O tempo da Escravidão
Por: Tarciane Coelho • 5/7/2025 • Trabalho acadêmico • 1.070 Palavras (5 Páginas) • 12 Visualizações
2º. FICHAMENTO – TEORIA DA HISTÓRIA – 1º. SEMESTRE DE 2025
NOME DA/O ESTUDANTE: Tarciane Coelho da Silva
TEXTO: HARTMAN, Saidiya. O tempo da escravidão. Periódicus, Salvador, n. 14, v.1, nov.2020-abr.2021
- Tema
A persistência da escravidão no presente, por meio da memória, do luto e das marcas deixadas na experiência da diáspora africana.
- Tese central
A escravidão não é um evento histórico isolado, mas uma experiência contínua que ainda molda a vida e a identidade das pessoas afrodescendentes. As repercussões da escravidão persistem na contemporaneidade, influenciando questões de violência, luto e diáspora.
- Lógica interna
A argumentação da autora pode ser dividida em três partes: introdução, o desenvolvimento do texto e o desfecho.
Na introdução, ela começa com uma ideia forte: a escravidão não é algo que ficou no passado, é como um fantasma que ainda está presente, uma dor que continua e nos afeta até hoje. Ela diz que somos "contemporâneas das mortas", ou seja, vivemos no mesmo tempo que as vítimas da escravidão, porque as consequências daquele período ainda são muito reais. Ela questiona como podemos "lembrar" ou "superar" algo que, na verdade, ainda não terminou. A distinção entre o que foi e o que é se desfaz quando o sofrimento causado pela escravidão e suas sequelas persistem. Nesse contexto, o luto se torna um ponto central para entender a diáspora africana e a busca por uma conexão com as origens.
Em segundo lugar, a autora fala sobre o “turismo de raízes”, que são viagens para lugares como os castelos de escravos na África. Ela observa como esses passeios tentam criar uma memória coletiva e ajudar as pessoas a se conectarem com suas raízes. No entanto, ela argumenta que a ideia de “retorno” é uma fantasia. Não é possível “voltar” para onde nunca foi. Ela chama isso de "retorno tardio", e sugere que essa busca por raízes pode, na verdade, aumentar a sensação de não pertencimento. Ela também aponta que a tragédia da escravidão pode acabar virando um produto, um espetáculo, o que pode diminuir a seriedade do que aconteceu. Ela ilustra isso com a história dos meninos que vendem cartas, usando a linguagem de “irmandade” para atrair turistas, mostrando como até o afeto pode ser comercializado.
Por fim, a autora explora o papel do luto. Ela descreve um tour na Casa dos Escravos, onde o guia tenta emocionar os visitantes. Embora ela veja o lado sensacionalista, ela reconhece que as lágrimas das pessoas são genuínas. Para a autora, essas lágrimas, podem ser uma forma poderosa de contestar a história oficial e de mostrar que a dor da escravidão ainda é viva. É um jeito de criar uma “contra-história”, que revela que a liberdade prometida ainda não foi totalmente alcançada. Ela critica as representações superficiais do cativeiro e defende um engajamento mais profundo e crítico com a história, para que a dor do passado possa, de alguma forma, inspirar a luta por um presente e futuro mais justos.
- Interlocução
- Na introdução, a autora cita a placa memorial localizada perto da entrada do pátio do Castelo de Elmina para mostrar que lembrar as mortas exige mais do que homenagens simbólicas, é um ato político que envolve responsabilidade, escuta e compromisso com a justiça.
- W. E. B. Du Bois: Hartman se inspira na noção de "dupla consciência" de Du Bois, que descreve a experiência de viver entre duas culturas e a complexidade da identidade afro-americana. Ela utiliza essa ideia para explorar como a escravidão moldou a subjetividade negra.
Jamaica Kincaid: Hartman menciona Kincaid em relação à sua exploração da identidade e da experiência colonial, especialmente no contexto caribenho.
Kobena Mercer: A autora dialoga com Mercer sobre questões de identidade, raça e representação na arte e na cultura.
Gerald Early: Hartman menciona Early em relação à sua análise da cultura afro-americana e à importância da narrativa na construção da identidade.
David Scott: Saidiya Hartman dialoga com Scott sobre a história e a memória na diáspora africana.
Toni Morrison: Cita Morrison para explorar a representação da dor e da resistência na literatura afro-americana.
Dominick LaCapra: Hartman dialoga com LaCapra sobre a teoria da história e a importância da memória na compreensão do passado.
Karl Marx: A autora menciona Marx em relação à sua análise da economia política
a e da opressão. Ela utiliza suas ideias para discutir as interseções entre raça, classe e a dinâmica do capitalismo, especialmente no contexto da escravidão.
Amiri Baraka: Hartman se refere a Baraka em relação à sua exploração da cultura afro-americana e à resistência. Ela destaca a importância de sua obra na construção de uma narrativa que desafie a opressão e celebre a identidade negra.
- Trechos significativos
“Como podemos entender o luto, quando o evento ainda não terminou? Quando as lesões não apenas perduram, mas são infligidas de uma nova maneira? Pode-se lamentar o que ainda não deixou de acontecer?” (p. 243) → Ilustra a introdução do argumento da autora.
“As questões de enlutamento e a nossa identificação com as mortas são centrais tanto para o trabalho de luto, quanto para a imaginação política da diáspora africana.9 E, por esse motivo, o luto é um termo central no vocabulário político da diáspora.” (p. 244) → Momento em que a autora mostra que o luto é essencial para entender a diáspora e para questionar como a escravidão é lembrada.
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