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Trato dos Viventes

Por:   •  3/12/2018  •  Resenha  •  3.699 Palavras (15 Páginas)  •  692 Visualizações

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA de SÃO PAULO[pic 2]

Luiza Cury Ricciardi (HIS-MBA1)

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INTRODUÇÃO

  • AUTOR e SUA OBRA

“Sempre se pensou o Brasil fora do Brasil, mas de maneira incompleta: o país aparece no prolongamento da Europa.” (Alencastro, 2000). A citação feita pelo historiador e cientista politico Luiz Felipe de Alencastro prolonga o território brasileiro que  estende-se para além das fronteiras sul-americanas: a formação do país fora modulada por relações econômicas com a África. Em o Trato dos Viventes: formação do Brasil nos séculos XVI e XVII, publicado em 2000 pela Companhia das Letras, emerge uma visão dicotômica do ponto de vista de sua formação, ao se pensar em um Brasil monossilabico espacional e transcontinental, luso brasileiro e luso-africano, por sua vez sustentado por uma zona economica formada pelo Brasil e por Angola. A  força da relação econômica do primeiro para com o segundo, que  mantivera-se desde o século XVI até a extinção do tráfico negreiro em 1850, já era patente para o Padre Antonio Vieira quando observa que o Braisl “vive e se sustenta” de Angola. Parafraseando o autor do livro, pod-se afirmar que o Brasil tem seu corpo na América, no entanto sua alma finca raízes na África.

Oferecendo reflexões aos leitores, neste livro Alencastro, 72, permite-nos repensar a formação do Brasil no âmbito de domínio Norte-Sul e dos conflitos interiores da colônia, para dar espaço às expedições luso-brasílicas que partem do Brasil para a África durante o século XVII, intrínsecas ao novo olhar de formação territorial. As variáveis históricas sobre as quais se move o autor, desaguam em dois afluentes: fatos contados em ritmo de aventura e micro histórias individuais relatadas em minúncias instigantes. Em vista do livro em questao, somam-se mais outras obras que concluem o projeto de Alencastro em repensar a formação do Brasil, capazes de estender sua visão até a década de 40. Isso explica-se ao considerar o período compreendido por “1550 a 1930” sinônimo do tempo em que está em curso o mercado de trabalho desterritorializado, quando ainda o contigente principal da mão de obra nasce e cresce exteriorizado do território colonial e nacional. Apreender acima de tudo, a formação do Brasil “nos seus prolongamentos internos e externos” como reitera o autor.

De frente com a formação profissional e intellectual de Alencastro, devemos considerar seu início quando ainda se fazia graduante da Universidade de Brasília (UnB). Ainda estudante e residente da instituição fora expelido em face do clima ameaçador que a ditadura instalara em 1964. Em seguida fez-se então profissional com formação e longa vivência na França. Tempos depois tornou-se professor titular da cátedra de história do Brasil na Universidade de Sorbonne, em Paris. Quando a ditadura foi interrompida, Alencastro passou por um período brasileiro de trabalho entre 1986 e 1999. Nesse intervalo tornou-se professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e pesquisador do centro Brasileiro. Paralelamente a isso esporadicamente reside como professor visitante da Escola de Economia da FGV de São Paulo.

  • LIVRO

Aqui tratarei do molde sobre qual a obra está inserida, quanto a repartição dos capítulos. O livro tem seu início marcado por um prefácio em que o autor inicia no primeiro parágrafo a discussão a respeito do subtítulo “Formação do Brasil no Atlântico Sul”. A partir deste, Alencastro discorre em cima do paradoxo histórico tal qual demonstra no passar das páginas: a formação de um Brasil fora do Brasil. A formação de um espaço econômico e social bipolar entra em vigor em vista da dialética transcontinental que rege a narrativa da colonização portuguesa, fundada no escravismo. De uma face engloba-se a zona de produção escravista situada na costa litorânea da América do Sul,  da outra uma zona de reprodução de escravos centrada em Angola. O restante do livro é distribuído em 7 capítulos, em que cada um é composto por tópicos subtitulados; a conclusão respectiva ao título “Singularidade do Brasil” estruturada como nos capítulos anteriores, por tópicos; em conjunto com o corpo da obra, ao final do livro estão distribuídos apêndices enumerados do primeiro ao sétimo e por ultimo notas do autor, abreviações utilizadas, fontes e bibliografias citadas, crédito de ilustrações, índice onomástico e a biografia do autor.

  • BIOGRAFIA DO AUTOR

Nascido em Itajaí, Santa Catarina no ano de 1946, período também compreendido ao governo Dutra no Brasil em sua fase de guinada liberal, Luiz Felipe de Alencastro é graduado em hisória e ciências políticas pela Universidade de Aix-en-Provence, na França onde tornou-se doutorando em história pela Universidade de Paris-Nanterre. Além de ter feito parte do corpo docente do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), atuou em outras Instituições como pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap). No período vigente leciona na cátedra de História do Brasil da Universidade de Paris-Sorbonne, onde tornou-se professor titular. Renomado por integrar-se como organizador, em conjunto com a direção feita por Fernando Novais, do volume 2, Império – A corte e a modernidade nacional, da História da vida privada no Brasil, destaca-se também como colaborador de vários jornais brasileiros e colunista da revista Veja.

A partir de agora retomarei alguns dos sete capítulos conectados e interligados na obra O Trato dos Viventes. A fim de discorrer o período compreendido aos séculos XVI e XVII, sob uma perspectiva exteriorizada do hemisfério luso-brasileiro e europeu ensaiada pelo autor a fim de destrinchar os processos de como se dera a formação. Para além do que reside no senso comum, mergulhar integralmente na formação do Brasil no Atlântico Sul que estende suas raízes intercontinentais: têm-se a alma do território brasileiro na África.

CAPÍTULOS

  • CAPÍTULO 1, O aprendizado da Colonização

Quando o autor torna a discussão para como se dera a formação do Brasil para além de suas fronteiras demarcadas, não devemos cair no anacronismo que é empregar o termo “Brasil”, empecilho que transfigura a noção que se tinha na época do período estudado aqui. No que se define como Brasil nos dias de hoje, não se aplica para a época colonial, em que o território era um prolongamento político e econômico de Portugal, portanto colônia pertencida a essa metrópole. O autor se pronuncia quanto a formação ocorrida a partir da colonização, como resultado do gradual engajamento dos colonos, em vista que este processo não é dinamicamente formatado de antemão, mas árduo e lapidado aos poucos. A ocupação dos colonos no novo mundo não era o suficiente para assegurar e garantir o desenvolvimento da exploração econômica que primariamente toma forma. Para compreender o valor transmitido que era garantir o domínio da metrópole sobre a colônia, é necessário colocar em evidência a essencialidade que fora para os lusitanos o domínio sobre o mercado.

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