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Resenha vida contemporânea

Por:   •  22/10/2016  •  Artigo  •  1.418 Palavras (6 Páginas)  •  335 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUVO

CENTRO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

EDUARDO ARRUDA DE SOUSA

ARTIGO REFERENTE AO PERCURSO: “VIDA CONTEMPORÂNEA”

RECIFE

2016

No percurso da história, as mudanças na sociedade são acontecimentos mais do que naturais, e como em qualquer sociedade, a modificação das formas imateriais, como do pensamento, demora muito mais tempo para se efetuar do que por exemplo os bens materiais. Tendo isso em mente, o presente texto almeja, com o auxílio de importantes autores, debater certas mudanças que ocorreram na sociedade e atual e descreve-las, bem como compreender suas implicações no cotidiano e como o mundo é percebido atualmente

        Em um primeiro momento, é importante frisar que de acordo com uma classificação da história, ainda que um pouco positivista, o mundo está inserido na idade contemporânea, a qual é composta por algumas características. Giorgio Agamben explicita algumas dessas características que são capazes de elucidar o que significa esse contemporâneo pelo qual o mundo passa.

        Para o autor, o contemporâneo significa um estado de espírito, ou seja, alguma pessoa é ou não contemporânea, portanto, o que torna alguém contemporâneo? Para Agamben, citando Nietzsche, a contemporaneidade constitui uma relação de afastamento com o presente, o presente só é capaz de ser compreendido por aqueles que estão afastados do seu tempo. De certa forma é possível compreender o que o autor pretende dizer com essa afirmação, aquele que observa algo de muito perto, nesse caso o presente, deixa de perceber certas nuances do mesmo, suas características mais incrustadas, a partir do momento em que há um “distanciamento” desse tempo presente é bastante provável que haja uma compreensão mais plena do seu tempo. Essa relação também é explicitada na metáfora que Agamben realiza com o escuro, na qual o contemporâneo é aquele que olha para o céu e não vê apenas as estrelas mas sim o escuro. O escuro nessa frase não significa a ausência de alguma coisa, mas apenas é uma luz da verdade que não alcançou o presente, visto que algumas estrelas estão a vários anos-luz de distância. Prudente colocação do autor, já que em uma sociedade, aquele que realmente poderá compreendê-la é aquele que consegue enxergar não apenas aquilo que está nítido na sua frente, mas também tem a capacidade de perceber aquilo que ainda não está presente, a real compreensão é enxergar a luz mesmo que distante, é compreender a História como processo e por isso analisar a sociedade e perceber aquilo que está se desenhando para acontecer, desta forma é possível ser contemporâneo.

        Outra perspectiva apresentada é por Olgária matos que propõe uma reflexão sobre a organização do tempo e do trabalho de acordo com as demandas capitalismo contemporâneo e as dinâmicas da modernidade, derivando na alienação e na dominação do homem pelo mercado. Essa lógica acaba por recusar a temporalidade da experiência, resultando na diminuição do espaço do conhecimento, da liberdade, da felicidade e consequentemente levando o homem a perda do sentido e do controle do tempo e de sua vida. Tal ideal é regido pelo princípio do desempenho, rendimento e performances do trabalhador em seu ofício, esse embebido pela competitividade e uma cultura do ódio que promove a eliminação e a ferocidade em lugar da cooperação e da solidariedade, apoderando-se ainda de espaços democráticos importantes, como a educação, que deixa de ser "educação para a liberdade" para se tornar "educação para a adaptação".

        A autora oferece uma perspectiva um tanto quanto pessimista, mas que de forma alguma deixa de ser válida, é notório no mundo de hoje a forma como o capitalismo se incrustou em todos os aspectos, e o ponto que o texto aborda é justamente o quanto se modificam ficam certos comportamentos e práticas a partir do momento em que tornam-se afetados pelo capitalismo. Um dos exemplos mais prudentes ilustrados pelo texto fala sobre a relativização dos direitos sociais, os quais muitas pessoas lutaram séculos para garantir a todos e muitas outras perderam as vidas. Os direitos sociais constituem um obstáculo para o progresso do capitalismo e que devem ser diminuídos para realizar a lógica do mercado capitalista, que opera a curto prazo. Concomitantemente a essa prática, há a privatização de diversos serviços públicos que operam em uma temporalidade diferente do mercado capitalista, constitui-se um tempo de longa duração, não produzem efeitos imediatos na sociedade, como a educação e saúde. A partir do momento em que essas instituições ficam vinculadas aos interesses do mercado capitalista ela perde essa característica principal, e passa a visar um resultado em um curto período de tempo o estado simplesmente abdica de seu dever de garantir um serviço de qualidade para a população em prol do lucro e não de atender a população que realmente necessita, cedendo a capacidade de garantir o futuro.

        Outra forma de enxergar o contemporâneo é através da excelente carta de Peter Pál Pelbart aos estudantes de São Paulo que, em resposta a um plano de reestruturação da rede pública de escolas, o que causaria o fechamento de cerca de cem escolas e o desamparo de centenas de milhares de estudantes e professores. Esse movimento demonstra que ainda há espaço para discussões e protestos de uma forma ousada e inovadora, que foi justamente o que se apresentou com esse movimento, uma forma nunca antes vista de manifestação, uma atitude ética e política admirável da juventude que representa sim o futuro. Os movimentos foram na contramão do que a mídia atualmente procura, que são manifestações violentas e sem organização alguma, que perdem seu propósito real, para que dessa forma possam a desqualificar. Que foi justamente o que não ocorreu nesses processos de ocupação das escolas. Através desse ato, foi possível que os manifestantes pudessem se tornar não os “bandidos” que apenas causam a desordem, mas os “heróis” que lutam por uma causa nobre, enquanto que o governo passasse a ser o vilão ao ser irredutível e fazer uso da polícia militar para a dura repressão dessas crianças.

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