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HISTÓRIA E CULTURA DOS EVANGÉLICOS DO SUL DO MARANHÃO (1905-1927)

Por:   •  14/12/2022  •  Projeto de pesquisa  •  3.421 Palavras (14 Páginas)  •  63 Visualizações

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HISTÓRIA E CULTURA DOS EVANGÉLICOS DO SUL DO MARANHÃO (1905-1927)

Ana Carolina Carvalho Müller [1]

George Leonardo Seabra Coelho[2]

GRANDE ÁREA DO CONHECIMENTO: Ciências Humanas, Sociais e Linguística

 

RESUMO

Esta pesquisa utilizou a perspectiva da História Cultural para estudar o campo religioso protestante no estado do Maranhão, o qual foi exposto na obra Nossas Raízes: a história da Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil (AICENB) (1994) escrito por Abdoral Fernandes da Silva. Entendemos que essa obra, vista como fonte histórica, poderá apresentar as experiências e representações deixadas por grupos sociais no tempo e espaço, permitindo, assim, que o historiador possa estudar as ações desses sujeitos. Para tanto, o objetivo principal desta pesquisa foi analisar as ações de missionários e missionárias protestantes no Sul do Maranhão sob a ótica de pastor evangélico Abdoral Fernandes da Silva. De modo geral, entendemos que ao escrever esta obra – um relato biográfico de si mesmo e da trajetória do missionarismo no sertão Maranhense – este pastor evangélico deixou claro o desejo de uma tentativa de legitimação de uma imagem criada por ele.

Palavras-chave: autobiografia; protestantismo; missionários.

INTRODUÇÃO

O objetivo principal desta pesquisa foi analisar as ações de missionários e missionárias protestantes no Sul do Maranhão sob a ótica de pastor evangélico Abdoral Fernandes da Silva. Para o desenvolvimento desta pesquisa, lançamos mão dos conceitos de representação a partir da perspectiva da História Cultural. Para compreendermos as ações deste missionário, a perspectiva de Rioux e Sirinelli (1998) contribuiu com nossa pesquisa, uma vez que o historiador deve se dedicar as formas de representação do mundo elaboradas por grupo humano, as quais podem ser criadas por meio de um mundo figurado, pelas artes plásticas, pela literatura, pelas crenças religiosas etc. (RIOUX, 1998). Por sua vez, Roger Chartier (2002) parte do princípio de que o papel do historiador é “identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada realidade social é construída” (CHARTIER, 2002, p.17).

Dada essa questão, Chartier (2002) ressalta, ainda, que essas representações se apresentam ao mundo social como categorias fundamentais de percepção e apreciação do real. Tais representações são construídas através dos interesses de determinados grupos, e estes grupos jamais se apresentam com um discurso neutro. O autor afirma, também, que:

As lutas de representações têm tanta importância como as lutas econômicas para compreender os mecanismos pelos quais um grupo impõe ou tenta impor, a sua concepção do mundo social, os valores que são os seus, e o seu domínio. Ocupar-se dos conflitos de classificações ou de delimitações não é, portanto, afastar-se do social — como julgou durante muito tempo uma história de vistas demasiado curtas —, muito pelo contrário, consiste em localizar os pontos de afrontamento tanto mais decisivos quanto menos imediatamente materiais (CHARTIER, 2002, p.17).

Conjuntamente com Chartier, Pierre Bordieu (2007) contribui com nossa análise ao entender que a religião impõe em seus dogmas um sistema de princípios de estruturação da percepção e do pensamento do mundo, especialmente o mundo social. A partir disso, estas práticas sociais são conduzidas por “um sistema de práticas e representações cuja a estrutura objetivamente fundada em um princípio da divisão política apresenta-se como a estrutura natural-sobrenatural dos cosmos” (BORDIEU, 1974, p. 33-34).

Como citado anteriormente, esta pesquisa utilizou como base teórica a História Cultural para estudar o campo religioso protestante no estado do Maranhão, o qual foi exposto na obra Nossas Raízes: a história da Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Brasil (AICENB) (1994) escrito por Abdoral Fernandes da Silva. Entendemos que essa obra, entendida como fonte histórica poderá apresentar as experiências e representações deixadas por grupos sociais no tempo e espaço, permitindo, assim, que o historiador possa estudar as ações desses sujeitos.

MÉTODO E MATERIAIS

Esta pesquisa foi realizada através da análise crítica da obra Nossas Raízes: A História da Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas do Norte Brasil (AICENB) produzido por Abdoral Fernandes da Silva, a qual será interpretada como uma obra literária memorialista. Compreenderemos este livro como um importante registro sobre a História da Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas (AICEB), que foi fruto de um trabalho de evangelização de missionários e missionárias junto à população sertaneja do sul do Maranhão, iniciado nas primeiras décadas do século XX.

Antes de adentrarmos na análise do livro Nossas Raízes: a história da Aliança das Igrejas Cristãs Evangélicas (AICENB), realizamos a leitura e uma importante discussão sobre o documento histórico proposto por Jaccques Le Goff (1996). Este autor aponta que a História, ciência que faz uso dos registros deixados por homens e mulheres em diferentes tempos e espaços, utiliza de materiais da memória. Segundo o autor, estas memórias se apresentam em sua grande maioria sob duas formas: os monumentos, que diz a respeito ao passado, e os documentos, que partem da escolha do historiador. Partindo desta perspectiva, o autor levanta uma série de questões em torno destes materiais, elencando como em diferentes tempos eles foram utilizados, assim como sua legitimidade. O autor indica, ainda, que inicialmente o monumento foi visto de uma forma contestável, onde permitia-se uma série de dúvidas em relação a sua composição, enquanto o documento não era passível de contestação uma vez que por si só ele já era considerado como uma prova.

A respeito da questão citada anteriormente, Le Goff (1996) aponta que a escola positivista do século XIX enxergava o documento como fundamento do fato histórico. Mesmo que o documento fosse escolhido pelo historiador, seu uso caminhava de forma divergente a intencionalidade do monumento. Com as mudanças advindas da Escola dos Annales, tornou-se possível a ampliação da noção do que é documento. Le Goff (1996) aponta que essa mudança foi, ao mesmo tempo, quantitativa e qualitativa. A respeito desta questão, o autor considera que:

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