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Hábitos alimentares na cultura brasileira e no mundo

Por:   •  30/12/2016  •  Resenha  •  2.722 Palavras (11 Páginas)  •  541 Visualizações

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Universidade Federal do Maranhão - UFMA

Centro de ciências Biológicas e da Saúde – CCBS

Disciplina: Antropologia da Alimentação

Professor : Álvaro Pires

Nutrição- 1º Período

Aluno: Joshuan Leonardo Gonçalves Domince

Hábitos alimentares na cultura brasileira e no mundo

Introdução

Na Antropologia, os processos culinários sempre ocuparam o papel de destaque. Já que o ato de comer vai além de ser apenas algo biológico e sim social e cultural, que lhe outorga uma identidade.

Entre os autores clássicos da antropologia, destaca-se Claude Lévi-Strauss que, em “O Cru e o Cozido”, fundamentou as pesquisas sobre o simbolismo do processo de cozimento.

A antropologia da alimentação inclui como temas o simbolismo da alimentação (comidas sagradas, tabus religiosos envolvidos na alimentação, comidas e cultura popular, mitos alimentares); a alimentação e os processos de interação social (hábitos alimentares e classes sociais, transformações da alimentação e modernidade, alimentação e etnicidade) e por último a alimentação e saúde física (dieta e exercícios, engenharia nutricional, transgênicos e seus impactos na alimentação).

Porém, no decorrer dessa dissertação nos aprofundaremos a respeito de um tema, que é do simbolismo da alimentação, que envolve todos esses aspectos religiosos, culturais, mitos e tabus, em relação aos textos-bases  recomendados, que são eles: “Comer verdadeiramente”: produção e  preparação de alimentos entre os Wayana (Lucia Hussak Van Velthen); Dieta Africana ( Luís da Câmara Cascudo) e Cultura e Alimentação ou o que têm a ver os macaquinhos de Koshima com Brillat-Savarin? ( Maria Eunice Maciel). O que esses três textos tem em comum são seus hábitos alimentares que designam os costumes e modos de se comer de uma pessoa ou comunidade, antigamente e nos dias de hoje, no Brasil e no mundo.

Hábitos Alimentares e Tabus

 Embora a educação nutricional seja vista como um esforço destinado a mudar hábitos alimentares, os padrões alimentares são determinados por fatores que incluem, além de uma educação orientada para uma alimentação adequada, fatores socioeconômicos, ecológicos, culturais e antropológicos. Hábitos alimentares da sociedade são determinados pela interação de inúmeras variáveis que sofrem alterações com o tempo e essas alterações promovem a formação de novos padrões. E como exemplo, para esta afirmativa, temos o caso dos macacos da ilha japonesa de Koshima, que começaram a lavar a bata antes de comê-la e um tempo depois começaram a lavar as batatas com agua salgada do mar em outra parte da ilha, assim  a autora pode concluir que, “com o tempo, as mudanças teriam ocasionado que o grupo apresentasse modificações não apenas no seu consumo de alimentos mas sua organização social”.

Com a descoberta do fogo, fez-se a revolução do cozimento. Antes, os alimentos eram consumidos crus. A cozinha foi o primeiro laboratório do homem. Já reparou que os seres humanos são os únicos animais que cozinha aquilo que come? Essa é a grande diferença que distingue o ser humano dos demais seres vivos, é um dado cultural. A partilha de alimentos no interior de uma casa responde também a uma necessidade primitiva de segurança. A reciprocidade dos relacionamentos em torno do alimento pode ter fundamento no que Lévi-Strauss identificou na construção arcaica: “Necessidade extrema de segurança, que faz não nos empenharmos nunca excessivamente com relação ao outro, e que estejamos prontos a dar tudo para ganhar a certeza de  não perder tudo, e de receber, quando for a vez. Então, a capacidade de repartir, de esperar sua vez”, é função de um sentimento progressivo de reciprocidade que, por si mesmo, resulta de uma experiência vívida do fato coletivo e de um mecanismo mais profundo de identificação com o outro.

Cada sociedade tem normas e momentos específicos em que determinados tipos de comida são ingeridos, dentro de uma logica de ingestão e de combinação dos alimentos entre si. Como os Wayana (povo indígena de língua Carib que habita o norte do estado do Pará) que se alimentam de acordo com as condições cosmológicas. Como por exemplo, a frequência do apresamento de animais alterna-se ao longo do ano, obedecendo a um calendário sazonal ( MACIEL, 1996).

Geralmente, pelo menos nos grandes centros urbanos, a população tem têm na pratica uma media de três refeições por dia. Porém, antigamente, entre os escravos africanos era de habitual apenas duas refeições. Almoço as 9 horas e jantar à uma da tarde, 13 horas (Cascudo, 2004). Isso se deve pelo fato de, o escravo africano levantar bem cedo para ir ao serviço ao qual era destinado e com isso almoçar bem mais cedo do que o habitual, pois para ele 9 horas da amanha já estava tarde e também já estava bem faminto por causa do trabalho árduo durante o dia. Já entre os Wayana, também são duas refeições, porém uma é feita no meio da manhã e outra ao entardecer.

Será que comida e alimento são as mesmas coisas?  Os alimentos são sempre ingeridos sob alguma forma culturalizada. Como por exemplo, o próprio cozimento do alimento ou não cozimento, como acontece em algumas culturas. Já a comida  é o alimento, transformado naquilo que se come sob uma forma especifica, com um molho de que gostamos, com o temperinho  que só a vó sabe fazer, de preferência com um aspecto visual em um cheiro convidativo. Assim, o que é “comida” em uma cultura, não é em outra, fato derivado não de seu valor (ou não) nutritivo ou perigo a saúde (MACIEL, 1996). Na China, cachorro é uma prato apreciadíssimo, no Ocidente, cachorro na refeição só se for como “cachorro-quente” (pão e salsicha). Enquanto, em alguns países adorarem uma churrascaria, a maioria dos indianos considera uma temeridade comer carne de vaca- um animal sagrado na cosmologia hindu. E, por falar em “ sagrado”, os fatores religiosos influenciaram profundamente certos hábitos alimentares principalmente aos de crenças antagônicas, como é o exemplo dos indianos, e também dos israelitas que não comer carne de porco ou o católico que não comer carne durante a semana santa.

Esses tipos de hábitos alimentares geram um certo tipo de preconceito, que são aversões a certas características de alimentos ou de preparações alimentícias, ou repugnância ao preparo desse alimento. Culturalmente, é normal entre os Wayana a mastigação do beiju pelas mulheres, durante sua melhor fermentação, para outras culturas é, de certo modo, ostil e repugnante.

O que vai à mesa?

A comensalidade é outro aspecto relacionado as ritualizações das refeições. Comensalidade deriva do latim mensa, que significa conviver a mesa e isto envolve não somente o padrão alimentar ou o que se come, mas principalmente, como se come. Comer é realizado pelo individuo em seu interesse mais pessoal; comer acompanhado, porém, coloca necessariamente o individuo diante do grupo, usando-se o ato de comer como veículo para relacionamentos sociais: a satisfação da mais individual  das necessidades torna-se um meio de criar uma comunidade. Neste mesmo raciocínio, a origem da palavra companhia deriva da palavra latina companion, que significa: “uma pessoa que compartilha o pão”. Partir o pão e partilha-los com amigos significa a própria amizade, e também confiança, prazer e gratidão pela partilha.

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