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Samaba E Cultura Popular

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Por:   •  18/10/2014  •  6.134 Palavras (25 Páginas)  •  162 Visualizações

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A Legitimação do Samba como Cultura Popular

Hurlan Jesus Maciel de Lara

Resumo: Este artigo abordará sobre o gênero do samba, mostrando suas raízes historiográficas vindo das senzalas ainda no período imperial praticado pelos escravos que passou a ser perseguido e marginalizado com o advento da República no Brasil a partir de 1889. Mostrando como os primeiros sambistas sofreram preconceitos durante a virada do século XIX para o XX. Partindo desses pressupostos o trabalho irá pontuar que os sambas não ficaram apenas limitados para os morros periféricos da cidade do Rio de Janeiro, mas também como adentrou nas casas das famílias elitizadas brasileira tendo como mediador do samba do morro com as elites a influência de Noel Rosa. Apontando também que tal cultura se tornou uma das ferramentas para o governo Vargas legitimando-o como uma cultura popular de símbolo nacional para dessa forma legitimar o seu poder perante a população.

Palavras chaves: Samba, Legitimação, Cultura Popular.

O samba não é apenas um simples gênero musical, ele está além disso, pois o Samba é caracterizado como um elemento componente da identidade Nacional Brasileira. No entanto, essa “identidade” nacional não se deu simplesmente da noite para o dia, houve muita luta para vencer o preconceito, interesses políticos e ideológicos que ao longo do tempo fizeram com que o Samba se tornasse o gênero que conhecemos nos dias de hoje.

Tudo iniciou nas festas organizadas pelos negros escravos, que após sua dura rotina de trabalho se reuniam nas senzalas para se distraírem fazendo batucadas, brincadeiras e também propagarem sua fé na religião que eles aclamavam (Candomblé). As batucadas e músicas que ecoavam nas senzalas madrugada a fora era justamente o que seria posteriormente denominado de samba. Suas raízes seriam uma mescla de cultura e dança africana com a brasileira (CHALHOUB, 1996, p.83-105).

Durante todo o período Imperial, essas festas só iam ganhando “corpo” e eram cada vez mais praticadas, sendo realizados também golpes de capoeira e a prática da religião do candomblé. Em 1888 com a abolição da escravidão as elites dominantes da cidade do Rio de Janeiro temiam que o Brasil se tornasse um país de reduto de população negra, além de a cultura, religião, músicas e costumes serem muito parecidos com os moldes africanos (CHALHOUB, 1996, p.83-105). As festas continuavam a ser realizadas nas casas de quituteiras localizadas na cidade do Rio de Janeiro, como a casa da Tia Ciata que reunia para as festas os negros mais pobres. Porém, o Brasil no ano seguinte deixava de ser um Império para se tornar República sendo então governado por Marechais. O império até então comunicava-se muito bem com a classe baixa da população brasileira adventos do samba, embora vivessem de maneiras precárias eles eram livres para propagarem suas culturas, mas com o advento da República em 1889 as coisas iriam mudar drasticamente (CARVALHO, 2002, p.140-164).

Os então marechais não viam com bons olhos o Brasil com uma população enorme de negros, pois a mão de obra de trabalho até recentemente era escrava, maioria negra e pobre que estava se adaptando numa vida assalariada (os que moravam nas grandes cidades) e outros que trabalhavam na zona rural. A preocupação da elite era justamente que essa massa de trabalhadores pobres e negros se rebelassem e tomassem o poder, assim como havia sido no Haiti anos anteriores, onde a classe escravocrata assumira o poder. Para resolver essa inquietação o governo republicano resolveu então perseguir pessoas que frequentavam as festas e fazendo “batidas” com certa frequência em bares e casas que havia a propagação das festas de sambas (GOMES, 2004, p.171-198).

O Governo republicano da época fazia essas “batidas” alegando que era necessário para cumprir a defesa da ordem e do progresso, defendendo a tese positivista que para o Brasil seria necessário que todos trabalhassem em prol da ordem e do progresso, sendo que essas festas eram a propagação da vagabundagem, da bagunça e não iria trazer a ordem necessária para o país e o progresso tão almejado pelo governo brasileiro (GOMES, 2004, p.171-198). Essa ideia de ordem e progresso de premissa positivista dava ênfase em sustentar no poder as elites dominantes, sendo assim que a ordem estabelecida não houvessem ameaça no sistema político instaurado.

O samba então, no fim do século XIX e início do XX passa a ser considerado “maldito” para o governo brasileiro, que tinha todo o respaldo pela camada elitizada do Brasil que via nos negros uma ameaça para o país. Assim, os sambistas sofreram muito durante o período da República Velha, pois eram impedidos de praticar suas músicas devido as inúmeras “batidas” que aconteciam nas casas e nos bares onde a festa era propagada, assim também como as demais culturas afro como o candomblé e a capoeira (GOMES, 2004, p.171-198). A perseguição por parte do governo e da elite era tão grande contra o reduto dos negros e pobres da cidade que interferiram até nas habitações destes, tendo que sair do centro para habitarem nos morros da cidade do Rio de Janeiro. Isso se deu pela política de modernização da Capital Federal que deveria se assemelhar com a capital francesa, Paris. Houve assim inúmeras modificações na paisagem da cidade do Rio de Janeiro, o porto por exemplo foi totalmente modificado se tornando moderno e maior para que os navios de grande porte pudessem adentrar ao porto. No centro da cidade as ruas deveriam ser largas, iluminadas e habitadas por pessoas de classes sociais elevadas e não ruas estreitas escuras habitadas por pobres. Com isso foram derrubados os barracos para aumentar a largura das ruas, foram construídos edifícios modernos na época e a camada baixa foi “empurrada” para habitar os morros da cidade, surge então o que conhecemos nos dias de hoje como favela. A partir de então não era apenas a música, a dança, os costumes que eram discriminados pela sociedade elitizada, mas também os lugares onde os pobres habitavam. Inclusive nesse período houve a intensificação da política do embranquecimento, para que a população brasileira não fosse uma população negra houve diversas imigrações vindas do continente europeu e até asiático para habitar e trabalhar no Brasil. (SEVCENKO, 1984, p.17-53).

Contudo, o samba e as festas então discriminados começavam a se propagar nos morros onde eram habitados. A música, a dança e os costumes continuavam sendo realizados e continuavam sendo perseguidos, no entanto quando aderiram nos morros do Rio de Janeiro sua propagação ficou um tanto quanto facilitada, pois havia uma boa visualização de cima do morro quando

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