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Eugêne Emmanuel Viollet-le-Duc e seu verbete

Por:   •  24/5/2015  •  Resenha  •  1.036 Palavras (5 Páginas)  •  500 Visualizações

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Criado em um meio que cultivava cultura e artes, Eugêne Emmanuel Viollet-le-Duc (1814-1879) se tornou figura de enorme influência no campo da restauração em sua época por ter sido um dos primeiros a tentar implementar conceitos práticos á restauração. Em 1830, iniciando seu caminho como arquiteto em meio ao contexto histórico que buscava novos caminhos para a produção arquitetônica e em que a restauração estava se estabelecendo como ciência, triunfou em debates sobre as artes em geral e sobre a arquitetura com grandes controvérsias.

Ao termino dos seus estudos, Viollet-le-Duc engajou em muitas viagens a fim de conhecer a fundo a França, e estendeu seus destinos à outros países posteriormente, aprofundando-se na arquitetura clássica em geral e arquitetura grega em particular.

No ano de 1853, Viollet-le-Duc possuía autoridade de avaliação dos projetos de restauração dos edifícios diocesanos ao ter o cargo de inspetor geral da Comissão das Artes, passando então a exercer influência decisiva sobre o futuro de muitas igrejas da França e assim aplicou suas concepções sobre a restauração. Em 1849 Viollet-le-Duc e Mérimée publicaram uma instrução técnica sobre restauração dos edifícios diocesanos que se tornou um ícone na formação dos profissionais que trabalhavam na área da restauração.

Os conceitos de Viollet-le-Duc tiveram grande repercurssão tanto na França quanto no exterior principalmente com a publicação de dois dos seus escritos: Entretiens sur l’Architecture publicado entre 1863e1868, e o Dictionnaire Raisonné de l’Architecture Française du XI au XVI publicado em dez volumes entre 1854e 1868. Nestes escritos foram apresentadas analises sobre formas de construir com reflexões sobre a racionalidade, propostas de novos caminhos para a arquitetura, adequação de materiais e estruturas, entre outros. Nascendo então um escrito fundamental na difusão dos princípios racionais de construção na arquitetura.

No Dictionnaire são apresentados seus conhecimentos sobre a arquitetura medieval, incluindo imagens como apoio de suas teses, concebendo o sistema ideal entre forma, estrutura e função. Coloca também formulações de suas experiências praticadas em suas obras de restauro, o que evidencia sua concepção do objeto idealizado por, muitas vezes, se tratar de intervenções incisivas que faziam reconstituições que até corrigiam o projeto onde houvesse defeitos.

O exercício das reconstituições na época por muitos estudiosos como por exemplo John Ruskin, possuía tradições com relação ao estudo e cuidados na execução do processo em uma edificação, de forma que defendia a configuração original incluindo suas transformações no decorrer do tempo. Já Viollet-le-Duc reformulava o ideal do projeto e o impunha na edificação, deixando-o como “deveria ter sido”. Dessa forma, muitas vezes Viollet-le-Duc alterou partes originais que considerava defeituosas sem nenhuma cautela.

Assim sendo, Viollet-le-Duc causou grande polemica e antipatia às suas obras de restauração, passando despercebida a grandeza de suas formulações teóricas com relação aos aspectos inovadores. Sua forma abusiva de intervenções fez com que suas ideias fossem renegadas, porém depois de muito tempo seus escritos foram reavaliados e foi percebida sua contribuição para o inicio da metodologia do restauro contemporâneo.

No verbete, Le-Duc descreve exemplos de algumas situações que poderiam se apresentar diante do restaurador e procedimentos passíveis de serem aplicados a elas, enfatizando que ao intervir, estando o restaurador diante de duas opções distintas de intervenção, “a adoção absoluta de um dos dois partidos pode oferecer perigos, e que é necessário, ao contrário, não se admitindo nenhum dos dois princípios de uma maneira absoluta, agir em razão das circunstâncias particulares” (p. 48/49). Ele afirmava categoricamente o perigo tanto de se reproduzir exatamente o original como de substituí-lo por formas posteriores, e deixa claro que nada deve ser encarado como um dogma, mas como algo relativo e específico de cada obra. Na prática, percebe-se que Le-Duc ao utilizar-se da constituição do “tipo” e do “modelo ideal” não conseguia atuar com imparcialidade e sem dogmatismo, pois intervinha com base em um modelo que ele considerava perfeito e adequado, e propunha soluções que não respeitavam o edifício, suas marcas, sua história e suas peculiaridades, mas que satisfaziam apenas a pureza de estilo que ele próprio determinava.

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