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O entre lugar do discurso latino-americano

Por:   •  1/2/2016  •  Ensaio  •  1.405 Palavras (6 Páginas)  •  940 Visualizações

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O entre-lugar do discurso latino-americano

O principal objetivo deste trabalho é demonstrar posição que ocupa nos dias de hoje o discurso latino-americano segundo a visão de Silviano Santiago, e para se aprofundar nesse assunto, é fundamental uma compreensão da narração do sistema colonial vivido pelos povos aqui existentes.

O autor Silviano Santiago não se contenta neste ensaio, em apenas se debruçar nos pressupostos dos estudos literários para nos fazer entender o lugar que ocupa hoje o discurso latino-americano, mas se interessou também em estudar e pesquisar sobre a origem cultural dos povos nativos e sobre o seu método de colonização.

Conforme o pensamento do autor, esse procedimento de colonização da América Latina, elaborada de modo particular por Portugal, cujo interesse não era somente no campo político e econômico, mas também cultural. Essa dominação absoluta sobre as pessoas que aqui viviam se alastrou especialmente por meio da imposição religiosa e linguística, esses códigos foram os principais possibilitadores dessa soberania.

Percebemos que a religião e a língua europeia foram usadas como ferramentas de controle e essa tirania acaba por sustentar uma verdadeira campanha a favor do extermínio dos traços originais dos povos nativos, dessa maneira a América estaria se transformando numa cópia, uma representação fiel do seu colonizador.

A América e a Europa não são mais as mesmas, e surgiu o entre-lugar, em que as culturas, raças, religiões e línguas se misturam perdendo sua identidade, e não se sabe, mas o que é copia e o que é original.

Nota-se que a inserção da cultura, dos valores e da língua da Europa transformou a produção cultural e literária da América Latina em uma imitação, cujo objetivo principal parecer ser o de comparar ao seu modelo único e perfeito, que é a história literária eurocêntrica.

“Evitar o bilinguismo significa evitar o pluralismo religioso e significa também impor o poder colonialista. Na álgebra do conquistador, a unidade é a única medida que conta. Um só Deus, um só Rei, uma só Língua: o verdadeiro Deus, o verdadeiro Rei, a verdadeira Língua. (...) Esse renascimento colonialista – produto reprimido de outra Renascença, a que se realizava concomitantemente na Europa – à medida que avança apropria o espaço sociocultural no Novo Mundo e o inscreve, pela conversão, no contexto da civilização ocidental, atribuindo-lhe ainda o estatuto familiar e social do primogênito. A América transforma-se em cópia, simulacro que se quer mais e mais semelhante ao original, quando sua originalidade não se encontraria na cópia do modelo original, mas em sua origem, apagada completamente pelos conquistadores”. (SANTIAGO, 2000, p. 14)

Dessa forma notamos como se caracteriza a noção de entre-lugar em que aparece na literatura do nosso continente: uma situação de arte colonizada, que é sempre exposta a um modelo mais elevado e que, portanto não possui sua originalidade, além de não ser reconhecida com o devido valor.

Para Silviano Santiago, as obras latino-americanas são resultado de “uma experiência sensual como signo estrangeiro” (SANTIAGO, 2000, p. 21). Ou seja, o escritor latino-americano demonstra inovação em sua obra, aplicando nela suas próprias referências, traços de sua cultura e de sua visão de mundo.

Desse modo, concluímos que neste ensaio o escritor latino-americano busca justificar essas manifestações literárias latino-americanas, que se esforçam em superar o domínio cultural e o status de arte colonizada.

Todorov, no entanto nos mostra o procedimento em relação à conquista da América fazendo uma análise do período para pesquisar a questão do outro, dedica-se cuidadosamente a esse assunto mostrando como acontece o contato entre essas duas culturas. O escritor nos chama a atenção para as consequências do não-reconhecimento do outro como pessoas de direitos iguais mas de culturas diferentes. A preocupação de Todorov é com o papel da comunicação, porque por meio dela é que pode acontecer um falso reconhecimento do outro enquanto ser pleno a partir do instante em que há manobra desta transmissão ocasionando à conquista, como faz Cortez.

Uma questão importante que Todorov trata em sua obra “A conquista da América – a questão do outro”, tem relação com o reconhecimento do outro, e nos aponta que o resultado na sociedade quando se menospreza a variedade cultural. O autor aponta que existe um choque entre duas culturas diferentes (europeus e americanos) fazendo um exame detalhado em sua obra uma análise do resultado deste tipo de processo, por meio do qual o outro é desguarnecido, desqualificado e transformado em sua originalidade cultural.

Existe uma abordagem sobre a comunicação que pode servir como ferramenta de reconhecimento do outro, mas também percebemos que há um meio de assimilação e de dominação, nos mostra a impressão de vários personagens da época acerca do outro. Podemos dividir a obra em alguns aspectos: o não discernimento do outro enquanto humano, a comunicação como uma ferramenta de dominação e variações da intuição do outro.

Na primeira parte da obra que é intitulada “Descobrir” é destacado o contato entre Europa e América resultado da procura das Índias por Colombo e que resultou na descoberta do Novo Mundo. O relacionamento com o outro neste mundo não é nada fácil. Todorov observa: “... Colombo descobre a América, mas não os americanos...”, esta sentença demonstra a questão de inferioridade do indígena para o europeu.

Essa ausência de interesse pelo outro se torna claro neste momento, visto que só é possível perceber a presença do outro em meio aos relatos que Colombo faz da natureza. Logo no primeiro contato os descobridores portugueses viam os indígenas como meros objetos vivos, como uma simples parte da paisagem, ou seja, não os consideravam como ser humano, deixando claro o desinteresse para com os indígenas neste momento.

Já os astecas pensaram na possibilidade dos espanhóis serem criaturas de origem divina; o que pode explicar o medo inicial, mas logo essa hipótese foi rejeitada pelos indígenas assim que perceberam o comportamento ganancioso dos espanhóis, que Todorov identificou esse comportamento como a cobiça e a busca por riquezas e prazeres.

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