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ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

Por:   •  5/3/2016  •  Resenha  •  1.128 Palavras (5 Páginas)  •  636 Visualizações

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ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA

Tiago Pani da Penha¹

Adriana Vieira de Souza²

¹Aluno do curso de Ciências Contábeis da Faculdade Castelo Branco, Colatina-ES. E-mail:tiagopani18@hotmail.com   

2 Mestra em Letras com ênfase em Estudos Literários, professora da Faculdade Castelo Branco, Colatina-ES. E-mail: adriana.profa.fcb@gmail.com

O objetivo deste trabalho é analisar criticamente a obra literária Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, relacionando-a ao nosso cotidiano.

Colatina-ES, 01 de outubro de 2015.

 

SARAMAGO, José, 1922 - Ensaio sobre a Cegueira. São Paulo: Companhia das Letras, 995, ISBN/978-85-7164-495-3.

A história começa com um carro parado no semáforo. Dentro dele, encontra-se um homem, casado, 38 anos. De forma repentina, escuta-se um grito “estou cego”. Ao contrário do que é de se imaginar, a cegueira, no livro, não é caracterizada como um tom escuro. Muito pelo contrário, a brancura leitosa, como descreve o autor, se dissipa tão rapidamente como estilo de escrita encontrado na obra: a falta de parágrafos, travessões e o excesso de vírgulas e pontos tornam a obra uma corrida de dizeres e acontecimentos. Não obstante, a escrita, os personagens e o local onde os fatos ocorrem, adquirem uma identidade anônima sem que o leitor perceba. Tal característica é fruto da intenção do autor em aproximar o público, alvo da realidade descrita na obra. Nomes como a rapariga de óculos escuros, garotinho estrábico e a mulher do médico revelam a sutileza e, ao mesmo tempo, a inteligência do mestre da obra em trazer à tona o despertar da imaginação de cada leitor fazendo-o refletir, de forma racional, como seria conviver em um antigo manicômio. Sim! Este é o local para onde eram mandados os cegos e suspeitos, povoado pelos mais diferentes tipos de exemplos sociais encontrados na sociedade, gerando um misto de conflito, loucura e trauma psicótico. Heranças essas, aliás, deixadas pelos antigos moradores.

Diante dos detalhes trazidos ao longo da história, é impossível não refletir sobre como as entidades governamentais agiram diante de uma verdadeira epidemia. A vida no manicômio não era fácil. Em meio à multidão de cegos, que mais pareciam zumbis, assim caracterizados pelo autor, em certo momento do enredo, havia uma pessoa que enxergava: a mulher do médico. Sendo ela privilegiada, ou não, por tal sorte, não se vangloriava disso, e, a princípio, somente seu esposo, o oftalmologista, tinha ciência de sua condição. Como consequência, a esposa do médico, também era a única capaz de enxergar, desde as mais belas imagens às mais horrorosas. Literalmente, cultivava em seu subconsciente a ideia contrária a que encontramos no ditado “em terra de cego que tem olho é rei”.

Com o passar dos dias, as informações na camarata são atualizadas pelo velho da venda preta, por meio das notícias, que ouvia em seu radinho de pilha e do que lembrava, quando ainda estava do lado de fora. Observando as atitudes do velho da venda preta, fica claro que, a intenção do autor é usá-lo para abrir os olhos do leitor no que diz respeito à realidade, fundamentando-se na tese de que a intenção dos governantes, em sua maioria, é afastar ou disfarçar o problema ao invés de resolvê-lo.        

 Não diferente aos dias atuais, a burocracia demasiada, juntamente com a arrogância dos soldados e do sargento responsável pela “segurança” dos cegos, fazia com que o convívio entre as partes se tornasse insuportável. A comida chegava três vezes por dia, seguindo uma ordem de recolhimento imposta pela mensagem do altifalante que se repetia todos os dias. O local encontrava-se em estado de calamidade, com banheiros, corredores e camaratas tomados por um cheiro que impregnava os olhos e as narinas.

Não era possível imaginar que algo pudesse ficar ainda pior, ao menos que, se juntassem aos cegos daquelas camaratas, outros tantos armados com pistolas e sentimentos de crueldade, soberba e injustiça. Para tantos, suas práticas iniciaram quando tomaram para si as caixas de comida, exigindo como troca, dinheiro e tudo que ali tinha de valor. Apesar de já se tornarem submissos a esses, os conviventes daquelas camaratas, especificamente as mulheres, ofereceram-lhes bem mais que dinheiro ou jóias, mas seus corpos.. A situação não foi duradoura, devido à coragem da mulher do médico.

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