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Resenha: Viollet-le-Duc e o restauro de Notre-Dame

Por:   •  9/7/2018  •  Resenha  •  964 Palavras (4 Páginas)  •  1.130 Visualizações

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Resenha: Viollet-le-Duc e o restauro de Notre-Dame

O livro apresenta uma reflexão sobre a obra de Viollet-le-Duc e o relatório relativo à obra de restauro da Catedral de Notre Dame de Paris, que elaborou juntamente com Jean-Baptiste Antoine Lassus.

Os autores, em sua abordagem inicial no livro, demonstram que a visão que se tem atualmente sobre Viollet-le-Duc é bastante diferente daquela que prevaleceu por anos, ainda que alguns, conhecendo a sua obra de maneira muito superficial, continuem a cometer equívocos na interpretação de sua atividade profissional, a exemplo dos rótulos atribuídos a alguns dos principais teóricos da restauração, que nem sempre são muito esclarecedores sobre a posição de seus adeptos.

Ainda que seja classificado como adepto do “restauro estilístico”, enquanto Camillo Boito como do “restauro filológico” e o Gustavo Giovanonni como do “restauro científico”, Mário Mendonça e Cybèle Santiago apontam em sua abordagem que Viollet além das “estilísticas” tem facetas científicas muito fortes. Segundo destacam os autores, ele acreditava na ciência, na racionalidade e no emprego de métodos científicos, documentava os edifícios sistematicamente antes da intervenção e detalhava todos os procedimentos empregados na obra, através de relatórios e desenhos, além de preconizar a técnica nascente da fotografia como auxiliar poderoso da restauração, bem como o emprego de materiais modernos eficientes para evitar que os testemunhos da memória desaparecesse.

Mendonça e Santiago fazem ainda uma breve abordagem sobre a Catedral de Notre Dame, que em função da tipologia de sua construção e do período em que foi edificada, pode ser considerada uma arquitetura de transição do romântico para o gótico e que as vicissitudes do tempo e o vandalismo desencadeado pela Revolução Francesa haviam deixado o seu estado de conservação deplorável. Além disso, destacam que a entrada de Lassus e Viollet-le-Duc como responsáveis pela restauração da Catedral de Paris não aconteceu de forma pacífica, mas foi fruto de um concurso onde concorreram com Godde, o então arquiteto encarregado pela sua restauração, em virtude de algumas manifestações de imperícia cometidas em outros monumentos, anteriormente.

Na sequência, temos a tradução feita pelos autores do relatório de le-Duc e Lassus para a obra de restauração de Notre-Dame de Paris, cuja primeira parte trata das considerações gerais sobre o sistema de restauração. Aqui, Viollet e Lassus chamam atenção para a conduta profissional do arquiteto restaurador, que deve atuar sobre o monumento com prudência e cautela, pois uma restauração sem essa postura pode ser mais danosa ao monumento do que a ação do tempo e pela mão dos homens. Recomendam ainda, que sejam respeitas as adições sofridas no monumento, por se tratarem de testemunhos de sua passagem pela história, sendo restauradas cada uma no estilo que lhe é próprio, e que o artista deve abdicar de seus gostos pessoais ao intervir sobre a obra. Quanto aos materiais empregados na restauração, ainda que seja adepto do emprego de materiais modernos, Viollet destaca casos de incompatibilidade de caráter visual e durabilidade do material, como no emprego do ferro fundido, por exemplo, que não pode reproduzir o aspecto da pedra, e assim ao mudar a matéria torna-se impossível conservar a forma. Para poder tomar qualquer decisão sobre a intervenção, Lassus e Viollet ressaltam a importância de analisar cuidadosamente todos os documentos que existam sobre a construção, inclusive escavações arqueológicas, a fim de recolher as técnicas tradicionais empregadas na construção e as alterações que ela sofreu.

A segunda parte do relatório trás uma descrição histórica da Catedral de Paris desde a época de sua construção até o período da intervenção de Viollet-le-Duc e Lassus, fruto do estudo sério e minucioso do monumento, através de textos, informações gráficas e exame arqueológico das formas que a caracterizam, chegando assim, ao conhecimento das diferentes fases da sua construção. A construção da parte mais antiga da igreja cabe a Maurice de Sully, na segunda metade do século XII, que empregou toda sua fortuna na construção do coro e de uma parte da nave. Suas análises os permitem constatar que em cerca da metade do século XIII, após a construção da fachada ocidental, graves modificações introduzidas na basílica, como a substituição do telhado simples por terraço com calha dupla, e que essa era a causa da umidade constante nas abóbadas, e que as grandes janelas ogivais que substituíram as anteriores eram causa de ruína do edifício. Através de suas investigações, Le-Duc e Lassus apontam que foram gastos três séculos para concluir a obra iniciada por Maurice de Sully, e o que acontece a partir do século XIII para a igreja de Notre-Dame é apenas uma sucessão de mutilações sob o pretexto de embelezamento e o texto segue detalhando todas as alterações e degradações que sofreu o monumento nas intervenções ocorridas desde então.

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