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OS Fundamentos da História da Igreja

Por:   •  26/6/2019  •  Seminário  •  2.544 Palavras (11 Páginas)  •  122 Visualizações

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Fundamentos da História da Igreja

a importância do estudo da
história da igreja

Geralmente, enquanto acadêmicos de teologia, não nos sentimos muito atraídos pela História da Igreja. As disciplinas bíblicas e, principalmente, as práticas como Homilética e Aconselhamento Pastoral nos parecem mais úteis e, talvez por isso, chamem mais a nossa atenção. Nelas pretendemos concentrar toda a nossa energia e vigor.

Para muitos, conforme destacou Karl Kupisch[1], a História Eclesiástica está mais ou menos na mesma situação de um professor de educação física na escola: faz parte do corpo docente, mas quase não tem nada para dizer. Partindo desse ponto de vista, vários pastores, teólogos e estudantes de teologia não veem muito sentido no estudo da História da Igreja em um centro de formação teológica. Portanto, não é incomum o questionamento: Por que devo estudar a História da Igreja?

Acredito que devamos explorar essa questão com sabedoria, pois enxergar a História da Igreja da perspectiva de que “ela não tem nada a dizer” é, no mínimo, uma grande precipitação. Ela tem muito a nos dizer.

Na introdução da famosa obra “História dos Hebreus” que fora publicada pela CPAD, o pastor e teólogo Claudionor Correa de Andrade cita a seguinte afirmação feita pelo antigo escritor e orador romano Cícero: “ignorar... o que aconteceu antes de termos nascido equivale a ser sempre criança”[2]. Essa asserção nos oferece uma pista da importância do estudo da história eclesiástica. Creio que, dentre ostras coisas, Cícero desejava enfatizar que precisamos conhecer o passado para que possamos crescer e evitar repetir os mesmos erros no futuro.

Além desse aspecto didático que a história claramente possui, seja ela geral ou eclesiástica, devemos considerar também que o passado é o alicerce sobre o qual o presente foi construído. Deixe-me citar um exemplo simples. Não sei se você já reparou, mas, em termos gerais, a arquitetura de um templo evangélico brasileiro é bem diferente de um católico romano. Enquanto a igreja romana segue o estilo das catedrais e basílicas, os templos protestantes normalmente não possuem uma arquitetura específica. Sem a placa ou letreiro de identificação são construções comuns como residências e prédios comerciais. Por que isso acontece? Certamente, há uma explicação histórica por detrás desse fato que remonta ao Brasil imperial quando o catolicismo era a religião oficial da nossa nação.

Deste modo, seja para evitar repetir os fracassos de outrora ou visando entender a vida contemporânea e até projetar o futuro, o conhecimento da história é indispensável.

o relacionamento da HISTÓRIA com a TEOLOGIA

O estudante de teologia deve ter em mente que a fé cristã é uma fé histórica. Martin Dreher escreveu o seguinte:

“[...] Ao contrário de muitas outras religiões, o cristianismo tem profundas raízes, uma ‘religião da memória’ (Hoornaert). O povo judeu teve profunda consciência de sua história, lembrando sempre que Deus tinha libertado seus antepassados do domínio egípcio”[3].

Lembremo-nos que o próprio Deus estabeleceu festas e memoriais para que o povo rememorasse e transmitisse à próxima geração os atos salvíficos empreendidos por Ele no Egito e na peregrinação rumo à Terra Prometida (Veja Js 4.1-9). O Senhor recordava constantemente aos israelitas que eles eram o povo escolhido e, que Ele, o próprio Deus, com mão poderosa, os libertou da escravidão.

Toda essa experiência vivenciada pelos judeus no Egito possibilitou que a nação criasse uma “memória” e essa memória lhes permitia saber quem eram, para o que existiam e até mesmo a partir de quem existiam.  Além disso, para os judeus a história tem um sentido. Ela tem um curso a seguir, caminha para o desfecho estabelecido por Deus quando Ele se revelará de forma plena no final dos tempos.

O Cristianismo teve a sua origem no Judaísmo e essa memória judaica acabou transferida para a fé cristã. Em outras palavras, também temos uma memória da nossa libertação que se deu por meio de Cristo. A diferença é que os judeus aguardam a primeira vinda de Jesus enquanto nós esperamos a segunda, mas o entendimento de que a história caminha para um desfecho glorioso programado pelo Altíssimo continua.

Além do mais, a teologia bíblica concentra-se no estudo do que Deus comunicou ao homem por meio da Escritura e da encarnação do seu Filho. Ora, a Escritura fora inspirada por Deus, mas está condicionada ao contexto histórico dos autores humanos que a escreveram. Semelhantemente, a manifestação de Cristo deu-se em um determinado ponto da história.

Logo, porque Deus entrou na história e está conduzindo-a para um alvo que Ele estabeleceu, ela possui um papel importante no estudo teológico.

O propósito do estudo da
história da igreja

Quando fiz minha viagem à Terra Santa no ano de 2010, minha intenção era principalmente conhecer de perto um pouco da história do Cristianismo. Lembro-me que nossa guia, uma judia mes-siânica, disse a seguinte frase: “Um povo que não conhece seu passado não tem futuro”.

Analisando essa frase, vejo a importância de estudarmos a história da Igreja como uma forma de entendimento dos acontecimentos e até mesmo valorização dos cristãos que tanto lutaram e se esforçaram para que a história fosse preservada e pudesse, assim, chegar aos nossos dias.

Justo L. Gonzales, escritor e doutor em Teologia, escreve em seu livro “A era dos Mártires”[4] que a história da Igreja é a história dos feitos do Espírito Santo, mas é a história desses atos entre pessoas pecadoras como nós. No Novo Testamento, Pedro, Paulo e os demais apóstolos são apresentados como pessoas de fé, mas também pecadores miseráveis.

Portanto, ao estudarmos a história da Igreja, precisamos lembrar que é através desses pecadores e dessa igreja, que aparece às vezes como descarrilada, que o Evangelho chegou até nós. Mesmo nos momentos mais escuros da vida da igreja, nunca faltaram cristãos que amaram, estudaram, conservaram e copiaram as Escrituras e, desse modo, preservaram a história. Através dos séculos, uma e outra vez, o Espírito Santo tem chamado o povo de Deus a novos desafios de obediência. Nós somos parte dessa história, desses atos do Espírito.

Devemos considerar que o propósito fundamental do estudo da História da Igreja não é que o estudante possa mencionar nomes e datas, mas que a vida da igreja de hoje seja formada de acordo com o melhor da vida da igreja no passado. É necessário relacionar a história com todo o currículo que compõe o curso de Teologia, entender quais contribuições particulares ela traz ao ensino em sua totalidade e como contribui para a formação teológica total dos estudantes. É importante lembrarmos sempre que a fé cristã é uma fé histórica.

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