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Identidades e Políticas Coloniais: guaranis, índios infiéis, portugueses e espanhóis no Rio da Prata, c.1750-1800

Por:   •  24/2/2016  •  Resenha  •  1.228 Palavras (5 Páginas)  •  750 Visualizações

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Resenha

Garcia, Elisa Frühauf. “Identidades e Políticas Coloniais: guaranis, índios infiéis, portugueses e espanhóis no Rio da Prata, c.1750-1800”. Anos 90, Porto Alegre, v. 18, n. 34, dez. 2011, p. 55-76.

Os índios, espanhóis e portugueses

        É comum quando falamos em História, de uma maneira geral, pensarmos nos conceitos que aprendemos e tomá-los como certos. O texto apresentado é uma investigação sobre as relações entre espanhóis, portugueses e guaranis na ocupação da região do Rio da Prata. A autora desmitifica a separação, segundo ela, grosseira que a historiografia faz dos indígenas ao lhes separarem em dois grupos distintos: os missioneiros, que supostamente estariam sempre do lado dos espanhóis, enquanto que os minuanos, estariam do lado lusitano. Para isso, Elisa Frühauf dá exemplos de casos e “personagens” que farão com que compreendamos melhor os meandros dessa intricada relação.

        A autora inicia mostrando que o ideal de colonização para o governo espanhol seria a total separação dos colonizadores e dos indígenas. Contudo, este não era o cenário real em todas as regiões colonizadas, principalmente nas regiões de fronteiras, como no caso do Rio da Prata, aqui abordado. Ali, havia índios chamados de infiéis, por não serem convertidos, que frequentemente eram considerados obstáculos na expansão colonizadora.

        Garcia destaca também as missões, que tiveram um papel importante na colonização, justamente por defenderem o território conquistado contra as colônias expansionistas de outros estados e da ameaça indígena não-submetida.

        As representações estereotipadas de alguns grupos, como os índios considerados belicosos por exemplo, também servia como camuflagem para a atuação desses grupos, em defesa de seus próprios interesses.

        Em vários pontos do texto, a autora critica ferozmente, a taxação simplista que a historiografia faz dos grupos inseridos nesse contexto histórico, argumentando que, de maneira geral, os trabalhos atuais continuam priorizando uma visão homogênea dos grupos, em detrimento da heterogeneidade no interior das missões. Para ela, essa heterogeneidade foi um dos elementos-chave para a manutenção das relações com os índios da campanha, pois apesar de aldeados e cristianizados, os jesuítas os consideravam “espiões duplos em potencial”, fato este que os levou a adotar uma série de critérios na construção e manutenção  das relações sociais. Entretanto, a autora deixa de exemplificar quais seriam esses critérios, o  que pode levar o leitor apressado a questionar a veridicidade de seu argumento.  

        A desconfiança dos colonizadores sobre os índios também rondava no lado lusitano. Elisa conta um caso ocorrido no final da década de 1740, quando um grupo de minuanos ao saber da iminência de um ataque nas missões do Paraguai, procurou logo avisar seus parentes aldeados.

        Por outro lado, os missioneiros também se juntavam ao grupo dos infiéis e motivos para isso não faltavam segundo a autora: troca de parceiros sexuais, desejo de trabalharem para si, dentre outros. Elisa afirma que para os membros da sociedade colonial era vantajoso unir-se aos infiéis em determinadas circunstâncias, embora não dê detalhes de quais circunstâncias sejam essas.

        Frühauf destaca os textos de Jennifer Brown e Elizabeth Vibert que apresentam os índios como agentes ativos no processo de colonização, omitindo, selecionando, e informando aspectos que atenderiam seus objetivos.

         A autora argumenta que na ocasião das comissões demarcadoras, os missioneiros buscaram se aliar aos minuanos. Apesar de selada a aliança, os missioneiros não confiavam plenamente nos minuanos, e essa desconfiança não era sem fundamento: o cacique Moreira, líder de um grupo minuano, apresentou-se aos missioneiros como aliado e, quase que concomitantemente, estabeleceu um acordo com os lusitanos. O importante a ser frisado neste caso, é a capacidade de articulação do cacique, em prol da defesa de seus interesses, manejando muito bem a rivalidade hispano-lusitana a seu favor.

         Ao se aliarem aos portugueses, os minuanos não desempenhavam um papel subalterno, muito pelo contrário, ofereciam-se como voluntários aos projetos de expansão lusitana.

        Segundo Elisa Frühauf, vários autores demonstram a capacidade indígena de reeditar a própria percepção histórica, objetivando fechar os melhores acordos para eles, ao planejarem o futuro, o que ela define como “inconstância”, ao defender a idéia de que os índios mudavam suas escolhas conforme as oportunidades em momentos específicos.

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