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Apresentação das Teorias Crítica O Espelho e a Lâmpada

Por:   •  5/10/2018  •  Tese  •  2.687 Palavras (11 Páginas)  •  235 Visualizações

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ABRAMS, M. H. Introdução: apresentação das teorias críticas. In: O Espelho e a Lâmpada. Teoria romântica e tradição crítica. Unesp, 2010, p. 19 – 50.

                                                Resenhado por Stella Hadassa Ferreira França

        Em "O Espelho e a Lâmpada", o crítico literário M. H. Abrams tem como intuito abordar as principais teorias acerca da crítica literária atual, abordar como se deu a evolução desta e avaliar as consequências geradas pela adoção dos novos posicionamentos críticos quanto à obra de arte.                                                        Abrams esclarece que a crítica não é uma ciência, nem física nem psicológica. A crítica se propõe a definir princípios que norteiem a interpretação e avaliação dos fatos estéticos. Desta forma, as afirmações críticas são pautadas em uma determinada perspectiva teórica, e, ao menos no sentido científico, não podem ser consideradas "verdadeiras".                                                                                         Apesar disso, Abrams afirma que "uma boa teoria crítica tem seu próprio tipo de validade". Dessa forma, ela deve explicar os tipos de arte de forma adequada e resultar em percepções precisas e coerentes acerca das propriedades das obras analisadas.                 Diante da multiplicidade de teorias críticas, o trabalho do historiador mostra-se bastante complexo. Afinal, há várias teorias de arte que não abrem espaço para comparação, já que não possuem pontos em comum e pertencem a áreas totalmente diferentes.                                                                                                 Assim, é recomendável que o crítico adote de um método que procure analisar as obras sem impor sua visão filosófica, e que faça uso das distinções comuns a outras teorias. A partir daí, o sistema adotado deve ser aplicado com cautela, introduzindo as diferenciações que forem necessárias.                                                                 Abrams destaca quatro elementos que se evidenciam na análise da obra de arte em sua totalidade: obra, artista, universo e público. As teorias que prezam pela adequação consideram esses elementos. O modo como esses elementos se relacionam e o destaque que recebem em uma determinada teoria é o que estabelece as diferenças entre os métodos analíticos, permitindo a comparação entre eles.                                    Após essas considerações, o autor faz uma apresentação e aponta características relevantes dos quatro principais tipos de teorias críticas: teorias miméticas, teorias pragmáticas, teorias expressivas e teorias objetivas.                                                        A teoria crítica mais antiga é, provavelmente, a mimética. Platão desenvolve o conceito de mimese, explicitando que os diferentes tipos de arte, tais como a dança, a música e a escultura, são imitações. Assim, a orientação mimética entende que a arte, em sua essência, é uma imitação dos aspectos do universo.                                         Em "A República", Platão expõe a ideia de que a arte não imita a essência das coisas, mas retrata apenas a aparência. A partir disso, entende-se que a obra de arte tem status inferior entre as coisas existentes.                                                         O foco dos diálogos de Platão está nas questões sobre a condição do homem como integrante do meio social. Por isso, a arte fica intrinsecamente ligada às questões de virtude, justiça e verdade.                                                                         Para Aristóteles, a poesia também pode ser entendida como imitação. Tal como ocorre em Platão, na Poética de Aristóteles, a arte surge a partir de um modelo na natureza das coisas. No entanto, com a exclusão do mundo das ideias paradigmáticas, não há nada de negativo nesse fato. A partir daí, a imitação torna-se um termo das artes e atua como o fator que as diferencia das outras coisas existentes. Assim, no sistema crítico de Aristóteles, o conceito mimético é fundamental, já que sua propriedade de imitação das ações do ser humano é o fator que define as artes.                                        Na Poética, os aspectos pessoais do poeta, como seus sentimentos e desejos, não influem na explicação da forma de um poema ou de seu tema, visto que a função do poeta limita-se a colocar em um ambiente artificial as coisas percebidas na natureza.                  Para a estética neoclássica, o conceito de imitação desempenhou um papel de relevância. Porém, na maioria das teorias, ele não foi dominante. A arte era entendida como imitação, todavia essa imitação é usada como instrumento para atingir o público. Embora os críticos pós-renascentistas privilegiassem a Poética de Aristóteles, o foco de interesse já estava voltado para outro fator. Essa crítica posterior mostra a obra sendo direcionada ao público, e não ao universo.                                                                 A teoria pragmática vê a obra de arte como um recurso para se atingir um objetivo, e seu valor é avaliado conforme seu êxito na obtenção desse fim. Assim, a obra de arte está orientada para alcançar o público.                                                         O crítico pragmático concebe o poema como o instrumento usado para comunicar aos leitores suas observações.  O poder e a disciplina que o autor deve possuir para alcançar esse objetivo são considerados na análise, e as normas da arte poética e dos cânones de apreciação crítica são deduzidas a partir das necessidades e demandas que o público-alvo exige. Desta forma, o interesse do crítico pragmático está voltado para a formulação de métodos que impliquem no alcance do efeito desejado.                 Até o século XVIII, a orientação pragmática foi dominante. Compreendida de uma forma mais ampla, ela é o principal posicionamento estético do mundo ocidental, porém contendo, em seu próprio sistema, os fatores de sua dissolução. Após as contribuições de Hobbes e Locke no século XVII, a constituição mental do poeta passou a ganhar mais destaque, e foi atribuída importância a questões como a qualidade e intensidade do gênio do poeta, bem como ao modo de atuação das faculdades mentais no ato de composição.                                                                                Aos poucos, o gênio do poeta, juntamente às suas habilidades de expressão, imaginação e espontaneidade, foi tornando-se o elemento de destaque na crítica, de forma que o público foi sendo deixado em segundo plano, a fim de que se abrisse mais espaço ao poeta. Assim, o autor da obra com suas habilidades mentais e necessidades emocionais, tornou-se a causa predominante e o propósito da arte.                                     Na teoria expressiva da arte, o artista é o elemento que gera o produto artístico, bem como os critérios que serão utilizados para avaliação. Sob essa perspectiva, poesia é a expressão dos sentimentos do poeta.                                                                 Segundo essa teoria, compreende-se a obra de arte como o resultado de um processo criativo guiado pelos sentimentos, pensamentos e percepções do poeta. Assim, o poema advém dos atributos e ações da mente do poeta. A poesia é uma causa eficiente, é o impulso da mente do poeta, que busca a expressão pessoal.                                 Desta forma, as artes são categorizadas a partir de considerações sobre a possibilidade de adaptação aos meios de expressão legítima dos sentimentos ou habilidades mentais do artista.                                                                         No início do século XIX, aparece pela primeira vez a exploração da literatura como indicador de personalidade. Tal fato é um desdobramento do ponto de vista expressivo. Dentro da teoria expressiva, o poeta escreve conforme sua necessidade e sua obra é apreciada a partir do respeito e do gosto de seu leitor.                                        Sob a ótica da orientação objetiva, a obra de arte é um elemento isolado dos outros pontos de referência exteriores e analisável em si mesma. Assim, a obra é julgada pelos critérios que a compõe intrinsecamente.                                                                 Entre o final do século XVIII e o início do século XIX, a orientação objetiva começava a se desenvolver. Alguns críticos exploravam a ideia da obra de arte como um heterocosmo, o que significa que o poema era entendido como um mundo si mesmo, com o mero propósito de existir.                                                                         A ideia de escrever um poema apenas pelo prazer de escrevê-lo, sem outros propósitos ou causas externas, tornou-se cerne das doutrinas conhecidas como "Arte pela Arte". Inserida em variados contextos teóricos, a abordagem objetiva da poesia adquiriu notável importância no âmbito da crítica inovadora das últimas duas ou três décadas.                                                                                                        No texto "Introdução: apresentação das teorias críticas", M. R. Abrams expõe de forma clara e sucinta observações essenciais sobre as principais teorias críticas. Devido ao modo sintético e facilmente compreensível com o qual o conteúdo foi apresentado, este texto é recomendável e adequado às pessoas que estão iniciando seus estudos sobre crítica literária.  

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