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Fichamento: Velhos e novos desafios da história indígena no Brasil

Por:   •  23/2/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.391 Palavras (6 Páginas)  •  372 Visualizações

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UFRB – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

CAHL - Centro de Artes, Humanidades e Letras

Discente – Jackson Oliveira Santos

Disciplina – Os índios na história do Brasil

Semestre – 2017.2

Outubro de 2017

- CANCELA, Francisco. Velhos e novos desafios da história indígena no Brasil. In:______. Os índios na história do Brasil. Organizado por Fabrício Lyrio Santos. Cruz das Almas: EDUFRB; Belo Horizonte: Fino Traço, 2016. pp. 13-22.: (Coleção UNIAFRO; 10)

  1. Velhos e novos desafios da história indígena no Brasil
  1. “A aldeia Pataxó de Coroa Vermelha, no município de Santa Cruz Cabrália, localizado no extremo sul da Bahia, é uma das mais importantes comunidades indígenas do nordeste, pois possui uma das maiores concentrações demográficas da região, sendo a mais populosa povoação indígena do estado da Bahia. Esta aldeia também é bastante conhecida por possuir um singular capital simbólico, uma vez que está assentada no sítio em que teria aportado a esquadra de Pedro Álvares Cabral em 1500, dando início à conquista e colonização do território que hoje conhecemos como Brasil. Por fim, deve-se registrar que Coroa Vermelha se transformou em ponto de referência na difusão de um novo modelo de sobrevivência econômica dos índios Pataxós, pautado na produção e na comercialização do artesanato.” CANCELA, (2016, p. 13)
  2. “A maliciosa pergunta sobre os “índios de verdade” revela não apenas a existência de um tipo idealizado de ser indígena, como também demonstra a ausência de compreensão histórica dos processos de transformações culturais vividos por esses grupos ao longo dos séculos de violento contato com o mundo ocidental. De norte a sul do país, o desconhecimento da história e a reprodução de uma concepção de cultura fixa, estável e imutável contribui para a permanência de ideias e práticas pessimistas, negativas e violentas contra as populações indígenas.” CANCELA, (2016, p. 14)
  3. “Não é possível compreender a questão indígena no Brasil sem antes problematizar a permanência desse tipo de visão que a sociedade envolvente reproduz sobre os índios. Nas últimas décadas, em suas lutas políticas, os povos indígenas têm reivindicado não apenas a retomada de seus territórios, mas também o direito à diferença e à memória. Mais do que um exercício meramente acadêmico, o questionamento às “verdades” preconceituosas e equivocadas constitui um posicionamento político necessário para a construção de novas ideias e práticas que permitam redimensionar o lugar das relações étnico-raciais no Brasil contemporâneo, construindo caminhos alternativos para a superação do preconceito, para a valorização da diversidade cultural e para a autodeterminação dos povos.” CANCELA, (2016, p. 14-15)
  1. Uma história de exclusão
  1. “Tradicionalmente, desde a fundação da historiografia nacional, no século XIX, os índios ocuparam um lugar secundário na história do Brasil. Sem despertar muito interesse para os historiadores, suas ações sempre foram identificadas e analisadas à luz da atuação pioneira e heróica do europeu, responsável direto pela implantação de um projeto supostamente civilizatório nas terras conquistadas e colonizadas ao sul do Novo Mundo. De um modo geral, a escrita da história no Brasil negou o papel dos índios como sujeitos históricos, retratando-os, quando muito, como vítimas passivas ou indóceis da ambição e violência dos europeus.” CANCELA, (2016, p. 15)
  2. “Os índios que se inseriam na sociedade colonial e, posteriormente, nacional, iam progressivamente sofrendo um processo de aculturação. À medida que se aliavam ou se rebelavam diante da sociedade envolvente, perdiam seus traços culturais distintivos, fosse por meio da mistura com a massa da população local, fosse através dos processos de escravização e extermínio.” CANCELA, (2016, p. 15)
  3. “A herança desta perspectiva assimilacionista se manifestou principalmente no pensamento antropológico da segunda metade do século XIX, mantendo-se influente até a primeira metade do século XX.” CANCELA, (2016, p. 15)
  4. “Fixa, estável e imutável, a cultura era vista pelos estudiosos como uma estrutura isolada e não como um fenômeno historicamente produzido.” CANCELA, (2016, p. 16)
  1. Novos rumos, novas histórias
  1. “A partir dos anos 1980, os povos indígenas no Brasil vivenciaram um vigoroso processo de retomada demográfica. Após cinco séculos de constantes declínios e de verdadeiras catástrofes demográficas causadas pela violência do contato, tanto através das epidemias, quanto por meio das guerras e escravizações, as populações indígenas experimentaram um verdadeiro processo de explosão populacional.” CANCELA, (2016, p. 17)
  2.  “Essa explosão demográfica pode ser explicada por alguns fatores cruciais. Um deles é o crescimento vegetativo das próprias comunidades indígenas, que tem apresentado altas taxas de fecundidade, decorrente de algumas políticas públicas de apoio à maternidade indígena, bem como de políticas elaboradas pelos próprios povos indígenas, como, por exemplo, a proibição determinada por alguns grupos étnicos de seus membros realizarem casamentos interétnicos dentro dos territórios tradicionais. Outro fator é o processo de reivindicação da identidade indígena ocultada, uma vez que um número significativo de grupos étnicos ocupantes de áreas antigas de colonização encobertava sua indianidade como forma de se proteger de retaliações políticas e sociais. Mas, com a garantia de direitos constitucionais no fim da década de 1980, esses grupos passaram a reivindicar sua identidade indígena, bem como o direito ao território tradicionalmente ocupado. Por fim, há também outra face desse fenômeno que é o processo de valorização étnica, no qual muitos indivíduos passam a reconhecer sua condição de “índios-descendentes”, fazendo crescer, por exemplo, os números de citadinos que se autodeclaram índios nos últimos censos do Brasil, a ponto de existir indígenas em mais de 80% dos municípios Brasileiros.” CANCELA, (2016, p. 17)
  3. “Foi também a partir do fim da década de 1970 que os índios passaram a ocupar espaço no cenário político nacional. Desfazendo o discurso de passividade e pessimismo, os índios iniciaram a organização de um movimento político envolvendo todos os povos até então reconhecidos, encampando lutas em defesa de seus direitos. Deste movimento, inúmeras organizações indígenas e indigenistas surgiram no país, permitindo a formação de um novo indigenismo que destacava o protagonismo dos próprios índios, combatia as políticas assimilacionistas e exigia a demarcação dos territórios tradicionais de cada povo.” CANCELA, (2016, p. 17-18)
  4. “Essa nova história escrita pelos índios a partir do final da década de 1970 combateu a velha história escrita no Brasil que insistia em negá-los e coisificá-los.” CANCELA, (2016, p. 18)
  1. A emergência da nova história indígena: velhos e novos desafios
  1. “Aos poucos inclusive historiadores estão adquirindo maior participação e autoridade num campo antes dominado apenas por antropólogos.” CANCELA, (2016, p. 19)
  2. “Algumas pesquisas tem destacado o papel dos índios na produção da riqueza, atuando como mão de obra nos engenhos, nas minas e nas vilas, tanto na condição de forro, quanto na condição de escravos.” CANCELA, (2016, p.  19-20)
  3. “A família indígena, as estratégias de sociabilidade e as resistências culturais ganharam espaço a partir da exploração das fontes eclesiásticas, demonstrando um mundo de fronteira cultural embebido de tensões, conflitos e reinvenções.” CANCELA, (2016, p. 20)
  4. “Para desvendar as diversas experiências vividas pelos índios, pesquisadores colocaram a história em constante diálogo não apenas com a antropologia, mas também com a sociologia, a lingüística, a arqueologia entre outros campos do saber. Desta interação têm surgido novos recursos metodológicos e teóricos.” CANCELA, (2016, p. 20)
  5. “Deve-se destacar também que a nova história indígena acumulou excelente experiência no trato com as fontes históricas. Se antes os historiadores metódicos (ditos positivistas) excluíam os índios da história pelo fato de serem povos ágrafos, os historiadores atuais demonstraram habilidade, inovação e competência na exploração dos vestígios da presença indígena na história do Brasil.” CANCELA, (2016, p. 20)
  6. “A implantação desta nova legislação, da lei 11.645/08, poderá melhorar o entendimento das relações étnico-raciais do Brasil atual, bem como estimular o respeito e a afirmação da diversidade e da diferença cultural do nosso país.” CANCELA, (2016, p. 21)
  7. “No congresso nacional, a bancada ruralista tenta redefinir os dispositivos para a demarcação das terras dos índios (PEC 215), alem de defender, juntamente com outros setores retrógrados, a livre exploração das riquezas naturais existentes nos territórios indígenas. No Governo Federal, a adesão às políticas neoliberais, o pacto com o agronegócio e o compromisso com um programa desenvolvimentista acabam impedindo a implantação de uma política indigenista que respeite a diferença e promova a autonomia e a sustentabilidade dos povos indígenas.” CANCELA, (2016, p. 21)

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