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Jornal O Pasquim a Influência da Linguagem e a Censura

Por:   •  18/8/2015  •  Artigo  •  3.312 Palavras (14 Páginas)  •  254 Visualizações

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Jornal O Pasquim: a influência da linguagem e a censura.

Alex Freire de Araujo (UEL)

<alex100sk@hotmail.com>

Bruna Corrêa (UEL)

<brubruka_3@hotmail.com>

RESUMO: Na época da ditadura muitas identidades foram reprimidas, a censura prevalecia, e meios comunicativos deixaram de expor suas ideias com medo das repressões. Iremos analisar a Identidade Pasquiniana do Jornal, a censura e a relação de mercado d’O Pasquim.

Neste artigo, o objetivo é expor como surgiu O Pasquim e como se deu durante sua permanência no regime militar e também fora deste âmbito polêmico. A formação da identidade, a desconstrução das opiniões conservadores da época e os fatores sócio-históricos dessas décadas. A demonstração da censura como a principal influência para o surgimento e a linguagem usada para conseguir manter suas publicações. As entrevistas do jornal e quais objetivos eles tinham com a linguagem usada.

PALAVRAS-CHAVE: Linguagem e identidades. Ditadura Militar no Brasil. O Pasquim. Censura.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Na década de 60, Jânio Quadros, Presidente da República, renunciou seu cargo por conta de crises e pressões políticas. Após sua renúncia em 61, João Goulart (Jango, popularmente conhecido) assumiu a presidência em um clima não muito favorável, por ter sido uma época de muita reviravolta. Em seguida, permitiu a abertura de organizações sociais, movimentos trabalhistas e populares, grevistas e manifestações, causando certo desconforto na elite brasileira conservadora e em algumas instituições sociais, tais como: a família, a igreja, a classe alta, os militares e empresários. Isso gerou uma intriga e uma grande oposição ao seu governo. Jango, temendo uma guerra civil, se refugiou no Uruguai, em 31 de março de 1964, dando, assim, lugar aos militares e iniciando a Ditadura Militar. Após a tomada da República pelos militares, em 1968 foi aprovada a AI-5[1].

Em 1969, O Pasquim surgiu, então composto pelo cartunista Jaguar e os jornalistas Tarso de Castro, Sérgio Cabral, dentre outros. O objetivo era criar novos patamares para o jornalismo brasileiro, principalmente nessa repressão em que o país vivia. Após seu surgimento, O Pasquim teve muitas adversidades em função da política de censura da época. Logo na sua primeira semana de publicação, as vendas esgotaram, levando um novo tom crítico, de humor afiado e repleto de charges sociais e humorísticas para um público jornalístico, universitários, humoristas e civis. Através da linguagem oculta, obtiveram sucesso em atingir o público com os ideais pretendidos. (BRAGA, 1991)

Neste trabalho, o objetivo é expor como surgiu O Pasquim e como se deu durante sua permanência no regime militar e também fora deste âmbito polêmico. Com isso, será possível caracterizar a identidade do jornal O Pasquim, sob o olhar da histórico-social.

A identidade do jornal com a presença da censura e a maneira que a linguagem era construída para desenvolver o trabalho Pasquiniano. A relação que teve com seu público, como expressar a própria identidade e a critica à ditadura através da ambiguidade.

Iremos analisar dois fragmentos importantes: A identidade do jornal, com a presença da censura e a linguagem usada pelo Pasquim; E a relação que tiveram com seu público e como conseguiram conquistar, expressar e demonstrar a mensagem através da linguagem.

1 O JORNAL E SUA IDENTIDADE: CENSURA E LINGUAGEM

Segundo Hall (2003), o homem pós-moderno não tem uma identidade fixa ou permanente, assumindo diferentes identidades em momentos diversos. Isto ocorre porque um tipo diferente de mudanças estruturais está transformando as sociedades modernas, fragmentando as paisagens culturais de classe, gênero, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade. Antes, o meio social propiciava sólidas localizações e referências aos indivíduos.

Com o início da Ditadura Militar no Brasil (1964-1985) e com o AI-5 (1968), O Pasquim surgiu em 1969. Após o surgimento d’O Pasquim, uma grande semeação de ideologias foram passadas, muitas críticas sociais e contra a ditadura foram implicitamente mostradas para cerca de 40 mil pessoas, nas primeiras vendas; e isso só aumentou. O fato é que, naquela época, o único meio de comunicação em que poderia se expressar de modo oculto contra o regime era pelo jornal. A rádio era controlada e a TV, na grande parte, manipulada, fazendo o contrário d’O Pasquim, espatifando alguns ideais e espalhando a política do conservadorismo, conforme diz Frederico (2007, p. 3):

A despeito das conseqüências negativas que a censura aos meios de comunicação provocou na sociedade por privar o leitor das informações importantes para a formação de uma postura crítica diante dos acontecimentos do Brasil e por privar os profissionais de comunicação de parte de sua atividade principal que seria a responsabilidade de divulgar notícias e acontecimentos mais relevantes para a sociedade, esse período serve como um testemunho da importância da existência dos

meios de comunicação na formação crítica e informação da sociedade, atesta a sua força de persuasão, de absorção por parte dos receptores e ampla abrangência, além de comprovar a sua influência na opinião pública e no destino político do país.

Sob esse contexto de repressão e pós-moderno, O Pasquim nasceu em uma mesa de bar; sua proposta era trazer humor, boemia e a farra política da época. A ideia abordou pessoas de diversos gêneros, como cartunistas, músicos, poetas e jornalistas. Eram amigos e completamente diferentes; mas, com um único propósito, estavam unidos para fazer o jornaleco, retratando o mundo no qual eles estavam vivenciando. A identidade do O Pasquim surgiu na presença da censura que impossibilitava qualquer publicação que os militares achavam imorais e que poderiam prejudicá-los, foi então que desenvolveram o método da linguagem do duplo sentindo, com o humor ácido para driblar a censura.

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