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Verbete A Era dos Extremos

Por:   •  7/10/2020  •  Resenha  •  2.292 Palavras (10 Páginas)  •  123 Visualizações

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PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO –UFMS

Discente: Liana  Deise Silva

Verbete

Questões do método e o Campo da história – verbetes

A Era dos Extremos

A obra Era dos extremos: o Breve Século XX: 1914 – 1991, de Eric Hobsbawm tem como objetivo compreender e explicar porque as coisas deram no que deram e como elas se relacionam entre si (p.13).  Para tanto busca compreender os momentos denominados por ele de “A Era da Catástrofe”, que vai 1914 até 1945, abordando principalmente as duas primeiras guerras mundiais; “A Era de Ouro”, que vai do fim da Segunda Guerra Mundial até a década de 1970; e “O Desmoronamento”, que vai de 1970 até 1991, com o fim da União Soviética, evento que segundo o historiador finaliza o século, assinalando que “não há como duvidar seriamente que em fins da década de 1980 e início da década de 1990 uma era se encerrou e uma nova começou” (p. 15).

Na introdução de sua obra Hobsbawm fala sobre a pesquisa em história, e diz que para compor essa obra recorreu “as memorias e opiniões acumulados por quem viveu o Breve século XX na posição de observador participante” (p.8). Ele afirma que o valor histórico das experiências esta, em ter presenciado grandes ocasiões históricas ou ter conhecido ou encontrado protagonistas da história. (p.8).

Ao se referir as fontes diz que, a medida que “o historiador do século XX se aproxima do presente, fica mais dependente de dois tipos de fontes: a imprensa diária ou periódica e os relatórios econômicos periódicos e outras pesquisas, não sendo possível se escrever nenhuma história das mudanças sócias e econômicas sem tais fontes. (p.9)

Para o autor hoje há uma “espécie de presente continuo, sem relação qualquer relação com o passado público” da época que se vive. Para ele “o oficio do historiador é lembrar o que os outros esqueceram”, sendo assim é necessário serem” mais que simples cronistas, memorialistas e compiladores”. (p.13). Assim o historiador deve debruçar-se sobre os fatos e acontecimentos e a partir da sua análise, ajude a explicitar as suas causas, dentro de uma dada perspectiva histórica.

A história ou a leitura do tempo

Roger Chartier em sua obra intitulada “A história ou a leitura do tempo”, discute uma suposta “crise da história”. O seu trabalho se fundamenta nas questões postas por três livros, publicados na década de 1970, que questionavam o estatuto de verdade da historiografia: Como se escreve a história (1971) de Paul Veyne, “em que a história é um relato e o que se denomina explicação não é mais do que uma maneira de a narração se organizar em uma trama compreensível”. Meta-história (1973) de Hayden White, identifica formas estruturais profundas da imaginação histórica, e A escrita da história (1975) de Michel de Certeau em que afirma que o discurso da história pretende dar um conteúdo verdadeiro, mas sob forma de narração (p.11). A história consegue dar conta do que seria verdade?

 Essas questões ascenderam grande debate, que tinha por um lado a defesa da disciplina da história enquanto uma ciência produtora de verdade, e por outro como uma narrativa embasada métodos ficcionais.

Conforme Chartier (p.12)

Só o questionamento dessa epistemologia da coincidência e a tomada de consciência sobre a brecha existente entre o passado e sua representação, entre o que foi e o que não é mais e as construções narrativas que se propõem ocupar o lugar desse passado permitiram o desenvolvimento de uma reflexão sobre a história, entendida como escritura sempre construída a partir de figuras retóricas e de estruturas narrativas que também são as da ficção.

Carlos Guinzburg também é incluído no debate, e utiliza os conceitos de Aristóteles para esclarecer que retorica e prova são indissociáveis, de modo que para o historiado, a historiografia possui verdade especifica pautada em vestígios do passado.

Para Michel De Certeau, para que haja credibilidade no discurso histórico há que se buscar referencias no passado. Para ele a historiografia é ao mesmo tempo, narração e ciência, conhecimento e relato.

De acordo com Chartier, as instituições e técnicas que norteiam a disciplina da história devem ser consideradas em seus contextos específicos. Utilizando-se de Pierre Bourdieu, ressalta que as determinações do campo que ditam o que é ser historiador, e “que em cada momento a instituição histórica se organiza de acordo com hierarquia e convenções que traçam as fronteiras entre os objetos históricos legítimos e os que não são e portanto são excluídos ou censurados” (p.18)

No âmbito de tais discussões, Paul Ricoeur analisa as diferenças entre memória e história. De acordo com esse autor a historiografia tem um compromisso com a busca da veracidade, enquanto a memória costuma ser entendida como se fosse naturalmente verdadeira. Ele distingue o trabalho historiográfico em três fases distintas: o estabelecimento da prova documental, a construção da explicação, e a apresentação em forma literária.

Chartier ressalta que:

A epistemologia de verdade que rege a operação historiográfica e o regime de crença que governa a fidelidade da memória são irredutíveis, e nenhuma prioridade, nem superioridade pode ser dada a uma à custa da outra (p.24.)

        No que tange a relação da história e ficção, Roger Chartier nos mostra que, determinadas obras literárias formam representações coletivas do passado e a história busca uma representação adequada da realidade que foi e já não é.

        Sobre história Cultural, o autor diz que é difícil delimitar o campo da história cultural em função das múltiplas concepções de cultura. Afirma que a história cultural “privilegiou objetos, âmbitos e métodos diversos” (p.35) a partir das diferentes heranças e tradições. Segundo Chartier é necessário identificar questões comuns aos enfoques da História cultural compreendendo como se dá a articulação entre as obras singulares e as representações comuns, ou seja, de que maneira “os leitores e espectadores dão sentido aos textos dos quais se apropriam”. (p.35)  

        Chartier, destaca a importância do conceito de representação para a história cultural, porque por meio dele é possível vincular as posições e as relações sociais com o modo pelo qual os indivíduos percebem a si mesmos e aos outros.

        A escrita da História

        Michel De Certeu na obra “A escrita da História”, considera que a história é ao mesmo tempo uma disciplina, uma prática e uma escrita. (p.66). Ele considera que na operação historiográfica o papel do historiador é dar voz ao não dito. Por meio do campo teórico metodológico o profissional da História estabelece e atribui sentido a um determinado fato ou artefato, que sendo visto fora de seu contexto não nos apresentaria uma informação relevante.

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