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A Linguagem e Comunicação

Por:   •  9/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  4.250 Palavras (17 Páginas)  •  216 Visualizações

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Instituto de Ciências Humanas

Linguagem e Comunicação

Raphaela Rezende de Castro

Belo Horizonte

2017

Raphaela Rezende de Castro

       RELATO DE SHIRLEY VILHALVA

Trabalho acadêmico apresentado á disciplina Linguagem e Comunicação  do Curso Superior de Tecnologia em Comunicação Assistiva (Libras/Braille) da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Belo Horizonte

2017

Resumo

O livro 'O Despertar do Silencio' foi escrito por uma professora surda parcial e editado, respeitando a escrita da autora. A primeira parte relata a adolescência e os registros da sua memória, que ela sempre quis entender. Hoje ela depara com a evolução da escrita e compartilha no livro.

Começa o livro com um lindo poema sobre a vida dela, relatando as dificuldades e conquistas. No ano de 1968 ela se lembra de como soube quem era sua mãe, seu pai e soube que seu pai iria embora. Sempre achou estranho o fato de sua mãe se referir ao seu pai toda vez que o avião passava, pois morava perto de um aeroporto.  Shirley sempre observando as coisas, percebeu que a mãe usava ovos para fazer bolo, como na casa dela tinha galinha resolveu pegar uns ovos para tentar fazer o bolo igual a mãe fazia. Quando foi pegar os ovos a galinha que estava chocando bicou ela, ela se machucou e percebeu que não podia fazer aquilo.

Os olhos de Shirley conseguiam registrar muitas coisas mesmo sem elaboração ou mesmo não sabendo como utilizar tantas coisas que via. Certo dia ela estava em uma cama que sabia que não era na casa dela, junto com a mãe. O pai segurando sua mão e um bebezinho, que minha mãe disse ser meu irmão 'Dario' também. Ficou tudo confuso, pois o pai também era 'Dario', por momentos chegou a pensar que todos os homens chamassem 'Dario'.

Passou- se muito tempo mas fazia parte de recordação o dia que se mudou para casa da avó materna "Julia" e do tio " Naldo", a casa era diferente de tudo que já tinha visto, era toda de madeira e vibrava todas as vezes que a mesma andava. Logo quando mudou teve uma recordação marcante, quando seu tio pediu para continuar a fazer barulho, logo Shirley associou que era para continuar a bater o bife ficou batendo sem para até que cortou a mão (até hoje existe a marca no seu dedo), não sabia se expressar quanto a dor e ao machucado. Então se lembrou que certa vez uma pessoa se cortou com uma lata, então procurou uma lata velha na rua para mostrar que tinha cortado o dedo. Até mesmo porque seu tio tinha feito o sinal de silencio para ela, logo então achou que não poderia contar.

Como o tempo passou estava muito rápido Shirley continuava sem entender o que se passava, não conseguia expor seu pensamento, muitas imagens ocorrem internamente, parecendo que tudo que via, parecia que fotografava e depois ficava guardado dentro de uma caixa na cabeça e não tinha para onde ir, nem como sair, não sabia como expor por não ter um canal de comunicação com o mundo durante a idade de três, quatro anos. Depois entendendo melhor o mundo e essa formação de mundo era feita visualmente, como se a caixinha que tinha dentro da cabeça estava ficando cheia. Como no dia em que chegou uma moça e sua avó insistia que a chamasse de mãe, demorou para ela se acostumar com a situação.  Tudo parecia um filme mudo ou sem sequência, cada descoberta levava tempo, tudo precisava ser bem explicado e detalhado, mesmo na simplicidade de entender como e por que os ouvintes faziam e viviam. Isso porque as pessoas não conseguem sentir a surdez existente, apenas são testemunhas da existência de uma comunicação, olhos e olhos, mente e mente, não há necessidade de falar e sim de agir.

Shirley era filha de pais ouvintes, mas tinha parentes surdos. Isso levou a entender que a surdez poderia ser hereditária. Conseguia receber informações não muito claras através da leitura labial, que aprendeu aos poucos. Conforme o crescimento e a aprendizagem das coisas existentes, hoje ela percebe a falta de comunicação existente anteriormente entre ela e as outras pessoas. Se as pessoas falavam ela não as percebia e quando percebia não as entendia e o que mais chamava a atenção era quando as pessoas falavam (abrindo e fechando a boca). As imagens eram muito importantes, pois a autora não tinha a "imagem das palavras" e tudo que a perguntavam ela queria modelo para depois poder responder. Como na escola que os professores desenhavam a bola e escrevia ao lado "bola", assim ela sabia que o movimento da boca era aquela imagem representada no quadro.

Quando criança, não sabia que era surda (parcial) por que era difícil alguém conversar com a mesma e os familiares pouco conversavam, mas quando eles falavam de frente apontando o que eles queriam ela os entendia. Logo em seguida, em uma brincadeira de "pau-a-pique" descobriu que era diferente das outras crianças, pelo fato de sempre ficar contando e as crianças baterem no "pique". Então ela começou a querer saber o que era de estranho com ela, olhava dos pés à cabeça e não via diferença, até que se lembrou que na escola quando o professor falava com aluno, ele mexia a boca e com ela não acontecia isso.

Até que com cinco anos mudou se de casa novamente, por sorte encontrou uma vizinha que gostava de brincar de escolinha. A vizinha apontava figuras e logo em seguida falava os nomes, no começo foi difícil distingui-las.  Pois não entendia que cada pessoa e objeto tinha nome, o difícil foi usar tantas palavras que tinha aprendido a falar com a boca e fazer uso destas no dia-a-dia. Como um dia em que viu uma cobra e começou a gritas "Homem" sem parar.

Ângela, foi uma prima-irmã, elas tinham uma ligação muito forte, Shirley relata que até conseguia ver pelos seus olhos sua expressão. Passavam 24 horas juntas, Ângela era o seu meio de comunicação com outras pessoas.  Quando se mudou de escola, na primeira série foi para uma sala diferente da de Ângela e perdeu muito a nível de comunicação com a separação, assim teve que buscar outros recursos.

Shirley teve que aprender a se comunicar com a professora, tudo que ela não entendia pedia para a professora explicar em outras palavras, mas quase todas as palavras que ela apresentava continuavam sem imagem, sendo assim não conseguia entender o que a mesma dava referência. Por exemplo, ela podia até saber o nome de um objeto, mas não fazia relação ao seu significado real e nem sabia a sua utilidade. Um certo dia a professora brincando com os alunos como se tivesse avaliando a visão e a audição e numa dessas brincadeiras Shirley se deu conta que eu não ouvia barulhos e sim sentia as vibrações. Por exemplo, ela não sabia diferenciar se era carro ou moto, ou uma panela que caía ou um copo que quebrava. Muitas vezes os colegas não a aceitavam porque tinham receio que a surdez pegasse como uma doença contagiosa, eles tinham medo até de falar com ela. Nessa fase dentro ela tinha um desejo de estar numa escola onde as pessoas fossem surdas iguais a ela, pois sentia que não havia comunicação entre a mesma ao os colegas e sentia-se isolada.

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