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O RECONHECIMENTO DA CAPEIRA COMO PATRIMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL

Por:   •  10/8/2018  •  Artigo  •  3.167 Palavras (13 Páginas)  •  176 Visualizações

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FINOM- FACULDADE DO NOROESTE DE MINAS

MARIA AMELIA OLIVEIRA BRANDÃO DA SILVA

O RECONHECIMENTO DA CAPEIRA COMO PATROMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL

Feira de Santana

2011

MARIA AMELIA OLIVEIRA BRANDÃO DA SILVA

O RECONHECIMENTO DA CAPEIRA COMO PATROMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL

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Feira de Santana

2011


O RECONHECIMENTO DA CAPEIRA COMO PATROMÔNIO IMATERIAL DO BRASIL

Maria Amélia Oliveira Brandão da Silva[1]

                                            RESUMO

O presente trabalho aborda a trajetória que a capoeira percorreu até o seu reconhecimento pelo IPHAN-Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tornando-se patrimônio Imaterial do Brasil. Embora de origem polêmica, é reconhecida como arte, luta e manifestação cultural genuinamente brasileira. Nasceu descriminada, sofreu repressão, mas conseguiu superar as dificuldades, para tanto participou de vários mementos políticos do país, tendo que se adequar e até mesmo se transformar para alcançar o reconhecimento e aceitação atual. Este artigo tem um foco histórico, sendo utilizado como procedimento metodológico a pesquisa bibliográfica. Varias fontes foram utilizadas como pressupostos teóricos devido à abrangência histórica da pesquisa.

Palavras-Chave: Capoeira; discriminação; superação; patrimônio cultural.

Introdução

Atualmente a capoeira faz parte da sociedade e cultura brasileira, presente em vários setores como escolas, academias, grupos e festejos populares. Em tudo a que se refere ao Brasil e sua caracterização como unidade nação, não tarda a percebermos a presença da capoeira, digamos que ela passou a representar a cara do Brasil. Mas nem sempre foi assim, a capoeira para estar deste modo se movimentando com tanta acessibilidade teve que lutar muito.

        Da sua origem têm-se várias discursões, pesquisadores e estudiosos ao se debruçarem no assunto trazem a tona os entraves e divergências, porém conseguem entender a capoeira como algo legitimamente brasileira, que é o que realmente nos importa no referente estudo. Estudiosos como COUTO (1999) e REIS (2000), confirmam o surgimento da capoeira como criação brasileira através da vinda de povos africanos vítimas da escravidão, povos estes que eram das mais variadas partes da África, e citam ainda da união destes com os índios e até brancos. “... não há indicações de que a capoeira, tal qual a conhecemos no Brasil ainda hoje, tenha se desenvolvido em outra parte do mundo”. REIS (2000.p11).

Não deixa de ser uma ironia da história, um país que nasceu de um processo de colonização tão usurpador, com um padrão de beleza branco e totalmente fora do genótipo da raça que surge na formação da Brasil, onde fomos abrigados a copiar todo um processo de civilização europeu, que não nos pertencia, que não tinha a nossa cara nem nossa identidade e no final da história o que eles mais repudiaram como coisa de “preto, inferior e burro” é que vai se tornar símbolo nacional. As peças do destino são realmente encantadoras.

O advento da capoeira é paralelo à escravidão, usado como aparelho de luta pela libertação de um povo negro suprimido pelo princípio escravocrata utilizando o seu próprio corpo como arma. Seu aprendizado advinha nos cativeiros com os escravos dançando em rodas, disfarçando a ação da luta, tornado difícil ao senhoril e seus capangas evitarem a sua manifestação.

Salienta-se que a capoeira não aconteceu do mesmo jeito em todo o Brasil, cada estado em que ela se desenvolveu teve suas particularidades. Alguns se destacaram mais, como Bahia, Rio de Janeiro, Pará e Pernambuco, porém nem de longe se pretende esgotar este assunto, apenas nortear e mostrar a ideia em que se acredita com bases nas pesquisas.

A Origem da Capoeira no Brasil

        Até a palavra que designa a capoeira, não escapou das discursões e diferentes pareceres dos pesquisadores, para tanto concebemos a ideia de que o nome foi relativo às muitas lutas que aconteciam em campos com pequenos arbustos e matos ralos, culminado com o nome capoeira.

        Segundo ARAUJO (2005), a capoeira enquanto pratica de luta, principiou a ser documentada no início do século XIX no Rio de Janeiro, nome este que também recebeu o seu praticante. Antes disso é possível encontrar generalização do nome capoeira para indicar tanto a prática do jogo luta como também maus elementos, ladrões e bandidos de todo tipo.

        De forma precária as notícia sobre a capoeira vão surgindo em registros policiais de um Brasil Império, que com a vinda da família real traz consigo um sistema policial, que se tornará o grande carrasco da capoeira.

        Durante o século XIX a capoeira cresce ligeiramente nos ambientes citadinos e seus praticantes eram além de escravos, negros e índios. Com o processo da abolição o quadro ainda adiciona os libertos, crioulos, pardos e até imigrantes europeus. Na segunda fase do século XIX de acordo com SOARES (2002), em sua obra A Capoeira Escrava e Outras Tradições Rebeldes no Rio de Janeiro, ela já era executada por outros tipos sociais: militares, portugueses, imigrantes europeus, e até membros da elite social. Neste período a capoeira fazia parte da cultura da classe trabalhadora, visto que grande parte que dominava a capoeira era trabalhador, fato semelhante ao que acontecia nas regiões da Bahia e Pará.

        Em Pernambuco, Rio de Janeiro e Salvador, após a libertação dos escravos, alguns capoeiristas viraram capangas dos senhores como também guardas do exército, participaram de diversos quadros políticos e sociais da nação, como Guerra do Paraguai, na qual a raça e garra negra foram notáveis e incontestáveis. A capoeira vai auferindo aparições em manchetes de jornais, ainda que na maioria dos casos estejam nas partes policiais. Os capoeiras eram temidos, pois estamos tratando de um período em que a polícia laborava quase sem armamentos, e quando os tinha era de forma bem rudimentar.

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