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Historico

Por:   •  25/4/2015  •  Artigo  •  2.714 Palavras (11 Páginas)  •  201 Visualizações

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Universidade Federal do Vale do São Francisco

Campus Serra da Capivara

Colegiado de Arqueologia e Preservação Patrimonial

Disciplina de Métodos e Técnicas Arqueológicas IV

Docentes: Waldimir Neto e Vivian Sena

Discentes: Silvyo Bruno, Cleberson Carlos & Diógenes Costa

Projeto de Pesquisa:

Sítio Arqueológico Casa do Alexandre

São Raimundo Nonato

2012

1. INTRODUÇÃO

As pesquisas no âmbito da pré-história dominaram os temas de estudo arqueológicos no nordeste brasileiro, desde a década de 70, com os primeiros trabalhos efetuados pela missão franco-brasileira, coordenada pela arqueóloga Niéde Guidon (MARTIN, 1996).  

Segundo Martin, os trabalhos efetuados em Arqueologia Histórica[1] no nordeste ainda são incipientes.  Nos últimos anos, porém, constatamos um aumento considerável no número de pesquisas realizadas.

No contexto particular do sudeste do Piauí, no entorno do Parque Nacional Serra da Capivara local onde as pesquisas arqueológicas já se encontram consolidadas para períodos pré-históricos, o atual trabalho visa contemplar uma lacuna no que diz respeito à arqueologia histórica na região, dando continuidade e reforçando as pesquisas já existentes[2] coordenados por Waldimir Neto e Vivian Sena.

Buscamos neste trabalho estudar o contexto histórico e arqueológico do sítio Casa do Alexandre, um sítio histórico situado no município de Coronel José Dias, Piauí. Hoje em terras pertencentes ao Parque Nacional Serra da Capivara. O sítio arqueológico estudado está relacionado à atividade maniçobeira da região e representa os grupos de maniçobeiros, que era composto de trabalhadores rurais com pouco poder aquisitivo, envolvidos no extrativismo de látex da maniçoba (Manihot piauhyensis) planta nativa e abundante na região. foi ocupado em meados do século XX, em terras pertencentes à antiga Fazenda Jurubeba. Utilizamos aportes teórico-metodológicos da Arqueologia Contextual, buscando a partir do diálogo entre fontes históricas e arqueologia, evidenciar práticas cotidianas de Alexandre e sua família, visando conhecer um pouco mais da história dos grupos maniçobeiros que ocuparam a região.

Baseando-se nessa posição, entendemos que a Arqueologia Histórica é indispensável para a construção da história desses grupos que estão à margem da história oficial, uma vez que essa se baseia no registro documental, muitas vezes excluindo deliberadamente maioria da população de seus relatos centrando suas narrativas em personalidades políticas e econômicas, se atendo na maioria das vezes em representar esses sujeitos e os acontecimentos econômicos e políticos preconizados por essa elite hegemônica, em contrapartida ao excluir outros atores sociohistóricos de suas narrativas a história oficial cria grupos “sem história” (Wolf, 1982), nesse sentido a partir da Arqueologia Histórica, procuramos enfatizar outros atores e histórias não contadas pela historiografia tradicional da região com o intuito de fortalecer a memória histórica de São Raimundo Nonato, proporcionando uma releitura da mesma a partir da Arqueologia voltada à grupos não-hegemônicos.

1. 2 CONTEXTO HISTÓRICO E ARQUEOLÓGICO

        O sítio Casa do Alexandre (UTM L 0765 187, N 9019507), se configura um sítio histórico relacionado à atividade maniçobeira na região ocorrida no final do século XIX e inicio do século XX, localiza-se a 434 metros de altitude (acervo FUMDHAM, 2000), a residência que possui uma área 15,0x 6,0 metros “é possível notar que o abrigo rochoso foi aproveitado como ‘teto natural’ e as paredes foram confeccionadas em barro, com a técnica da taipa de mão” (BUCO, C.; IGNÁCIO, E.; OLIVEIRA, A. S, 2002). Quando o sítio foi registrado em 2000 as paredes da residência precisavam passar por processo de restauro, em 2002 a equipe da FUMDHAM realizou o processo de restauração na moradia (BUCO, C.; IGNÁCIO, E.; OLIVEIRA, A. S, 2002), porém não encontramos material documentado relacionado a esse processo especifico no acervo da fundação.

A extração de látex de maniçoba foi o vetor da economia piauiense desde dos finais do século XIX e inicio do XX, e novamente nos anos 40, A atividade extrativista, trouxe ao sudeste do Piauí trabalhadores, pessoas advindas em especial de Alagoas, Bahia, Ceará e Pernambuco, Ao caracterizarmos a importância do ciclo da maniçoba podemos nos basear em MENDES (1995), ao nos passar a historia do látex na realidade piauiense:

No inicio do século XX tem inicio, na região semi-árida, a exploração da maniçoba para a fabricação de borracha, atividade que teve grande importância nas duas primeiras décadas... ...O período compreendido entre as duas grandes guerras (1914-1918 a 1939-1945) ensejou uma considerável expansão das atividades econômicas, com uma maior integração maior entre economia rural e as cidades, tendo em conta o surgimento de pequenas indústrias de processamento das matérias-primas, a dinamização do comércio e a vitalidade do núcleo industrial-exportador localizado em Parnaíba.

Podemos ver assim, a expressividade tomada pelo látex na indústria do estado, e conectando esse fato levantado por Mendes temos Oliveira (2009), ao afirmar que a área do Parque Nacional Serra da Capivara foi um local de grande produção da borracha do látex de maniçoba. Dentre os sítios históricos registrados no Parque e entorno muitos correspondem ou se relacionam com esse recorte histórico como assinala Oliveira (2009):

Entre os sítios históricos existentes na região do parque e no entorno, estão a Toca do Juazeiro, abrigo sob rocha que serviu de moradia para uma família até o final dos anos 60; a Toca do Zé Paes, lugar que servia como rancho no período da extração de maniçoba, onde foram encontrados um pequeno forno de farinha; a Toca do João Sabino, habitada durante as duas fases do comércio da borracha, que foi restaurada com o uso de rocha e argila pela equipe da FUMDHAM – Fundação Museu do Homem Americano; a Toca do Vento, onde ainda é encontrado um pilão; a Toca do Mulungu I, onde ainda são encontrados restos de paredes e um forno de farinha; A Toca do Zé Ferreira, que funcionava como um ponto de apoio, já que o proprietário homônimo habitava, na realidade, em outra área. Além destes, existem uma gama de sítios arqueológicos históricos associados a ocupação de maniçobeiros nessa região, que já se encontram cadastrados no banco de dados da FUMDHAM (p. 28).

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