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O QUE É EDUCAÇÃO

Por:   •  5/10/2015  •  Resenha  •  2.268 Palavras (10 Páginas)  •  95 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – UESPI

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB

NÚCLEO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA – NEAD

CURSO: ESPEC. HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA, EDUCAÇÃO E AFRODESCENDÊNCIA

PROFESSORA: MSC.  DAILME MARIA DA SILVA TAVARES

O QUE É EDUCAÇÃO

AMARILDO DE SOUSA RABELO

BARRAS (PI), AGOSTO/2015

BRANDAO, Carlos Rodrigues. O Que é Educação. São Paulo: Brasiliensis, 1981.

                Amarildo de Sousa Rabelo[1]

O livro “O Que é Educação” de Carlos Rodrigues Brandão publicado pela primeira vez em 1981 chegando à sua 43a edição em 2003, pela Editora Brasiliense, disserta sobre o tema “educação”: o seu significado social, o percurso histórico e a sua finalidade. A partir de uma abordagem sociológica e antropológica, o autor propõe a discussão da temática. A obra se divide em 10 capítulos, sendo o último constituído de indicações de leitura.

Carlos Rodrigues Brandão nasceu no Rio de Janeiro em 14 de Abril de 1940. desde 1963 trabalha com grupos e movimentos de Educação Popular, prática que iniciou no Movimento de Educação de Base e que hoje continua através do Centro de Estudos de Educação e Sociedade (CEDES) e do Centro Ecumênico de Documentação e Informação (CEDI). Possui graduação em psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (1965), mestrado em antropologia pela Universidade de Brasília (1974) e doutorado em ciências sociais pela Universidade de São Paulo (1980). Atualmente é professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e professor visitante sênior da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Tem experiência na área de antropologia, com ênfase em antropologia rural, atuando principalmente nos seguintes temas: cultura, educação popular, campo religioso, religião e educação. Coordena atualmente dois projetos de pesquisa nos sertões do Norte de Minas. É Comendador do Mérito Científico pelo MCT, Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás, Professor Emérito da Universidade Federal de Uberlândia.

Inicialmente, o autor afirma que ninguém escapa da educação. Pois, esta se faz presente no cotidiano de todos e se manifesta de variadas formas, como na igreja, na rua, em casa ou escola nós nos misturamos com ela. Assim, no primeiro capítulo Brandão reflete que todos os homens passam por situações de aprendizagens. Com isso, aponta que não há uma forma única nem um único modelo de educação e a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor e o professor profissional não é o seu único praticante. Sobre este enfoque, o autor descreve os processos de educação das tribos indígenas. Para ele, não se pode confundir “educação” - que é algo abrangente, posto fazer parte de todas as culturas -, com “ensino”, que é específico à educação formal. Essa mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer. Conforme aconteceu com os indígenas das Seis Nações educados pela educação dos brancos nos Estados Unidos que se tornaram totalmente inúteis para a cultura local.

No segundo capítulo, Brandão aponta que a educação existe onde não há a escola e por toda parte podem haver redes e estruturas sociais de transferência de saber de uma geração a outra, onde ainda não foi sequer criada a sombra de algum modelo de ensino formal e centralizado. Pois, o homem que transforma, com o trabalho e a consciência, partes da natureza em invenções de sua cultura, aprendeu com o tempo a transformar partes das trocas feitas no interior desta cultura em situações sociais de aprender-ensinar-e-aprender: em educação. Seguindo, essa reflexão o autor afirma que a educação não constitui apenas o trabalho da vida. Ela se instala dentro de um domínio propriamente humano de trocas: de símbolos, de intenções, de padrões de cultura e de relações de poder. Destaca, também, que as situações entre pessoas, e entre pessoas e a natureza – situações sempre mediadas pelas regras, símbolos e valores da cultura do grupo – têm, em menor ou maior escala a sua dimensão pedagógica. Assim, tudo o que é importante para a comunidade, e existe como algum tipo de saber existe também como algum modo de ensinar. Essa relação saber-ensino-fazer se constitui o que autor chama de processo de “endoculturação”.

Seguindo a análise no terceiro capítulo, Brandão demonstra que quando o trabalho que produz os bens e quando o poder que reproduz a ordem são divididos e começam a gerar hierarquias sociais e formas de dominação de uns sobre os outros. Então é quando, entre outras categorias de especialidades sociais, aparecem as de saber e de ensinar a saber. Este é o começo do momento em que a educação vira o ensino, que inventa a pedagogia e reduz a aldeia à escola e transforma "todos" no educador. Como resultado desse processo as sociedades perderam a ideia de igualdade natural da educação, passando a firmar o poder de poucos, que receberam determinada educação, sobre o trabalho e vida dos outros membros da sociedade, legitimando as desigualdades. Assim, um tipo de educação pode tomar homens e mulheres, crianças e velhos, para torná-los todos sujeitos livres que por igual repartem uma mesma vida comunitária, ou outro tipo de educação pode tomar os mesmos homens, das mesmas idades, para ensinar uns a serem senhores e outros, escravos, ensinando-os a pensarem, dentro das mesmas ideias e com as mesmas palavras, uns como senhores e outros, como escravos.

O autor segue a discussão no quarto capítulo analisando como se deu a educação na Antiguidade Clássica, descrevendo os propósitos que a educação e a escola grega visavam atender. Inicialmente, tal como entre os índios das Seis Nações, era estritamente de relações interpessoais até o momento em que a educação tornou-se questão de Estado. Afirma que a educação grega é dupla, e carrega dentro dela a oposição que até hoje a nossa educação não resolveu. Ou seja, é dividida entre o saber tecne – saber técnico, que instrui para a realização de trabalhos, destinado ao escravo e ao artesão livre – e o saber teoria – saber teórico, que instrui para ser um cidadão nobre, destinado à aristocracia. O autor explora o ideal de educação grega – Paideia – onde o homem é educado desde criança para ser um cidadão e viver na polis, através do desenvolvimento de todo o corpo e toda a consciência. Esse sistema educativo centrava-se na busca da verdade e da beleza por meio do estudo da filosofia, da retórica, das virtudes, das artes e da ginástica, e o pedagogo era o sujeito que conduzia as crianças até as escolas para serem instruídas. Com a democratização do saber são criadas as escolas de bairro denominadas lojas de ensinar. Ficando a serviço de um humilde mestre-escola, "reduzido pela miséria a ensinar", leciona as primeiras letras e contas. Onde as crianças escravas não tinha acesso, as crianças livres plebeias em geral se limitavam ao ensino ministrado nelas e as crianças nobres davam continuidade para obtenção de um grau maior de saber, onde a educação grega forma de fato o seu modelo de "adulto educado".

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