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O Povo Por Escrito

Por:   •  15/7/2023  •  Resenha  •  606 Palavras (3 Páginas)  •  45 Visualizações

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Bolleme, G. In: ___. O povo por escrito.  SP: Martins Fontes, 1988.

No dia 14 de julho de 1789, os participantes da Revolução Francesa invadiram a Bastilha, fortaleza usada como prisão e que simbolizava o Antigo Regime. Sua invasão e posterior demolição serviriam de alegoria para a vitória do povo sobre o absolutismo monárquico. Desde o ano de 1880, a data é conhecida como Festa Nacional da França ou Dia da Bastilha, e é o principal feriado da França.

Embora a autora não cite a Revolução Francesa em Pensar o popular, texto com que abre sua obra, não podemos desprezar o seu bicentenário como elemento de análise e compreensão das ideias ali contidas. Bolleme é conhecida, sobretudo, pelas pesquisas a respeito da literatura popular francesa; destaca-se seu estudo sobre a coleção Biblioteca Azul, série de livretos litografados em papel azul que circulou no século XVII e que recebeu grande aceitação do público. Em O povo por escrito, Bolleme questiona: o que é o popular? O que torna um escrito popular? E, enquanto popular, que privilégios a obra e / ou seu autor teriam?

Na ordem dos capítulos que compõem O povo por escrito, Pensar o popular fica entre o prefácio, escrito por Jacques Le Goff, e o primeiro capítulo. Isso nos permite afirmar que essa separata é a introdução ao livro. Aqui, Bolleme apresenta os motivos que a conduziram para essa pesquisa, o suporte téorico usado e que questões pretende discutir.

Compreender essa separação entre o que é popular e os conceitos que o definem é um dos objetivos do estudo. Há, no entanto, outra dificuldade: “Enunciar que uma literatura é popular significa unificar por esse adjetivo algo que é móvel, indeciso. (...) Nada mais fugaz, com efeito, do que a popularidade” (Bolleme, p. 2, grifos nossos).

        Entre tantas definições, uma parece se destacar. A popularidade seria estratégia “do saber e do poder” (Bolleme, p. 2). Isso porque a busca por atribuir o adjetivo “popular” compõe a “extrema sacralização da ideia de cultura” (Bolleme, p. 2). Tal sacralização seria feita por meio de discursos que, de forma incoerente, estão descolados daquilo que, é de fato, obra e criação de um povo: “Popular unido a literatura seria, portanto, o sinal ou o reconhecimento da elaboração de uma estratégia” (Bolleme, p. 6, grifo da autora). Ao longo de toda a introdução, Bolleme reforça a fugacidade, imobilidade e dificuldade em definir popularidade. E reforça essa dificuldade apresentando, em notas de rodapé, artigos e livros que antecederam seus esforços na busca do mesmo objetivo. Em alguns, a autora traz citações e faz comentários, o que nos dá uma dimensão da complexidade do tema.

        Le Goff endossa esse ponto de vista. Para o historiador, a palavra “popular” é “manipulada” e o valor do estudo de Bolleme está na capacidade da pesquisadora em fundir “testemunhos tão diversos, tão afastados uns dos outros, sempre apreendidos na espessura e na profundidade do seu contexto” (Le Goff apud Bolleme, p. VIII). Ainda, de acordo com Le Goff, a busca dos intelectuais pela definição do que é popular configura apartheid cultural (Le Goff apud Bolleme, p. VIII).

Merece a nossa atenção o fato de Jacques Le Goff fazer parte da Escola dos Annales, movimento intelectual que introduziu novos temas e fontes ao fazer histórico, distanciando-se do positivismo. São os historiadores dos Annales que, influenciados pelas teorias marxistas, incluíram entre os objetos de estudo da História o povo e seus fazeres e saberes. Entre esses historiadores está Le Goff, que em trabalhos como Homens e mulheres da Idade Média (2014) direciona seu foco sobre a gente comum.

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