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História Oral

Por:   •  16/10/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.047 Palavras (9 Páginas)  •  198 Visualizações

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História oral

1- Entrevista realizada com S. C. da Silva, 66 anos.

Questões abordadas:

• Em que ano nasceu e como foi sua infância?

• O que levou a senhora sair do campo e ir para a cidade?

• A realidade da vida na cidade correspondeu ao que a senhora buscava?

• E os estudos? A senhora conseguiu se formar?

• A vida profissional da senhora sempre girou em torno do trabalho em casa de família ou a senhora teve outros empregos?

• Como era o contexto social na época da sua mocidade?

• Qual a visão geral que a senhora tem do mundo hoje relacionado ao passado?

2- Ficha Técnica / transcrição oficial da entrevista.

• Tipo de entrevista: história de vida

• Entrevistadora: Ana Flávia Silva Moraes

• Levantamento de dados: Ana Flávia Silva Moraes

• Pesquisa e elaboração do roteiro: Ana Flávia Silva Moraes

• Transcrição: Ana Flávia Silva Moraes

• Local: Divinópolis do Tocantins – TO – Brasil

Data: 01/10/2015 a 04/10/2015

Duração: 08h

Referências:

CLARETIANO Centro Universitário. Fundamentos e Métodos do Ensino de História e Geografia II. Estudos do Meio e Meio Ambiente.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_oral >acessado em 01/10/15.

SEBASTIANA CÂNDIDO DA SILVA

(depoimento, 2015)

Entrevista realizada no contexto da história de vida da entrevistada, com os temas: infância, formação, trabalho, transformações do mundo ao longo do tempo, casamento, filhos, visão de mundo.

A. F. Em que ano nasceu e como foi a sua infância?

S. C. Eu nasci em 1950, em uma cidadezinha do interior de Minas Gerais “Patrocínio”, meu pai morreu antes do meu nascimento. Minha mãe teve 4 filhas no primeiro casamento, e mais 4 no segundo, viúva nos dois. Quando eu nasci minhas 4 irmãs do primeiro casamento já tinham se casado e saído de casa, do segundo casamento, 1 tinha se mudado para a cidade para trabalhar em casa de família e estudar e meu irmão acima de mim ajudava minha mãe na roça. Minha irmã “Leonora” a mais velha de todas, morava próximo a minha casa e cuidava de mim, até eu ter uns 3 ou 4 anos, quando minha mãe começou a me levar para o trabalho. Nós morávamos na fazenda de um senhor e minha mãe pegava empreita na roça, plantava arroz a meia, roçava pasto. Era uma vida sofrida, nossa casa era de chão, paredes de pau rebocadas com barro, telhado de palha. Os móveis eram todos improvisados, prateleira de madeira, bancos de “sepo” – aqueles cortados de árvore, me lembro de esperar a visita de uma prima que eu gostava muito, para fazer um novo colchão feito de palha. Meus vestidos eram feitos de saco, antigamente o açúcar vinha em sacos grandes e minha mãe costurava vestidos para mim. A vida era sofrida, era simples, mas era feliz, bem diferente de hoje. Eu e minha prima brincávamos de bonecas e nossas bonecas eram espigas de milho quando ainda estavam novinhas, ou abobrinhas enroladas em panos. A gente brincava nas roças de melancia, contava casos a noite a luz de lamparina. Tinha também a escola, eu adorava estudar, andava vários quilômetros até chegar, carregando um caldeirão com o almoço, que a professora colocava em cima do fogão a lenha junto com os outros. As séries eram todas juntas, 1ª, 2ª, 3ª e 4ª, e a professora dava “palmatoriadas” em quem errava as continhas. Na volta pra casa era só alegria, a gente – eu e os primos e primas, voltávamos correndo, cantando, implicando o outro só por brincadeira mesmo. Bons tempos, até que inteirei 9 anos e fui para a cidade.

A. F. O que levou a senhora sair do campo e ir pra cidade?

S.C. Quando fui ficando mocinha comecei a querer as coisas, roupas mais bonitas, calçados que nunca pude ter, desde que me entendo por gente, sempre quis morar numa casa com piso de cimento, como eu dizia “duro”. Eu tinha muitos sonhos, como minha mãe não podia me dar o que eu sonhava, então fui para a cidade de Ituiutaba MG trabalhar de doméstica na esperança de realizar esses sonhos, logo que cheguei encontrei trabalho, morava no emprego. Não tinha despesas com comida, nem moradia, mas também não tinha horário. Minha patroa era professora e me tirava da cama ás 5h da manhã para fazer o café, eu arrumava a casa, fazia comida e ainda cuidava de 3 crianças.

A. F. A realidade da vida na cidade correspondeu ao que a senhora buscava?

S.C. Não exatamente como eu sonhei. Em partes sim, ganhava o meu dinheirinho, era pouco pelo tanto que eu trabalhava, mas, comecei a comprar roupas e sapatos bonitos, minhas primas que o pai era fazendeiro, não andavam bonitas como eu. Mas, o sonho de ter uma casa e móveis, esse caí na realidade que não seria tão fácil assim.

A. F. E os estudos? A senhora conseguiu se formar?

S. C. Bem que tentei estudar, naquela época a exigência do mercado não era muito grande. Quem tinha o primeiro grau já conseguia trabalhar, se tivesse o segundo então, era considerado “estudado”. Como minha patroa era professora, sempre insistia pra eu ir estudar, conseguiu até uma vaga num colégio estadual reconhecido na cidade. Eu já tinha feito o primário na fazenda e entrei na 5ª serie a noite. Mas, ao mesmo tempo em que minha patroa queria que eu estudasse, me dava uma jornada de trabalho quase impossível de conciliar com a escola. Acordava às 5h, trabalhava até 18:0h deixava a janta na mesa e saia correndo, não dava nem tempo de comer, a escola era do outro lado da cidade, gastava uma hora ou mais a pé pra chegar, a aula começava às 19h, terminava às 23h eu volta sozinha, no escuro porque as ruas quase não tinham iluminação naquela época, às 22h, tocava um apito que dava pra ouvir na cidade inteira, esse apito avisa que todos tinham que ir pra casa e não podia mais

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