TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O Movimento cabano no estado do Pará

Por:   •  3/4/2018  •  Artigo  •  5.527 Palavras (23 Páginas)  •  768 Visualizações

Página 1 de 23

FACULDADE INTEGRADA BRASIL AMAZÔNIA[pic 1][pic 2]

CURSO DE GRADUAÇÃO EM LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

Alex Maciel Moreira couto.[1]

Paraense1701@hotmail.com.

Orientador: Msc. Aldo Sampaio.[2]

Aldocfsampaio@gmail.com.

Faculdade integrada Brasil Amazônia.

 

fibrapa@yahoo.com

RESUMO:

Este trabalho objetiva realizar uma abordagem interpretativa do Movimento Cabano ocorrido no Pará na década de 1830, pautando-se mais especificamente em como se deu a repressão ao movimento na perspectiva de Domingos Antônio Raiol, autor que ocupa o posto de primeira referência na historiografia que retrata o movimento cabano. Apesar de a Cabanagem ter suscitado múltiplas interpretações ao longo do tempo, as informações sintetizadas em Motins Políticos servem a uma grande parcela de historiadores que se lançam a compreensão desse movimento. A partir de uma pesquisa bibliográfica buscar-se-á demonstrar os mecanismos utilizados pelo general Francisco José de Sousa Soares de Andréia para reprimir o movimento e todos os que dele fizeram parte ou viviam sob suspeita de ser revoltosos.

  1. INTRODUÇÃO

Reescrever a História é uma constante através do tempo. Mediante a dinâmica pela qual passa a realidade social, um fato relevante do passado sempre irá desencadear uma reflexão múltipla, revelando assim perspectivas diferenciadas. Diversas dimensões analíticas sobre os acontecimentos que marcaram profundamente a História do Brasil corrobora o que disserta Costa (2005), sobre a independência do país (1822):

“No Brasil, o tema tem sido elaborado em diferentes abrangências, revelando-se especialmente sensível à paixão política, continuando a produzir fecundas polêmicas dentro e fora do mundo acadêmico. Recompor sua trajetória na historiografia brasileira é assaz difícil, pois impõe selecionar, da grande massa de material disponível, os trabalhos mais representativos e apontar os momentos em que emergiram enfoques novos, transformações de sentido ou mudanças de ênfases, indicadores de inflexões significativas” (COSTA, 2005, p.53).

E a Cabanagem pode ser considerada um fato histórico que se insere nesse contexto, uma vez que de sua análise emergiram diversos olhares que se consolidam em uma vasta produção sobre o tema.

Antes da chegada dos colonizadores na Amazônia brasileira, os povos que aqui viviam e suas culturas estavam harmonizados num sistema social político e econômico próprio, interconectado num prover de sobrevivência de todas as espécies. Conforme nos relata Francisco de Assis Costa (2013) transportou-se para a colônia o modo de produção especificamente europeu ocidental baseado na exploração do trabalho escravo e na exploração dos recursos naturais com vistas à acumulação e a extração de excedente, afinal de contas, a Europa já presenciava os primeiros traços do que viria a se tornar mais tarde o sistema econômico capitalista, transformando a região em área de economia colonial de produção agrícola.

O uso da terra sempre foi um manancial de conflitos, os amazônidas (indígenas; caboclos, tapuios e os cabanos[3]) vivenciavam a desigualdade em seu cotidiano fator que desencadeou diversas formas de resistências, descontentamentos, e findou por culminar no movimento de caráter popular denominado “CABANAGEM- 1835-1840”. O que constitui nossa temática de análise.

O olhar na historiografia expõe à sociedade a evidencia e compreensão do passado a partir do contemporâneo dando um sentido à vida. Diante da extensa produção sobre a Cabanagem, este artigo tem como propósito principal analisar os anos finais do movimento cabano buscando abordar os detalhes da repressão que pôs fim ao conflito, refletindo nos impactos causados na sociedade da época e nos atores que participaram diretamente, denominados como cabanos, sob os quais a repressão se fez de forma mais intensa.

Como fonte de investigação historiográfica será utilizada parte da obra Motins Políticos de Domingos Antônio Raiol conhecido também como Barão de Guajará, publicada entre 1865 e 1890, que trata da suspensão das garantias constitucionais, como meio de dar fim a “rebelião”.  De acordo com Motins Políticos é um estudo composto pelo esforço de Raiol de confrontar as informações contidas em diversos periódicos da época privilegiando em larga escala as correspondências entre as autoridades além de destacar os olhares por trás das descrições referentes à natureza e a sociedade amazônica.  A obra foi escolhida como fonte de análise por ser considerada uma das principais fontes historiográficas do movimento que ficou cristalizado na história paraense como Cabanagem.

A Cabanagem eclode em 1835 e se estende até 1840, caracterizou-se como um movimento recheado de contradições e implicações no contexto histórico do Brasil. Vários estudiosos dependendo da época e as suas convicções históricas e políticas, denominam-na como: motim; uma luta étnica; luta revolucionária entre outras concepções.    

Este artigo não se constrói em torno de defender alguma dessas perspectivas, pois inúmeros são os estudos que trabalham com esse objetivo, o intuito é despertar a atenção do leitor para as atrocidades que foram impostas na província sob a justificativa de restauração da ordem, tais como a supressão de direitos fundamentais e a estratégia da anistia aos revoltosos como meio de silenciar as atrocidades cometidas pelos militares.

Na primeira parte buscar-se-á realizar uma abordagem geral sobre a Cabanagem, seu percurso cronológico e alguns entendimentos a que chegam os estudiosos do tema, em seguida adentraremos nos detalhes ocorridos no período 1836 a 1840 relativos a seus momentos finais marcado pelas violentas repressões, relatados por Raiol no capítulo XVI no V tomo da edição da obra Motins Políticos ou História dos Principais Acontecimentos Políticos da Província do Pará desde o ano de 1821 até 1835.

  1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O MOVIMENTO CABANO

2.1 Cronologia.  

A então província do Grão-Pará estava localizada no norte da colônia portuguesa na América, estendendo-se ao longo do vale Amazônico e parte do vale Araguaia-Tocantins. Aquele chama a atenção por sua extensão – 3.000 km-- e por seus diferentes ecossistemas. Cortado por rio de mesmo nome que nasce nos Andes peruano e deságua ao norte, próximo a Macapá, e ao sul da ilha do Marajó. Um volumoso rio cujos principais afluentes são os rios Iça, Japurá, Negro, Trombetas (margem esquerda), Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu (margem direita)[4].  O Grão-Pará foi incorporado ao Estado do Maranhão em 1621, tendo sua administração ligada diretamente a Lisboa[5].

...

Baixar como (para membros premium)  txt (37 Kb)   pdf (312.6 Kb)   docx (81.5 Kb)  
Continuar por mais 22 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com