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Resenha do Capítulo IV do livro “A civilização do Renascimento”, de Jean Delumeau, intitulado “O Renascimento como Reforma da Igreja”

Por:   •  23/6/2019  •  Resenha  •  4.023 Palavras (17 Páginas)  •  1.958 Visualizações

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Resenha do capítulo IV do livro “A civilização do Renascimento”, de Jean Delumeau, intitulado “O Renascimento como Reforma da Igreja”

 

A presente resenha tem por objetivo analisar o capítulo 4 do livro “A civilização do Renascimento”, de Jean Delumeau, intitulado “O Renascimento como Reforma da Igreja”. Jean Delumeau apresenta-nos uma obra essencial para se perceber os contornos

de um movimento cultural, econômico e social, que moldou a Europa.  

Ao contrário do que algumas historiografias tende a fazer crer, e da opinião comumente aceito, não houve um corte radical entre a Idade Média e o Renascimento. No capítulo aqui abordado, o autor traz uma reflexão de como o processo de formação do absolutismo e a quebra do feudalismo, fez a Igreja Apostólica Romana se enfraquecer, e consequentemente surgir novas religiões, através do movimento protestante iniciado a partir do século XVI.

 A Idade Moderna se formava. A transição feudo-capitalista dava espaço a uma burguesia ascendente, o poder cada vez mais se centralizava ao Rei e a economia se tornava mercantilista. O sistema econômico feudal se tornava cada vez mais obsoleto a partir do século XIV, fazendo a igreja católica perder suas forças, abrindo um vácuo de poder religioso. As crises no poder clerical e do pensamento teocêntrico na Europa Ocidental eram evidentes. Anteriormente a revolta de Martinho Lutero, os Concílios, como de Constança, já vinha limitando certas exigências da igreja e do papado. Mesmo com uma repercussão mínima, os sinais da Reforma eram evidentes e resultados importantes foram alcançados em diversos domínios.

                                                  Mas, logo que foi eleito, Martinho V apressou-se a apresentar um contraprojecto mais suave e a negociar separadamente com as diferentes “nações” do concílio concordatas provisórias que restabeleciam parcialmente as eleições eclesiásticas e diminuíam as exigências financeiras do papado. O concílio concluiu-se, em 1418,na impotência e numa total ausência de unanimidade. Porém, tinha tomado uma decisão fundamental e que preservava o futuro: como o papa era agora considerado inferior ao Concílio, este reunir-se-ia de aqui em diante de forma regular e automática. (DELUMEAU, 1984, P.109)

 

                                                  A vontade de reforma vinha essencialmente da base. Ora, a assembleia de Basileia atraiu relativamente poucos prelados – menos de cem -, mas cerca de quatrocentos universitários, decididos a avançar. O Concílio beneficiou desde logo da simpatia geral da cristandade, e Eugênio IV, apesar de uma hostilidade profunda, teve de reconhecê-lo como canônico (1434). Resultados importantes foram alcançados em diversos domínios. (DELUMEAU, 1984, P. 110)

 

As Reformas religiosas quebram o monopólio católico sobre o cristianismo na Europa Ocidental. Devemos lembrar que, não é um processo de ruptura, e sim, um processo de reforma do cristianismo, novas versões do mesmo.  A Igreja estava cada vez mais a mercê do novo modelo econômico para continuar em seu auge. A partir do século XIV já era evidente o desconforto por parte das atitudes do clero. As causas do inicio da reforma vem primeiramente da crise moral do clero, que, além da displicência de acordo com os cargos da igreja, valorizavam mais o poder do que a aproximação do povo a Deus.

                                                  Quanto mais alto na hierarquia,maior parecia o escândalo. Numa Roma corrompida pelo luxo do Renascimento, os cardeais são mais do que nunca os

“sátrapas, montados em cavalos cobertos de ouro e,em breve, ferrados com ouro...” criticados por Petrarca.Brigitte da Suécia havia exigido a supressão destes “inúteis”. Quanto aos papas,”fazem esquecer Cristo pelo seu silêncio” – é Erasmo quem fala -, “envolvem-nos nas leis do comércio ilegal, desnaturam os seus ensinamentos por interpretações forçadas e assassinamno pela sua conduta vergonhosa”. (DELUMEAU, 1984, P. 111)

 

 Se aproveitando do medo dos fiéis da condenação a um inferno pós-morte, se utilizavam de indulgências para “precavê-los” da condenação. A venda de indulgências era praticada tanto pelo alto quanto pelo baixo clero. O termo “indulgência” remete ao perdão que Deus dá aos homens por ter matado seu filho. É quando Cristo intercede pelos homens pedindo: “Pai, perdoai-vos, pois eles não sabem o que fazem.” Se Deus perdoou os homens por terem matado o seu filho, é para que o cristão perdoe o próximo. Em um contexto de formação do mercantilismo e capitalismo, uma parte da igreja começa a comercializar o perdão. Esta seria o chamado comércio de indulgências.  

                                                  Devemo-nos submeter aos sacramentos ou ao terço, à missa – uma missa que a maioria dos fiéis não compreende – ou à via – sacra, a Deus ou aos santos? O politeísmo parece renascer. Os cristãos, possuídos pelo medo da morte e do Inferno,procuram abrigar-se sob o manto da Virgem e tentam evitar a condenação eterna adquirindo grande número de indulgências. A penitência ganha assim um caráter venal e as indulgências são propostas como se fossem lotes em tômbolas. (DELUMEAU, 1984, P. 112)

 

Por conseguinte, como se alcançava a salvação num mundo em que Satanás é tão poderoso e o homem tão fraco? Existia, para este angustiante problema, uma solução que se pode chamar quantitativa: forçar a porta do céu a golpes de terços e de peregrinações; comprar “cartas de remissão” a algum perdoador e coleccionar indulgências. Numa época em que sentimento de insegurança era tão forte, tanto no domínio da religião como no da economia, as indulgências constituíam uma forma de seguro contra a condenação eterna. O tesouro dos méritos de Cristo e dos santos parecia constituir um verdadeiro “banco de depósitos e de transferência de contas” em que cada cristão podia ter um “activo” que talvez equilibrasse, no Dia do Juízo, um passivo de pecados. (DELUMEAU, 1984, P. 130)

 

Dentro da crise moral do clero, também encaixamos com a venda de indulgências, a Simonia, que eram as vendas de relíquias do cristianismo e o Nicolaísmo, que seria o ato de não praticar o celibato, no qual os membros do clero tinham total liberdade para cometerem o pecado da carne. O clero também passa por crises intelectuais com o surgimento de fenômenos que se tornam inexplicáveis, e que apenas com o surgimento do Renascimento cultural se tornam claras. Com a calamidade provocada pela Peste Negra, o clero também não possuía soluções para a cura da doença. A invenção da imprensa também retira o monopólio da igreja na criação de livros. Antes, os monges copistas em seus monastérios eram os responsáveis por isso, agora, todo indivíduo pode publicar um livro. .  

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