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Marx nos Muros

Por:   •  7/7/2017  •  Artigo  •  3.944 Palavras (16 Páginas)  •  187 Visualizações

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MARX NOS MUROS

Natalirio C Cardoso Junior1

Marcelo Fernandes de F Souto2

Paulo Alexandre L de Souza3

Resumo: O texto discute a ocorrência de inúmeras pichações nos muros da cidade de Ponta Grossa, com referências às obras de Karl Marx. Propomos discutir o conceito de luta de classes, do ponto de vista teórico e também pela visão dos agentes de tais manifestações, com a intenção de entender seu papel como veículo de expressão social.

Palavras-chave: Pichações. Marx. Classes. Expressão.

INTRODUÇÃO

Nos dias atuais nos deparamos com várias manifestações em ambientes públicos que fazem referência a Marx e sua teoria. É comum ao passar por praças e nos depararmos com frases e símbolos atribuídos a Marx e sua luta de classes. Neste artigo propomos discutir suas ideias e seu conceito de luta de classes, assim como o conceito popular dessas teorias e os locais públicos onde se manifestam, tentando estabelecer uma relação entre os agentes que a praticam e os possíveis alvos dessas manifestações.

CONHECENDO MARX

A Filosofia da Historia busca dar sentido à história, que antes apenas se dava como narrativa de fatos e acontecimentos. Essa filosofia permite e proporciona uma reflexão sobre a natureza da História ou sobre o pensamento histórico, que através da teoria da história busca o entendimento de teorias que envolvem o conhecimento histórico.

Sob as influências de Immanuel Kant, o filósofo alemão Georg Wilhelm F. Hegel desenvolveu o Idealismo Alemão e no contexto em que vivia a Europa e mais especificamente a Alemanha, com forte influência da revolução Francesa e a expansão napoleônica, ele acreditava que o papel do estado era de grande importância para o funcionamento da sociedade.

Para Hegel o indivíduo só é livre dentro do estado e obedecendo as leis, “a realidade na qual o indivíduo tem e desfruta a sua liberdade, como saber, crença e vontade do universal. ” Hegel (1995, p. 39). “O Estado é o que existe, é a vida real e ética, pois ele é a unidade do querer universal, essencial, e do querer subjetivo – e isso é a moralidade objetiva” (HEGEL, 1995, p. 39). Assim o estado era composto do monarca e da constituição, que com núcleos de interesses iguais, a família e núcleos com interesses diferentes, a sociedade, cabia a esse estado a busca do bem comum.

No Estado, o universal está nas leis, em determinações gerais e racionais. Ele é a ideia divina, tal qual existe no mundo. [...] A lei é objetividade do espírito e da vontade em sua verdade, e só a vontade que obedece à lei é livre, pois ela obedece a si mesma. (Hegel 1995, p. 40)

Esse filósofo alemão acreditava na racionalidade e na ciência, para ele “a razão governa o mundo, e que, portanto, a história universal é também um processo racional. ” (HEGEL 1995, p. 17) mas colocava Deus como a força maior que rege o mundo, ou seja, Deus como arquiteto da razão. Para Hegel, tudo que era racional era real e tudo que era real era racional (HEGEL, 1974). Através de suas ideias influenciou e foi preponderante para a formulação da teoria marxista, que utilizou o legado de Hegel, a lógica dialética, esta constituída por três elementos: tese, antítese e síntese.

A principal crítica de Marx em relação a concepção de estado de Hegel era que, para ele o estado não era absoluto e não era a base da sociedade. Ainda para o idealista Hegel a teoria da dialética se mantinha no mundo das ideias e Marx em sua teoria utilizava a dialética inspirada em Hegel, num estado pensado através de uma sociedade real. Marx propõe uma concepção real e materialista do estado que é entendido de acordo com suas as relações sociais.

Como vimos, para Hegel a família se organiza no estado e o estado por sua vez se organiza na constituição, assim família e sociedade não poderia existir senão pelo estado, que mediava os conflitos de interesse optando pelo bem comum, o estado era quem determinava a sociedade. Marx elabora sua teoria ao contrario dessa ideia de Hegel, para Marx a família e a sociedade que compõem o estado, logo é a sociedade quem determina o estado. E para ele o estado não procura o bem comum e nem supera interesses individuais, para Marx não é a família e a sociedade que existem por conta do estado, mas exatamente ao contrário, o estado e suas leis que surgem através da sociedade. (MARX, 1984, p. 90)

Marx faz severa crítica ao Idealismo de Hegel, uma vez que para ele a teoria hegeliana inverte a relação entre realidade material e as representações dessa realidade. Marx através da dialética hegeliana, buscou a compreensão da sociedade a partir da condição material em que essas sociedades viviam, essa visão é denominada de materialismo histórico. Marx acredita na formação do indivíduo através das relações sociais e essas relações são determinantes no comportamento da sociedade, que são pautadas pela maneira como se relacionam com os meios de produção para proverem seu sustento, como vemos “os homens fazem sua própria história”, entretanto, “não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, ligadas e transmitidas pelo passado” (MARX, s/d, p. 203)

O trabalho para Marx é uma atividade fundamental e ele faz uma crítica ao modelo capitalista que transforma a força de trabalho em uma mercadoria explorada pelos detentores desses meios de produção que exploram a força de trabalho dos operários.

Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participa o homem e a natureza, processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza... põe em movimento as forças naturais de seu corpo – braços e pernas, cabeça e mãos –, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. (MARX, 2001, p. 211).

É através dessa lógica da relação força de trabalho e meios de produção que Marx se utiliza da dialética de Hegel, no entanto para ele tese, antítese e síntese leva a possibilidade de negação dessa realidade, para ele “apenas é produtivo o trabalhador que produz mais-valia para o capitalista ou serve à autovalorização do capital” (MARX, 1984, p. 105).  Para Marx a história está em movimento e pode ser vista como algo transitório e ainda pode ser transformada pela ação do homem, principalmente quando agem na transformação da realidade social quando alteram os modos de produção.

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