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As Relações Intertextuais

Por:   •  20/10/2015  •  Resenha  •  1.384 Palavras (6 Páginas)  •  180 Visualizações

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Aluna: Juliane Thais Fincato

Polo: UAB Três Passos

Matéria: IELit I

Relações Intertextuais

Olá amigo leitor, a seguir irei lhes apresentar três contos literários, que além de terem em comum figuras de linguagem como – antíteses, hipérbole e metáforas, também apresentam algumas concepções teóricas vinculadas á literatura que serão explanadas juntamente com os contos.

        "Felicidade Clandestina" (primeiro conto), lançado inicialmente em 1971, reúne diversos textos de Clarice Lispector, a mais importante escritora brasileira. Desde que começou a publicar periodicamente na imprensa, nos anos 1960, tornou-se conhecida, ganhando uma legião de admiradores, intrigados e envolvidos por suas frases enigmáticas e por suas imagens surpreendentes. Os textos reunidos nessa obra podem mais facilmente serem classificados como “contos”, mas como Clarice não se prendia a convenções de gêneros, todo o conjunto reunido em Felicidade Clandestina migra de gênero em gênero, ora aproximando-se do conto, ora aproximando-se da crônica, ou por vezes sendo quase um ensaio. De fato, muitos dos textos reunidos neste livro foram publicados como crônicas no Jornal do Brasil, para onde Clarice escrevia semanalmente de 1967 a 1972.

        A experiência com um livro é narrada em primeira pessoa nesta crônica, retratando momentos da infância da autora. Trata-se de um livro, pertencente a uma menina má, que é oferecido como empréstimo para a própria narradora, porém, pela natureza diabólica da menina, a mesma sempre inventa uma desculpa para não entregar o livro conforme combinado. Até que a mãe da menina má descobre isso e entrega o livro para a narradora, que passa a saborear o livro como se fosse um amante. É uma crônica com cunho autobiográfico, como comprovou a própria irmã da escritora dizendo que se lembra da “menina má”.

        Mas afinal, o que é felicidade? Este parece ser o ponto central do texto, definir o conceito de “felicidade”. A menina presente na crônica retrata bem o dito popular “felicidade é bom, mas dura pouco”, uma vez que ela se utiliza de todas as formas para prolongar este sentimento. No momento em que ela ganhou permissão para ficar com o livro pelo tempo que desejasse, ela o deixa no quarto e finge esquecer que ele está lá, á sua espera, só para se redescobrir possuidora dele. Eis então que se destaca o sentido do sentimento “clandestino”, já que nem ela mesma pode se conscientizar de sua própria felicidade para que esse sentimento não acabe.

O gênero abordado apresenta como tema a felicidade, sua estrutura composicional caracteriza-se por tratar de uma narrativa ficcional curta, com espaço, tempo e personagens reduzidos. Esta conclusão foi baseada na teoria de Algirdas Julien Greimas, cujo estudo concebe o texto como sendo constituído por um plano de expressão e um plano de conteúdo.

        O segundo conto é “No manantial”, cujo autor João Simões Lopes Neto nasceu no dia 9 de março de 1865 em Pelotas, Rio Grande do Sul, e faleceu em 14 de junho de  1916. Considerado pelos críticos de literatura o maior autor regionalista de seu Estado, procurando valorizar a história do gaúcho e suas tradições, alcançou o reconhecimento com o lançamento desta obra literária em 1949. A obra Contos Gauchescos, editada pela primeira vez em 1912, é uma coleção de 19 contos que tem como ambientação o pampa gaúcho. Contadas pelo envelhecido vaqueano Blau Nunes, as histórias narram aventuras de peões e soldados. As narrativas são sempre sobre o gaúcho, guerreiro, trabalhador, rústico. Sempre utilizando como linguagem um dialeto característico do interior do Rio Grande do Sul e respeitando os elementos deste estilo de vida: os animais, os instrumentos, a paisagem. Existe também uma grande exaltação do espírito guerreiro do gaúcho, especialmente nas narrativas de guerra, ambientadas na maioria das vezes na Revolução Farroupilha.

        Em relação á Manantial não se trata de manancial, fonte, olho d'água – mas sim, atoleiro, pântano, lugar de águas escuras e traiçoeiras. Sendo este lugar sombrio o cenário em que acontece o desfecho do conto de Simões Lopes Neto. Para lá o leitor é levado, junto com Maria Altina e Chicão, em direção ao fim trágico. Maria Altina era moça mimada, tratada com todos os cuidados pelo pai, a avó e uma tia. Apaixonou-se por André, que pediu sua mão a Mariano, o pai, e somente para ele tinha olhos e suspiros. Entretanto, havia Chicão, rapaz que despertava medo em Maria Altina. Ela não estava errada. Tomado de fúria, Chicão arrasta a moça, que não se entrega, para o fundo das águas barrentas do manantial.

É um conto com visão amplamente masculina, situando as personagens femininas em segundo plano, sendo vistas com uma aura de pureza e servidão, muito pouco se ouve vindo das mulheres onde suas principais atribuições eram servir ao marido e cuidar da casa, o conto nos remete a uma época de escravidão, desejos de liberdade, existência de missões Jesuítas, religiosidade das famílias, uma época militar onde a coragem para a luta era necessária. Analisando sob uma ótica sociológica, compreendemos que o conto retrata a situação feminina na época em que a obra foi escrita, anterior até mesmo de a mulher conquistar direitos civis como o voto (1932). No caso específico deste conto, ressalta-se, sem dúvida a criação de um mito, texto que elege os heróis e os vilões.

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