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Sete mitos da conquista espanhola o mito do rei

Por:   •  15/7/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.164 Palavras (5 Páginas)  •  421 Visualizações

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Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

História e historiografia dos índios - Profª Vania M. Losada

Geovana Siqueira Costa

Texto base: O mito da conclusão

Muitos processos históricos têm nomes diferentes, dependendo da perspectiva de um lado ou outro do conflito. Entretanto, a Conquista do México não tem nenhum outro nome. Os rótulos dados à Conquista são tidos, sem maiores crítica, como descrições neutras e simples. Os anos em que tais acontecimentos se deram foram então transformados em a história da vitória espanhola ou em marcos que assinalam a conversão da barbárie para a civilização. Essa visão foi gerada pelos próprios espanhóis, e sobreviveu mais ou menos intacta até os dias de hoje, tendo uma aura de inevitabilidade em volta de si mesma. O mito da conclusão diz que os colonizadores antecipavam prematuramente a conclusão de suas campanhas, já anunciando sua vitória. O texto pretende desmistificar essa ideia, mostrando porque os espanhóis agiram dessa forma. Primeiro, porque o sistema hispânico era de patronagem (contrato e recompensa), que precisava ser cumprido. A colonização precisava de viabilidade econômica imediata e precisava do aval da Coroa, que devia ser convencida a ceder licenças. Segundo, por causa da ideologia de justificação imperialista, em que a Conquista tinha objetivos divinos, sendo os conquistadores agentes da Providência.

Portanto, a tese principal do capítulo é de que a ideia de conclusão é um mito. O autor afirma que a Conquista permaneceu por séculos ainda incompleta, e a demonstração é feita a partir dos sete aspectos que estão na segunda metade do capítulo.

Esses sete aspectos, ou sete incompletudes mostra porque a conclusão da Conquista espanhola tão cedo é um mito. O método se desdobra dessa forma: o autor afirma um mito e logo depois demonstra porque ele é um mito, através das fontes de relatos de viagens e documentos da época. Ao final, o autor propõe que pensemos o mito da conclusão através da teoria de James Lockhart, “Identidade Duplamente Equivocada”, que é uma faceta do etnocentrismo. A identidade duplamente equivocada é o principio de que os dois lados do intercâmbio cultural entende determinada coisa ou conceito a partir da própria tradição, ignorando a interpretação que o outro dá a ela.

O mito da conquista gerou uma crise de identidade mexicana. Datas como 1521 e 1492 não são submetidas a analises críticas, e o seu uso continua sendo o de perpetuar os marcos coloniais (erroneamente). A conquista da capital mexicana não significou a conquista do império asteca, mas apenas o seu desmembramento. Mas essa é só uma parte das incompletudes do mito da conclusão. Vamos à elas.

  1. Rapidez da conquista em áreas cruciais e subsequente instalação dos colonos. (estabelecimento de colonias no litoral e na mesoamerica e andes, principais focos de interesse) Isso se constitui como mentira porque porções significativas dos Andes continuavam fora do controle colonial mesmo após sua “tomada”, assim como os maias ainda detinham controle sob vasta maioria da península de Yaucatan, e algumas nações indígenas independentes ainda existiam em 1880.
  2. Prolongamento da conquista militar dos territórios periféricos ou marginais da américa espanhola. O espanhois buscavam povoamentos nativos para estabelecer suas colônias, porém, fora da mesoamerica e dos andes eles encontraram tribos esparsas e pouco receptivas. Nessas regiões, foram necessárias décadas até que eles conseguissem estabelecer controle. Como exemplo, o autor cita a Flórida e a bacia do rio da prata, que as primeiras tentativas de subjução foram desastrosas, precisando de mais seis tentativas. A expansão era assim, gradual, e demandava operações militares frequentes nas fronteiras, terminando em alguns casos apenas com a chacina dos povos. A conquista, então foi uma série de expedições armadas e iniciativas militares contra os nativos que, muitas vezes, jamais foi finalizada. A resistencia yaqui, por exemplo, perdurou até o periodo moderno, assim como outros povo, resignificando a sua resistência.
  3. A Pax colonial. A pax colonial, ou a paz ente colonos e nativos, é um aspecto do mito da conclusão na medida em que a história da américa espanhola foi coalhada de revoltas nativas contra o domínio colonial. Não eram tempos de paz, mas de violência endêmica. Essa visão se dá em parte porque o caráter das revoltas tornava fácil de abafá-las, tornando-as insignificantes em comparação com as revoltas européias. O outro motivo é que os espanhois entendiam a colonização como um caminho de Deus para levar a civilização, assim, o regime colonial era visto como pacífico e benevolente.
  4. As formas de resistência. Os historiadores tendem a levar em conta apenas as revoltas dramáticas e violentas, e deixam de lado os padrões menos óbvios de resistência, como as cotidianas. A resistência diária se dava de inúmeras maneiras, como atos individuais, sabotagens, roubos, indolência no trabalho ou mesmo refugiando-se em regiões longíquas e indomadas.
  5. A proporção da autonomia indígena. Tal autonomia era sancionada pelas autoridades espanholas e acalentada pelos líderes nativos por meios ilegais ou negociações legítimas. Os espanhois não procuravam exercer domínio direto sobre os nativos, mas esperavam preservar as comunidades como fornecedoras de mão-de-obra e produtos agrícolas. Em boa parte, isso se dava porque os espanhóis não eram fazendeiros, e dependiam do trabalho nativo, e esse sistema se dava melhor em cidades-estados agrárias organizadas e sedentárias, como a mesoamérica e o andes (sistemas complexos de organização social). Durante séculos boa parte dos nativos continuou falando sua língua, arando sua terra e se submentendo aos seus próprios líderes. Só muito gradualmente a autoridade comunitária foi se erodindo, sob pressões demográficas e políticas coloniais (que é muito do que a gente ja tem visto dos indios brasileiros). Foi um processo gradual de negociação e acomodação, não um evento singular e decisivo, finalizado em um único momento.
  6. A conquista espiritual.

7. A persistência das culturas.

Assim, a conquista foi mais prolongada do que acreditavam os espanhóis, sendo os conflitos deslocados para as fronteiras constantemente, em diversos focos de ataque. A conquista também enfrentou resistência em métodos diversificados e cotidianos, e a espiritualidade e cultura também foram foco de resistência, constituindo-se como processos complexos e prolongados, que tornaram o conceito de conclusão irrelevante.

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