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O Quarto de despejo em contraste com O Cortiço

Por:   •  20/11/2017  •  Dissertação  •  857 Palavras (4 Páginas)  •  2.316 Visualizações

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Quarto de Despejo

A obra de Carolina Maria de Jesus é o fiel relato da sociedade marginalizada dos anos 50-60 da cidade de São Paulo, que ainda hoje, em várias cidades brasileiras essa história é revivida, em maior ou menor escala. O diário dessa escritora semianalfabeta, negra, mãe solteira e favelada narra seu cotidiano em que a miséria, violência, vícios e principalmente a fome são suas companheiras.

        De tempos em tempos, algum escritor numa outra época, estilo literário e região relata a sociedade em que vive. Serão aqui apresentadas duas literaturas da sociedade brasileira em diferentes épocas, mas com o mesmo “contexto social”: “fome”, “miséria” e “violência” e por último o livro documentário Um País Chamado Favela”.  

A primeira obra a ser comparada é modernista Vidas Secas (1938) de Graciliano Ramos, logo nas primeiras linhas pode ser lido “NA PLANÍCIE avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos”. E ainda no mesmo capítulo: “Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, a beira de uma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto.” A personagem Fabiano é um vaqueiro rude, sem estudo, ora se reconhece com um animal, bebe muito e perde dinheiro no jogo.

A segunda obra é a realista-naturalista O cortiço de Aluísio de Azevedo (1980). O autor denuncia a baixeza, a exploração, a desonestidade e o crime.  Para Maria de Jesus há o quarto de despejo e para Aluísio o cortiço; como marcadores das diferenças sociais. “… As oito e meia da noite eu já estava na favela respirando o odor dos excrementos que mescla com o barro podre. Quando estou na cidade tenho a impressão que estou na sala de visita com seus lustres de cristais, seus tapetes de viludos, almofadas de sitim. E quando estou na favela tenha a impressão que sou um objeto fora do uso, digno de estar num quarto de despejo” (JESUS, 2007, p.38)”. Outra comparação entre essas duas obras é o vicio do álcool e violência; “Assustei quando ouvi meus filhos gritar. Conheci a voz de Vera. Vim ver o que havia. Era Joãozinho, filho da Deolinda, que estava com um chicote na mão e atirando pedra nas crianças. Corri e arrebatei-lhe o chicote das mãos. Senti o cheiro de alcool. Pensei: ele está bêbado porque ele nunca fez isto. Um menino de nove anos. O padrasto bebe, a mãe bebe e a avó bebe. E ele é quem vai comprar pinga. E vem bebendo pelo caminho. (JESUS, 2007, p.109)”. Em o cortiço Jeronimo mata Firmo que era envolvido com Rita Baiana sua amante, enquanto que sua esposa, a dedicada  Piedade, se entrega a bebida após abandono.

O último livro a ser comparado é Um país chamado favela de Celso Athayde e Renato Meirelles, que por sua vez, “...os autores desmistificam a ideia de um território de pobreza e miséria que não representa as favelas brasileiras. Pelo contrário, a realidade apresentada por Meirelles e Athayde é de uma população de 11,7 milhões de habitantes, que vive em favelas, o que equivale a 6% da população brasileira e que se comprado a um estado, seria o quinto mais populoso, capaz de movimentar 63 bilhões de reais ao ano (Barbosa, Ana Patricia 2015).” Atualmente pode ser visto relatos como de Marivaldo “...nasceu em Nova Brasília, núcleo vizinho ao Alemão, em uma família que superou as dificuldades: “minha mãe deu duro para sustentar os filhos e se esforçou para colocar todos eles no bom caminho”. Fala também que a vida no Alemão nem sempre foi como está hoje e define como principal mudança a econômica. Segundo ele, as comunidades são menos pobres do que nos anos 1980, quando gastou a juventude à procura de um meio honesto de sobrevivência. Hoje Marivaldo divide-se entre a profissão de motorista e outra como técnico em eletrônica, especialista na montagem de bombas de combustível (Barbosa, Ana Patricia 2015).”

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