Os Companheiros

Resenha do filme: Os Companheiros

O filme retrata a experiencia de operários de uma indústria têxtil de Turim. As cenas inicias do filme parecem contrastar duas realidades opostas. Primeiro a vida de uma família, o amanhecer de uma família, a precariedade da alimentação e da moradia, uma casa onde o barulho que se ouve são os gritos da mãe ao acordar os filhos.

Em um segundo momento, o barulho das máquinas da indústria têxtil parece querer dizer que ali, naquele espaço, quem fala mais alto, quem dita o ritmo, são elas, as máquinas... os operários entram apressados, e o relógio na parede e o chefe da indústria que observa tudo, com um olhar prazeroso parecem indicar a realidade de dois mundos, o mundo dos dominados e o mundo dos dominadores, entretanto, dizer isso não significa dizer que não haveria luta para alterar essa relação que de forma alguma é estática.

A mãe que leva o filho até o trabalho para que o marido possa velo, o trabalhador que prende o braço na máquina são realidades que mostram a exploração vividas por aqueles sujeitos. O “acidente” de trabalho, se torna nesse contexto o estopim para o inicio do debate, da organização dos operários, a luta pela diminuição da jornada de trabalho.

No decorrer da organização de luta, a proposta de uma greve é posta em pauta, entretanto nem todos os operários se posicionam favoravelmente a ela, nesse contexto, podemos perceber duas coisas: Os operários, os trabalhadores não forma grupos homogêneos, diferentes pessoas, pessoas com experiências diversas se posicionam do modo que julgam ser o melhor para elas naquele momento.

Lidar com o fato de divergências quanto a greve não foi algo fácil para os operários, afinal, eles sabia que se um deles entrassem na indústria o fato enfraqueceria o movimento e outros trabalhadores poderiam decidir também voltar ao trabalho, porém ao chegarem a casa de um dos sujeitos que se manteve contrário a greve, puderam ver e entender.... a sua condição era ainda mais precária que a deles, como não entender seu medo de perder o emprego? Como não deixar ele voltar a indústria? Nesse momento, aparece também a solidariedade, expressa na arrecadação feita pelo demais operários para ajudar pelo um pouco a família daquele trabalhador.

No decorrer do filme, as nuances tomadas pela greve são retratadas, a morte de um operário em um enfrentamento com outro grupo de trabalhadores, a incerteza quanto a manutenção da greve são aspectos que vão sendo desenrolados, por fim, a morte de um menino, que apesar da pouca idade já era operário da indústria têxtil, o menino que tanta insistiu para que o irmão fosse para escola na tentativa de que ele obtivesse um diploma, lança uma pergunta... parece que o irmãozinho do menino que morreu terá um destino parecido, a indústria, porém será que a luta que ele de algum modo vivenciou, será que os incentivos do irmão falecido frente aos estudos, a experiência da organização, da luta continua? De fato a semente foi e é plantada todos os dias, cabe a nós lutarmos para que a mudança aconteça.