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ESTUDO DIRIGIDO: TEXTO: Teoria historiográfica e prática pedagógica: as correntes de pensamento que influenciaram o ensino de história no Brasil. (Crislane Barbosa Azevedo e Maria Inês Sucupira Stamatto)

Por:   •  8/8/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.182 Palavras (9 Páginas)  •  426 Visualizações

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ESTUDO DIRIGIDO:

TEXTO: Teoria historiográfica e prática pedagógica: as correntes de pensamento que influenciaram o ensino de história no Brasil. (Crislane Barbosa Azevedo e Maria Inês Sucupira Stamatto)

Questões:

  1. Faça uma síntese das características do ensino de História considerando as influências historiográficas.

O ensino de História é permeado por influências historiográficas, visto ser a historiografia o estudo da escrita da história. Pensando desta forma, a análise aqui a ser feita, levará em consideração a atuação no ensino da corrente positivista, da marxista e da Escola dos Annales.

O positivismo é uma corrente historiográfica que surgiu no século XIX, em um momento de apogeu da ciência e de teorias as mais diversas, buscando a neutralidade e a verdade dos fatos, para que a História pudesse ser considerada ciência. Na educação brasileira, sua influência “ganhou espaço na República” e em sua abordagem “concebe-se o conhecimento em uma perspectiva total, organizando todo o passado da humanidade num contínuo e harmonioso tempo linear” [1].

Assim, a história nesta perspectiva é um encadeamento de fatos, no qual o pesquisador deve ser neutro e apenas extrair o que eles tem, algo que já foi demonstrado ser impossível por Certeau, quando trata da operação historiográfica, mas que foi buscado incessantemente pelos apoiadores desta corrente, na qual, “o ensino é marcado pela narrativa construída sobre exemplos a serem apreendidos, admirados e seguidos através do estudo das ações realizadas pelos heróis considerados construtores da nação, os governantes principalmente”[2].

        Desta forma, o enfoque está nas comemorações e na mitificação de “heróis”, os quais são representados por políticos e membros da elite, visto que os negros e índios são relegados, quando incluídos, ao papel de coadjuvantes. “A história científica, portanto, seria produzida por um sujeito neutro que evitaria hipóteses, não julgaria e não problematizaria o real”[3], ou seja, não deveria haver questionamentos quanto ao documento oficial que trazia a “verdadeira história”.

Desta maneira, o professor, nesse período inicial da República e do apogeu do positivismo, era apenas um transmissor de conteúdos, sua formação o preparava nesse sentido e o currículo positivista “não viabiliza a compreensão da realidade sociocultural da comunidade escolar posto que não há espaço para as relações entre presente e passado e os conteúdos históricos não têm meios para contextualização”[4].

Assim, a corrente positivista contribuiu para um ensino onde se valoriza os grandes acontecimentos e os heróis, onde o tempo é linear, sendo perceptível ainda nos dias atuais nas escolas, como também em livros didáticos, não da forma como já foi um dia, mas existe e ainda é uma influência forte na educação brasileira.

Mas, não só o positivismo, a educação brasileira inseriu outras correntes que fluíram de acordo com o que se pesquisava nas academias, nas pós-graduações e é por volta de 1960, que insere-se o marxismo na educação, com “uma proposta de ensino voltada para a formação do cidadão político e crítico”, a qual foi “freada” pelo início da Ditadura Militar[5]. Porém, resistiu e ainda hoje está presente nas escolas e nos livros didáticos de História de forma sutil, mas presente.

A função da história, de acordo com a abordagem marxista é a compreensão científica da sociedade para depois transformá-la (visão teleológica de futuro), vê a história como finita; o povo tem um papel (classe trabalhadora) a cumprir na história, cabendo-lhe acelerar a caminhada rumo ao fim inevitável, o Estado socialista e, em seguida, a sociedade sem classes.[6]

        Dessa forma, o ensino de História em currículo marxista, é muito voltado para a “revolução” e transformação da sociedade, conscientização de classe e etc. Sua perspectiva, diferente do positivismo, não é mais de linearidade absoluta e no ensino-aprendizagem, espera-se que “os envolvidos obtenham meios e instrumentos necessários para a análise e compreensão da realidade social como uma totalidade histórica complexa”[7].

O aluno nessa perspectiva deve perceber-se como um ser que modifica o processo da história, “o ensino caracteriza-se pelo respeito às diversas formas de manifestações social, entendidas como portadoras de significados, códigos, princípios, identidade”[8].

Assim, a perspectiva marxista, diferencia-se da positivista, por demonstrar que os homens quando transformam o mundo, transformam a si mesmos, por formar um aluno que entenda de política e seja crítico, que se conscientize a respeito do seu lugar social e lute pelos seus direitos, fazendo o professor também se engajar nesse sentido.

Porém, essa perspectiva foi duramente criticada, visto que trazia uma visão muito política e econômica de tudo e a luta do “mundo” era a luta de classes, onde pode se ver ainda nos livros didáticos, a questão dos “vencedores x vencidos”, “burguesia x proletariado”, ou seja, a dicotomia muito forte e os grandes temas, as estruturas da sociedade.

Dessa maneira, por volta dos anos 1980/90, “em meio à luta pela redemocratização do Estado brasileiro, há muito sob regimes militares de governo, os profissionais da educação passam a se organizar de forma mais efetiva e com o objetivo de elaborar novas propostas para a educação do país”[9].

Essas propostas, correspondem a modificar o currículo e adequá-lo as diversas mudanças que vem ocorrendo desde o início do século XX, principalmente correspondentes as flexibilizações. No campo da história, por exemplo, o aumento das fontes e objetos, proporcionados pela Escola dos Annales, que surge na França e “transforma” a historiografia mundial e consequentemente a forma de escrever a história e a influência disso no ensino.

No Brasil, essa influência historiográfica no ensino começa a ser percebida a partir dos anos 1970 e vem a partir da 3° etapa, ou seja a “Nova História”, onde “a história antes centrada nos feitos dos heróis e dos administradores públicos passa a partir de então a ceder lugar para uma história ensinada preocupada com a compreensão da realidade social e histórica”, tendo, por contribuições para o ensino a “perspectiva da história global, noções de múltiplas temporalidades e a história a partir de questões-problema”[10].

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