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A Trajetória da estilística

Por:   •  2/7/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.967 Palavras (8 Páginas)  •  1.082 Visualizações

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Síntese do texto “A trajetória da Estilística”, de José Lemos Monteiro

  1. Principais vertentes da Estilística

Ao adquirir o status de disciplina, a Estilística passou a se voltar ora para o lado da Crítica Literária, ora para a Linguística.

Com isso, pode-se dizer que a Estilística se dividiu perante duas vertentes. A Estilística Descritiva é aquela que foca nos componentes do discurso enquanto que, a Estilística Idealista ou Genética é voltada para a intuição.

Segundo Guiraud (1954a), a diferença maior entre essas duas correntes se deve ao fato de que a primeira estuda as relações da forma com o conteúdo, sem ultrapassar o fato linguístico em si; a segunda se volta para as causas do fenômeno da expressividade, com foco no universo psicológico do autor de uma obra literária.

  1. A Estilística Descritiva

Bally, sendo o criador e sistematizador da Estilística, propôs que o fenômeno da expressividade deveria ser entendido como uma decorrência de motivações afetivas. Ou seja, a Estilística deveria, então, investigar a expressão dos fatos da sensibilidade pela linguagem e a ação dos fatos de linguagem sobre a sensibilidade (Bally, 1951: 16 et passim).

A partir daí, tal estudo se dividiu em três campos de aplicação: a linguagem em geral (universais linguísticos), uma dada língua (a Estilística da langue), o sistema expressivo de um indivíduo isolado (a Estilística da parole).

O motivo pelo qual foram formuladas essas ideias, foi o fato de o objetivo da comunicação verbal não se restringir apenas à transmissão dos conteúdos conceituais e intelectivos, mas também à elementos de ordem afetiva.

Por isso, é possível dizer que a Estilística descritiva surgiu para seguir o ramo da Linguística, de modo a complementar o trabalho de Saussure, no que diz respeito ao discurso e a afetividade da linguagem. Bally intuiu que tais conteúdos poderiam ser sistematizados, uma vez que o uso linguístico se baseia quase sempre numa escolha entre duas ou mais formas.

  1. A Estilística Idealista

Croce, como o criador do idealismo moderno, baseou suas concepções no espírito humano, fonte de todo o conhecimento. Este espírito, manifestado na arte, por exemplo, é a única realidade absoluta. Dessa forma, pode-se dizer que a arte tem um caráter autônomo, resultante da harmonização na obra literária entre a emoção e a palavra que a expressa.

A Estilística idealista não foi formada apenas pelo esteticismo de Croce, mas também pelo espiritualismo de Humboldt e o intuicionismo de Bergson.

Humboldt acreditava que a língua era algo dinâmico, em constante evolução, o que sugere uma analogia à langue e parole, de Saussure. Vossler tinha o mesmo pensamento: a língua como ato volitivo do indivíduo, e não como produto criado, instrumento passivo da coletividade. Dessa forma, a linguagem é vista como a expressão de uma vontade, de um ser humano, e por essa razãoo, não deve ser fragmentada.

Tais ideias, ligadas ao objetivo de atingir a própria fonte de onde flui a palavra, também condizem com as de Spitzer. Em busca desse objetivo, o método spitzeriano se divide em dois momentos na tarefa interpretativa: o primeiro, focado na intuição, tenta analisar os traços linguísticos de uma obra, principalmente aqueles que possibilitam a entrada do leitor no universo do discurso, até a obtenção de uma visão totalizadora; o segundo, com foco na dedução, busca comprovar a validade da interpretação por meio de dados de toda espécie.

Dessa forma, pode-se dizer que a análise spitzeriana se concentra numa reflexão sobre os desvios do uso normal da língua, desvios que resultam de uma emoção ou alteração do estado psíquico do escritor. O estilo, expressando-se da sua própria maneira, espelha o seu universo interior, as suas profundas vivências e experiências.

Assim sendo, enquanto Bally analisou os aspectos coletivos da linguagem, Spitzer deu foco nos do discurso. A ideia fundamental não deixa de ser a de que a língua reflete o ser humano, e é na sua utilização, como algo individual, que se pode refletir sobre a realidade.

Seguindo o pensamento de Spitzer, estão também outros pesquisadores, como Damaso Alonso, Castagnino, Hatzfeld, Amado Alonso e tantos mais.  

Dámaso Alonso, responsável pela publicação de muitos trabalhos teóricos e de análises críticas que privilegiam também a intuição como forma de acesso às entranhas do texto literário, partem do pressuposto, porém, de que não é possível adotar um único método de análise válido para todas as obras: “para cada poeta, para cada poema, é necessária uma via de penetração diferente” (Alonso, 1950: 492).

O objetivo da Estilística não consiste, dessa forma, em analisar todos os componentes do discurso literário, mas em selecionar, por mecanismos intuitivos, aqueles que podem conduzir à unicidade ou essência da mensagem.

Amado Alonso também mescla traços das doutrinas de Bally e de Spitzer. Ele acredita que o interesse maior deve ocorrer na obra em si mesma, e não no autor. Para ele, a intuição não deve ocorrer apenas como forma de conhecimento e de expressão do poeta mas também se identifica com a própria obra.

O pesquisador concebe, então, como objeto da Estilística o sistema expressivo de um discurso literário, ou seja, sua estrutura e o poder sugestivo das palavras. Dessa maneira, a Estilística teria dupla finalidade: considerar os aspectos de construção do texto e analisar o prazer estético por ele veiculado.

  1. Outras vertentes

A mudança na trajetória da Estilística passou a acontecer com a intersecção das correntes linguísticas. Sendo assim, acreditava-se que os elementos do discurso poderiam ser submetidos a análises mais precisas e rigorosas, desvinculadas da subjetividade ou impressionismo.

     2.1.  A Estilística Estrutural

A reação mais forte contra o impressionismo meio por parte de Rifffaterre, que dizia que a análise estilística deveria se basear em critérios objetivos, estilisticamente marcados, capazes de controlar as inferências do leitor. Para tanto, é preciso levar em conta a própria percepção do leitor, já que tais fatos são aqueles que causam surpresa ou manifestam um certo grau de imprevisibilidade.

Entretanto, as análises feitas por Riffaterre não parecem prescindir de intuições ou inferências muito pessoais, e nisso não há demérito. Dessa forma, segundo Riffaterre (1971: 121), a boa interpretação deve-se ater ao texto: “o poema não é apenas escrito num código que lhe pertence, mas a chave desse código se encontra no próprio texto”, não dispensando a sensibilidade do analista.

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