A Educação Popular

Educação Popular e Cultura em Educação - D.20251.E

O que aduba meu pé de poesia [...]
É o bagaço da cana
Moído no engenho de ferro
Que traz no gosto da rapadura
O amargor de vida
Também moídas...
(“Estrume”, DINIZ, 2017, p. 19)

Retratar a história da Educação Popular no Brasil é revisitar suas origens e entender o impacto que ela teve na luta por uma educação de qualidade, que seja acessível, culturalmente rica e preocupada com o meio ambiente. Essa educação é pública, democrática, baseada na participação e construída a partir do convívio, do respeito e do reconhecimento da diversidade de cada pessoa. A trajetória da Educação Popular no Brasil começa justamente com a preocupação em oferecer escolarização para todos.

O movimento que luta pela democratização da escola pública se organiza para reivindicar o direito de todos de aprender, especialmente devido ao alto índice de analfabetismo no país.

Brandão explica que esse movimento foi influenciado por ideias vindas da França e dos Estados Unidos, e que seus fundamentos se apoiavam em dois princípios importantes.

[...] o primeiro considerava que a educação escolar era não só um direito de todos os cidadãos, mas o meio imediato, justo e realizável de construção das bases de uma sociedade democrática. O segundo, modificações fundamentais nas formas e na qualidade da participação de inúmeros brasileiros, tanto na cultura, quanto na vida econômica e política do país, eram uma condição fundamental para a melhoria dos indicadores de nossa situação de atraso e pobreza; a educação estendida a todos através de uma mesma escola – pública, laica e gratuita – é um instrumento indispensável em tudo isto.

(BRANDÃO, 2006, p. 39)

Qual foi a essência para esse movimento na época? Esta pergunta não é difícil de responder se evidenciarmos que as estruturas econômicas, políticas, sociais e culturais influenciam a dinâmica de uma sociedade, desde de sempre. É necessário afirmar responde-se pela alta taxa de  analfabetismo e a necessidade de sua eliminação para o progresso do País. No entanto, o acesso à educação, quer dizer a democratização, sem assegurar os bens necessários a ela, pouco poderia  contribuir com a eliminação do analfabetismo, pois as diferenças regionais, as distâncias de locomoção, os turnos de aulas, o currículo, os tempos de aprendizagens, entre outros, são fatores para os quais os governantes historicamente dão pouca atenção. Por isso, ainda temos no ano de 2011, 14,1 milhões de analfabetos (IBGE, 2010). Num movimento da sociedade dinâmico e dialético constroem-se, dialogicamente, as alternativas ao que está posto. Grupos de resistência no campo da educação vão se fortalecendo e, processualmente, criando alternativas ao poder dominante, por meio de uma Educação Popular que constrói, efetivamente, com os sujeitos, reflexões e intervenções que contribuem com a emancipação, conscientização e formação de cidadãos, o que significa estarem livres da opressão.