processo, devem repensar sua prática docente e compreender seu papel de formador e multiplicador de ideias, por isso, deve educar para a diversidade e o respeito às diferenças. Evitar estereótipos, posturas e padrões que oprimem e desmerecem os alunos, adequar o currículo à realidade vivenciada, valorizar,a Diversidade Cultural, desenvolver atividades que priorizem as manifestações culturais e propiciem o diálogo democrático.

A Cultura Popular e a Erudita pode ser trabalhada na sala de aula através de dança, música, estudo e produção textual, análise de imagens, vídeos, etc. O professor pode extrapolar os muros da escola e realizar uma aula de campo, organizar uma viagem com roteiro e objetivos bem definidos, desenvolver projetos interdisciplinares, criar uma gincana.

Cabe ao professor por em prática planos de aula que tenham como temática africanidades e afro descendências, povos indígenas, religiosidades, gênero, grupos e movimentos sociais, diversas manifestações culturais, a História e as tradições da cidade e da Região. Segundo Gomes, “Somos sujeitos sociais, históricos, culturais e por isso mesmo diferentes”, ensinar nossa história é contribuir para se desfazer os preconceitos e estereótipos, bem como, resgatar a autoestima de crianças e jovens marginalizados por uma sociedade desigual, mas que ignora as diferenças.

Quanto ao Estado e à sociedade, muito ainda tem que se fazer, mas algo de concreto que podemos pontuar são: as leis que proíbem a discriminação racial,e os preconceitos; o investimento em propagandas que afirmam a diversidade e o respeito às diferenças; políticas afirmativas na causa dos negros e afrodescendentes, como o sistema de quotas; a criação de Diretrizes Curriculares que incentivam a Educação para a Diversidade; a Lei que obriga o ensino da História e Cultura da África, Afro-brasileira e dos Povos Indígenas ( depois da Lei 11.645/08, é uma questão curricular de caráter obrigatório na Educação Básica); e a proibição do Bullyng. Muita coisa funciona mais no papel do que na prática.

Contudo, conforme COUTO e FONSECA, mudanças efetivas nessa temática pressupões um projeto de transformação social, que desmantele o modelo hegemônico vigente, que concebe a diversidade apenas como mistura de culturas. É necessário mudar as relações sociais, políticas, culturais e institucionais onde os significados são gerados. ( 2006)

Considerações Finais

A Diversidade Cultural e as diferenças não devem ser temáticas para abordar numa data comemorativa, ou o tema transversal daquela unidade, ou o que será mencionado em determinado conteúdo da disciplina. Deve ser teoria e prática diária, de todas as áreas do conhecimento, vivência política e consciência cidadã, é para ser ensinado, aprendido e exercido por toda a Comunidade Escolar..

A consciência da diversidade e das diferenças traz impasses políticos, morais, e ideológicos, exige a implementação de políticas públicas que altere as relações de poder, questionamentos, mudanças, tolerância, respeito, posicionamento crítico e ações para a justiça social.

Esse é um processo lento e coletivo, o Estado precisa investir na diversidade cultural, racial e social brasileira. As escolas precisam de forma efetiva repensar seus currículos, incluindo diariamente, nos conteúdos e atividades as contribuições histórico-culturais de todos os grupos formadores dessa sociedade plural, sem hierarquizar valores e contribuições. Os professores da educação básica precisam de formação para adaptar esses conteúdos aos seus planos de aula e à sua prática docente.

Enfim, unir a escola à cultura de seu território, a escolha de uma grade curricular que valorize a pluralidade e a diversidade cultural local e o intercâmbio da escola com produções e produtores de cultura na sociedade são alguns caminhos para casar educação e cultura. Os desafios são muitos, certamente a Educação para a Diversidade ainda terá um longo caminho a trilhar.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Educação e Diversidade Cultural: Refletindo sobre as diferentes presenças na escola. Por Nilma Lino Gomes. Disponível em: http://www.mulheresnegras.org/nilma. Acesso em 30 abr. 2013

Formação de professores/as e ensino de História: A perspectiva multicultural em debate. Por Regina Célia do Couto e Selva Guimarães Fonseca. Disponivel em: http://www.cead.unb.br/bahia. Acesso em 30 abr. 2013.

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