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SUSSEKIND, Flora.

Por:   •  21/8/2015  •  Resenha  •  1.112 Palavras (5 Páginas)  •  1.367 Visualizações

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SUSSEKIND, Flora. Retratos & Egos. In.________ Literatura e vida literária: polêmicas, diários e retratos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985. p. 42-87.

SUSSEKIND, Flora. Ficção 80 - dobradiças e vitrines. In.________ Papéis colados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1993. p. 239-252.

        O capítulo Retratos & Egos, de 1985, de Flora Sussekind, faz um panorama sobre autores e obras que produziram no Brasil depois do ano de 1964. Por outro lado, Ficção 80: dobradiças e vitrines, de 1993, da mesma autora, discorre sobre a produção literária de 80.

Em Retratos & Egos, Sussekind aborda a literatura do Brasil pós 64, ano em que ocorreu no Brasil o golpe militar, evento que se refletiu na literatura, pois houve certa síndrome da prisão entre os escritores. “E em meio a essa síndrome da prisão, a desvios formais, opções estéticas de risco reduzido, à tentativa de ser ‘contra’, é que se pode avaliar a literatura produzida durante essas duas décadas de governos militares” (SUSSEKIND, 1985, p.43).

Em relação à prosa, a autora expõe que no período da ditadura militar se praticou vários tipos de ficção no país, dentre eles: “A literatura-verdade” que tinha um caráter mais político memorialista, uma espécie de registro documental, que trazia descrições e depoimentos das torturas que ocorriam nas prisões, feita por autores como Fernando Gabeira e Alfredo Sirkis, ou por um Caio Fernando Abreu, que ao contrário dos outros, não apenas registrou os acontecimentos, mas fez literatura de verdade; “As bufonerias da tortura”, que tenta representar literariamente o cotidiano do país, com uma linguagem fria e seca, mostra também cenas de tortura, muitas vezes com humor e ironia, com autores como Rubem Fonseca e Sérgio Sant’anna; “O cárcere do eu”, no qual narrar significa auto-expressar-se, é feito um retrato autobiográfico, com tom confessional de diário ou de testemunho, como se fosse uma conversa com o leitor, essa ficção foi feita por autores como Alita Sá Rego; “A salada de Salomão”, em que o autor Wally Salmão finge praticar a busca pela expressão pessoal, porém foge dela; E o “Neonaturalismo” que se nega como ficção e afirma- se como verdade, muito ligado ao jornalismo, produz contos notícias e os romances-reportagens, exemplos de autores são Paulo Francis, José Lorenzo, João Antonio, entre outros. Há ainda, autores que constroem romances como os de reportagem, porém não são literatura jornalística, como o que faz Érico Veríssimo e Moacir Scliar.

Na poesia, Sussekind fala de uma literatura do eu, que não é tão memorialista como a ficção, e está mais centrada no que está acontecendo no exato momento da escrita. Essa poesia se auto-define como ‘na corda bamba’, pois privilegia ao invés da construção a expressão, e ao contrário dos ficcionistas, não evita a intimidade com os abismos. A poesia se equilibrava entre a arte/vida, e alguns poetas acrescentaram um terceiro elemento a esse binômio, como Ana Cristina que acrescenta a ‘luva de pelica’, Silviano Santiago que acrescenta o deslocamento temporal, entre outros.

Há nesse período, poetas que foram singulares, como Ana Cristina Cesar, que se destaca por quebrar com o habitual, com a poesia do eu. Como ocorre em Jornal íntimo, em que há uma quebra da cumplicidade do relato íntimo. Também é considerada uma autora difícil de ser lida, e por isso acaba ficando distante de muitos leitores. Mas apesar de contradizer a tendência da época, ela utiliza um recurso literário comum: o diário poético.

Além disso, houve muitos poetas, que publicaram seus poemas de forma independente, por isso são conhecidos como marginais, por estarem à margem do mercado tradicional. Devido ao sucesso de muitos desses autores, na déc. 80 foram convidados a publicarem seus poemas em editoras. Essa poesia marginal contribuiu muito para aumentar o público leitor de poesia, oferecendo a esses leitores, não apenas literatura, mas confissões íntimas. Havia além da proximidade cara a cara, uma proximidade no texto, pois em sua maioria, tinham um caráter confessional de diário, mostrando um novo tipo de leitura menos literária e mais confessional.

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