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Nova Sociologia da Educação: Sociologia de Norbert Elias

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Por:   •  30/9/2014  •  Seminário  •  1.317 Palavras (6 Páginas)  •  275 Visualizações

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Aula-tema 05: Nova Sociologia da Educação: Sociologia de Norbert Elias

Norbert Elias (1897-1990) foi um sociólogo alemão que desenvolveu o que se chamou de Sociologia Figuracional. Nessa perspectiva analítica, as figurações sociais foram consideradas resultados das interações sociais; isso quer dizer que o formato de uma sociedade era tido como reflexo das relações entre os homens que a compõem.

Em sua obra, Elias se dedicava à análise das relações e funções sociais, vistas como um conjunto de relações interdependentes, que ligam os indivíduos entre si em uma dada formação. Essa formação, ou melhor, o conjunto de formações, é o que se chama de figuração. Ainda segundo o autor, cada época histórica, cada tipo de sociedade dentro de seu contexto histórico específico, produz um determinado conjunto de figurações.

Elias entendia a sociedade como um tecido que liga os indivíduos em uma teia de interdependência que, por sua vez, está em permanente mudança e movimento e assim se reorganiza com frequência. O autor se dedicou à compreensão das relações entre a sociedade e o indivíduo e, para ele, estes não podem ser estudados como se fossem dois fenômenos de existência separada.

O autor defendia que a sociedade modela o indivíduo, ou seja, segundo ele, todo ser humano carrega em si um padrão de comportamento social. Em uma sociedade, cada pessoa singular, por mais que seja diferente de todas as outras, possuiria uma composição específica que compartilharia com as demais pessoas que fazem parte da sociedade.

Dessa maneira, Elias trabalhava com os universos simbólicos individuais, observados na ação social, por meio das manifestações das chamadas configurações ou habitus, que consistem em formulações, muitas vezes, resultantes da interiorização do mundo exterior, uma marca que a sociedade imprime na personalidade, agindo sobre os indivíduos e suas estruturas psicológicas.

Elias se fundamentava no método da análise histórica e defendia as observações históricas de longa duração. Na visão dele, as transformações sociais mais significativas ocorreriam somente após longos períodos de tempo, até porque as figurações que os homens formam entre si estão em fluxo quase permanente, ou seja, são processos.

Desse modo, o sociólogo deveria estudar processos sociais de longo curso, pois apenas pesquisando um longo período da história e do modo de viver de uma sociedade é que seria possível notar e entender as transformações pelas quais passou essa sociedade e, ainda, como se deu a formação de novos tipos de indivíduos a partir disso.

O próprio Elias colocou essa proposta em prática quando decidiu estudar o que chamou de "O Processo Civilizador". Ao fazer análises em livros de etiqueta social, que iam do século XIII ao XX, Elias apontou que a Idade Média foi um período em que passaram a ser criadas regras para a definição dos comportamentos socialmente aceitáveis. Começou, assim, a existir uma crescente valorização de regras a serem seguidas nas relações sociais e nos comportamentos individuais.

Elias observou que os homens medievais passaram por mudanças comportamentais que os tornaram mais refinados e preocupados com a questão do autocontrole de suas ações. Ou seja, à medida que a sociedade passou a controlar e não aceitar mais determinadas condutas, tais indivíduos passaram a se preocupar mais com a maneira de se comportar em público.

De modo geral, os indivíduos passaram a se sentir menos à vontade para fazer certas coisas diante de outras pessoas, sendo que, anteriormente, essas mesmas coisas eram feitas sem pudores. Portanto, se propagaram as noções de embaraço, respeito, delicadeza, discrição, predomínio do racional sobre o emocional, etc. Em vez de fazer apenas o queria e sentia vontade, o indivíduo passou a pensar como, socialmente, o outro reagiria diante daquilo.

Portanto, a espontaneidade cedeu lugar à repressão, passou a prevalecer a importância de um comportamento padronizado e com isso o indivíduo se transformou e desenvolveu um outro tipo de comportamento, inclusive, porque suas estruturas psicológicas se alteraram mediante a força de tal processo.

Houve, então, um processo de condicionamento que Elias chamou de "civilização dos costumes" e, desse modo, o homem ocidental se tornou civilizado, isto é, coerções externas foram por ele internalizadas e se converteram em sua segunda natureza.

Por exemplo, hoje, na nossa sociedade, a utilização do garfo em uma refeição é um fato automático e insubstituível. Não comemos com as mãos, sobretudo em situações sociais, como em um restaurante e, provavelmente, nos sentiríamos embaraçados se tivéssemos que fazê-lo. Entretanto, o garfo surgiu apenas no fim da Idade Média, a partir do século XVI e até o século XVIII era um utensílio de luxo. Isso mostra que aquilo que hoje nos parece natural e extremamente habitual, na verdade, é resultado de um processo lento e gradual ocorrido na forma de viver das pessoas que as modifica psicológica e socialmente.

Uma importante referência para as análises desenvolvidas por Elias foi um tratado escrito por Erasmo de Rotterdam, chamado "Da civilidade em crianças", lançado em 1530 e publicado até o século XVIII em diversas línguas. Esse livro apresentava regras relativas ao comportamento necessário para a vida em sociedade e falava também do "decoro

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