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TRABALHO MONOGRAFICO ORIENTADO

Por:   •  24/10/2022  •  Trabalho acadêmico  •  4.009 Palavras (17 Páginas)  •  75 Visualizações

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

TRABALHO MONOGRAFICO ORIENTADO

PROF.: GRAYCE MAYRE BONFIM SOUZA

OS BORGIAS: A imagem da política e do poder na obra O Príncipe (1513) de Nicolau Maquiavel.

Vitoria da Conquista

Janeiro 2021.

CLEONIDE SOUSA SANTOS

OS BORGIAS: A imagem da política e do poder na obra O Príncipe (1513) de Nicolau Maquiavel.

Projeto Monográfico apresentado à disciplina TMO I como parte dos requisitos necessários de aprovação no curso de Licenciatura Plena em História da Universidade do Sudoeste da Bahia - UESB.

Prof. Orientador: Grayce Mayre Bonfim Souza

Vitoria da Conquista – Ba

        Janeiro de 2021.

INTRODUÇÃO:

        Nicolau Maquiavel morreu há quinhentos anos, mas seu nome subsiste como designação de astúcia, duplicidade e má fé em assuntos políticos. Ele acreditava que os homens – pelo menos os superiores buscavam a realização e a glória que provém da criação e manutenção de um conjunto social forte e bem governado por meio de um esforço comum. Em sua concepção, os eles precisam de um governo civil firme e energético. Homens diferentes perseguem fins diferentes, e para cada busca precisam de um talento apropriado. Esse tipo de abordagem é típico do humanismo e do país de Maquiavel e de seu tempo. As pessoas precisam de governantes porque carecem de alguém para ordenar os grupos humanos regidos por interesses diversos e oferecer-lhes segurança, estabilidade, acima de tudo proteção contra os inimigos, estabelecer as instituições sociais que só elas são capazes de satisfazer suas necessidades e aspirações.

O pensamento do filosofo florentino situa-se num contexto de fragilidade política italiana, em consequência da fragmentação do Estado. A visão de política e poder defendidas por ele serão amplamente discutidos ao logo deste trabalho. Entre os vários aspectos trabalhados pelo autor, destacaremos os temas relacionados à ação política, e sua aproximação com a família Borgia. Observando o pensamento político do autor é que analisaremos a concepção do modelo de Estado centralizado por ele proposto. Levaremos em conta neste projeto às observações acerca dos conceitos políticos específicos. Até aquele momento, as explicações eram predominantemente voltadas a conceitos religiosos de poder. As virtudes necessárias ao exercício deste para a manutenção do Estado serão observadas segundo seus princípios e ideias.

A disputa pelo poder foi o pano de fundo de boa parte da história renascentista, período em que Maquiavel viveu. A tirania presente nos principados italianos e alguns governos despóticos provenientes de famílias sem tradições dinásticas colocavam em xeque a legitimidade do poder de algumas pessoas, fazendo com que se acentuassem as crises e a instabilidade em seus diversos âmbitos.

O realismo político que o pensador florentino discute, o princípio de que é necessário se ater a “verdade efetiva das coisas” ligado a um pessimismo antropológico, e que irá conduzi-lo a esboçar um conceito de “virtude” do príncipe para governar eficazmente o Estado.

  1. Nicolau Maquiavel e as ações da família Bórgia

Maquiavel se sentiu obrigado a consagrar um capitulo de livro “O Príncipe” a uma espécie Estado bem particular, que escapam à maioria das regras que regem os outros: O que ele chama de “ principados eclesiásticos”, um plural que mostra sua consciência da singular organização política do Estado da Igreja.

Resta-nos falar sobre os Estados eclesiásticos, em que todas as dificuldades se situam no período que precede a sua conquista. Conquistados com o mérito ou com a sorte, nem de um ou da outra é preciso para conservá-los, pois são sustentados por antigos costumes religiosos. Tão fortes e de tal qualidade são estes que permitem aos príncipes se manterem no poder qualquer que seja sua conduta e modo de vida. Só esses príncipes podem ter Estados sem defende-los e súditos sem governa-los; e seus Estados, mesmo sem ser defendidos, não lhe são tomados. [...]. Somente esses Estados, portanto, são seguros e felizes. (Maquiavel, p. 78).

Para ele, ocorreram grandes mudanças na situação política da Igreja romana. Enquanto anteriormente ela não era respeitada pelos Estados vizinhos nem pelos seus súditos. Com a chegada de Alexandre VI ao trono de Pedro a igreja tornou-se uma potência temporal respeitável, a ponto de “ser temido pelo rei da França que por ele foi expulso da Itália e levar os venezianos à ruina”.

O primeiro papa que busca estabelecer solidamente sua autoridade sobre as possessões da Santa Sé é o papa Sisto IV, eleito em 1471. E o principal instrumento que ele recorre para atingir seus fins é o nepotismo. Seu papado durou treze anos, marcado por intrigas, guerras e inversões de alianças, o papa morre sem ter conseguido ampliar o território da Igreja e sem estabelecer plenamente a autoridade pontifical no interior do Estado. Sua sucessão se realiza num ambiente extremamente tenso – um conclave muito politizado, onde se defrontaram duramente os clãs do cardeal Borgia e os do cardeal Della Rovere, dois dos homens mais fortes do regime, os quais dominarão com sua personalidade a política pontifical dos próximos vinte e cinco anos.

Nesse contexto a Itália estava dividida em ducado, republicas e principados, todos rivais entre si, muitos sem exércitos nacionais lutando com forças mercenárias. Nessa luta a traição, a astucia, os assassinatos eram frequentes, mesmo por parte dos adeptos do poder papal. Este cenário da realidade social estudada por Maquiavel é retratada em O Príncipe. A Itália na época do renascimento se caracterizava pelo dinamismo que substituía gradualmente o imobilismo da idade Média pela retomada dos clássicos gregos e romanos como mito do presente programa para o futuro e por uma nova visão do homem.

Quando o politico florentino foi indicado para o cargo de secretario da segunda chancelaria, ele assume a árdua missão diplomática nesse contexto de rivalidades, constantes de ameaças de guerras. Tinha consciência da sua grandeza e desprezava as exterioridades formais e os meios artificiais de abrir caminho.

Até a Idade Média a ciência politica guardava ainda o ideal limitado da Antiguidade clássica, cujo conhecimento teórico e normativo definia a alçada ou o limite da ação do governo e, sobretudo o conteúdo ético ou moral do comportamento do monarca. Com Maquiavel a realidade concreta, por comportamento efetivo, enfim, a condição humana em si é tomada como pressuposto ou base da ação politica. Os Estados não podem mais ser governados com empirismo. Ele foi o primeiro a abandonar a relação entre o dever ser e o ser, entre o comportamento ideal ou normativo e o comportamento real. Estudou a realidade como esta se apresenta, e não como seria desejado se apresentar. Sua visão politica é baseada na realidade nua e crua, na “verdade efetiva das coisas.” Por sua opinião realista foi julgado como cruel, imoral, demoníaco, como se fosse ele próprio o autor da crueldade e má-fé dos homens, principalmente os governantes.

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