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ANALISE DE POEMAS DE ANA CRISTINA CÉSAR

Por:   •  8/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  1.584 Palavras (7 Páginas)  •  1.040 Visualizações

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A construção da poesia de Ana Cristina César se baseia na constituição de imagens sobre imagens, a partir de presenças de elementos que norteiam os textos. As ausências, representadas pela supressão de conectivos em muitos discursos, constroem mensagens e imagéticos aliados ao cotidiano, e simula, muitas vezes, a falta de conexão entre ambientes diversos mas, ao final, produzem sentido. Isso quer que a coesão por elipse é, também, uma das construções mais utilizadas por Ana, e, apesar das omissões, não compromete a clareza das ideias, mas fornece mais possibilidades às relações entre o eu-lírico e o contexto situacional, como no poema “Estou atrás”, em que há conexão entre título e corpo, com relação de dependência, mas não há conectivos no próprio corpo. Em vez disso, utiliza-se de anáforas (Estou atrás do despojamento mais inteiro/ da simplicidade mais erma/ da palavra mais recém-nascida) e constrói, gradativamente, imagens e sentimentos. Há outros poemas que seguem essa mesma linha estrutural, como Instruções de bordo e Flores do mais. No poema “Noite carioca”, a construção de sentido a partir da ausência de conectivos se dá por indução e orações apositivas (“Diálogo de surdos, não: amistoso no frio/ Te apresento a mulher mais discreta do mundo: essa que não tem nenhum segredo”). Esses processos constituintes elevam a configuração sistêmica a uma relação plural de significantes, com pressuposições e figuras de estilo, talvez como uma forma de acompanhar os pensamentos do próprio eu-lírico, com lembranças fragmentadas e rupturas, mas que, ao final, formam uma subjetividade, uma particularidade na linguagem como representações da própria intimidade de quem produz as vozes. O poema “poesia” também possui muitas elipses, já que se isenta de conectivos mas, ao mesmo tempo, constrói singularidades em seu discurso (“Jardins inabitados pensamentos/ pretensas palavras em pedaços”), de uma linguagem catártica repleta de transfigurações, imagéticos e descrições, em um lirismo por vezes antagônico, reproduzindo a ideia na própria estrutura, já que, no poema, há abordagem de rupturas, e a estrutura também é composta de rupturas.

Ana Cristina Cruz Cesar (Rio de Janeiro, 2 de junho de 1952 — Rio de Janeiro, 29 de outubro de 1983), foi uma poeta, crítica literária, professora e tradutora brasileira, ficou conhecida por estar inserida no grupo de poetas da década de 70, a conhecida poesia marginal. Filha do sociólogo e jornalista Waldo Aranha Lenz Cesar e da professora Maria Luiza Cruz, a poeta se suicidou aos trinta e um anos, atirando-se pela janela do apartamento dos pais, no sétimo andar de um edifício da rua Toneleros, em Copacabana. Este fato faz com que boa parte de toda analise de sentido nas obras da autora tenham forte ligação a seu estado de saúde mental, mas especificamente a sua depressão. É notoria a utilização de tons sombrios em algumas de suas produções como em "A ponto de", muitas de suas obras como esse tom foram escritas durante o tempo que passou morando na Europa. A poesia de Ana Cristina Cesar caracteriza-se por ser predominantemente confessional, mas o tom de intimidade, não nos deve enganar, pois é apenas um lance de sedução estética. A poeta cria um verdadeiro jogo de linguagem: textos curtos, poemas fragmentados, cartas, páginas de diário. A poesia torna-se, desta forma, uma inquietante reflexão sobre o próprio fazer literário. Os poemas de Ana Cristina Cesar, inserida na geração 70, revelam, entre as muitas características que marcaram a produção poética daquela época, as seguintes: atração pelo insólito do cotidiano; ênfase na experiência existencial num momento especialmente difícil da história e da política brasileira; volta à primeira pessoa, à escrita da paixão e do medo como caminho eficaz no sentido de romper o silêncio e a perplexidade que tomaram de assalto a produção cultural no início da década; o sentido de asfixia, experimentado no cotidiano, mas trabalhado com humor; valorização do coloquialismo; culto do instante, eixo fundamental da nova poesia e do binômio arte e vida. O binômio arte e vida era a consolidação de uma visão de mundo que valorizava o aqui e o agora: a ideia do presente, eliminando a ideia de futuro. A poética e o eu-lírico de Ana Cristina César são base de estudos até hoje, a poeta traz em suas obras uma fusão de sentidos bastante abrangente e inusitada, é perceptível que em algumas obras a poeta transmite uma sensação pertinente de confusão e falta de eixo, seja ele poético ou espiritual, portanto adentrando na questão da condição de sua depressão ser um fator para algumas de suas produções, em uma dessas sem título a poeta afirma "Tenho arrumado os livros. Tiro de uma prateleira sem ordem e coloco em outra com ordem. Ficam espaços vazios." Em primeiro momento é preciso entender em que momento de sua vida foi escrito esse trecho, e só depois entenderemos melhor. Pra começar a poeta tinha acabado de se

mudar de sua antiga casa e estava voltando para a casa dos seus pais Ao refugiar-se de volta em seu quarto no apartamento dos pais, não são apenas os livros que ela tenta arrumar, mas também pensamentos e sentimentos. Estão sem ordem e ela tenta colocar em ordem, mas segue um vazio, o sentimento interno da alma. Nesse momento observamos claramente que apesar da colocação de sentido em suas obras serem contraditórias, tudo tem um sentido que vai além do literal e entra em contato com o real, fazendo ligações com sua realidade e explorando suas emoções, é impossível portanto fazer uma análise elaborada de Ana Cristina César

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