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A Pedagogia Waldorf

Por:   •  16/5/2022  •  Artigo  •  2.421 Palavras (10 Páginas)  •  71 Visualizações

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2. AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS

Nas escolas Waldorf as práticas educacionais não se destoam de uma escola convencional, pois ambas acreditam na formação integral do ser humano. O que torna essa perspectiva de ensino uma visão diferente das demais instituições é o olhar mais aguçado para a formação do aluno, já que preservam as questões internas, para depois pensar no aprimoramento das questões externas, que no caso, são os conteúdos (JUNIOR, 2012).

Nos primeiros anos de vida a escola deve proporcionar um ambiente com estruturas afetivas e acolhedoras. Essa estrutura deve contemplar um espaço que promova a partir das ações do educando um crescimento saudável, ou seja, abranger todas as fases da primeira infância, como o andar, o falar e o pensar, sempre visando um ambiente acolhedor (SILVA, 2015)

A criança, por ser um organismo sensorial extremamente delicado e sensitivo as influencias do ambiente em que vive, deve ter a oportunidade de desenvolver-se de uma forma calma, onde se respeite o tempo e a maturação do corpo e da alma. Atuar de uma forma rápida para o desenvolvimento da criança significa prejudicar seu desenvolvimento orgânico e seu processo de amadurecimento (CARVALHO, 2015).

Essa pedagogia tem como meta principal proporcionar aos alunos o despertar harmonioso de todas as suas capacidades, seja na esfera física, emocional ou espiritual com vistas ao desenvolvimento integral. Por meio desse método, que vem modificando substancialmente os conceitos de educação escolar no mundo, jovens e crianças desenvolvem a criatividade, a auto-estima e os discernimento para o pensar objetivo e uma visão mais ampla e completa do mundo (VIANA, 2011, p.5).

Faz-se necessário que na educação infantil, a criança volte todas as suas ações exclusivamente para a sua maturação física, o que exige delas atividades corporais mais intensas. Nesse momento, a educação infantil acredita que dando mais ênfase nas questões da motricidade, da fantasia, da imaginação, fará com que a criança consiga ter bases para o seu desenvolvimento, tanto cognitivo quanto, emocional. Desta forma, a criança se prepara para receber as estruturas neurológicas que necessita para o pensar cognitivo e seu ingresso na vida escolar (SILVA, 2010).

Na ótica Waldorf é importante que o pensar seja desenvolvido na criança de acordo com sua idade. Isso quer dizer que impor a criança conteúdos desde muito cedo acaba por prejudicar o processo do desenvolvimento do cérebro que está em formação, como os outros órgãos de seu corpo, o que acarreta danos ao desenvolvimento orgânico da criança que está se formando fisicamente e emocionalmente (SILVA, 2010).

As escolas convencionais utilizam de métodos de ensino que limitam os alunos a padrões de confinamento, interferindo diretamente na sua vivencia enquanto ser social. A pedagogia Waldorf traz a tona um pensamento mais libertador, que vai contra esta idéia, sendo uma linha educacional que permite o aluno estar ligado todo tempo a si, ao ambiente e ao outro (JUNIOR,2012).

Viana (2011, p.6) diz que:

Diferentemente de outras teorias pedagógicas a Pedagogia Waldorf se baseia fundamentalmente numa observação intima do ser criança e tudo que se faz necessário de um modo geral ao desenvolvimento infantil. Para atingir a formação do ser humano, atua no desenvolvimento físico, anímico e espiritual do aluno. Preza pela interação de seus alunos em uma realidade social. Lida com os fatos e situações concretas para dar significado ao que se faz, imbuído num contexto real em que vive o aluno.

Visto isso, as escolas dessa linha acreditam que nos primeiros anos de vida, no primeiro setenio (de 0 aos 7 anos), a criança deve ter a oportunidade de viver uma educação lúdica, ou seja, o pensar, o sentir e o agir atuando juntos na busca por conhecimento (SILVA,2010).

O ludico é peça chave na Pedagogia Waldorf, como uma forma de usar de jogos e brincadeiras para trabalhar conteúdos. A partir de uma simples situação provocada à criança se vê de frente a resolução de problemas, como a aquisição de conhecimentos formais e também a convivência em grupo, onde ela aprende a partilhar, a ceder, a brincar em grupo, a brincar sozinho, a imaginar, etc. É uma forma de fazer com que a partir de experiências vivenciadas, o aluno consiga construir seu próprio conhecimento de forma livre e exploratória, saindo daquela antiga visão racional da coisa (SILVA, 2010).

Steiner acreditava que o propósito seria possuir um currículo dinâmico, que fosse flexível e constantemente revisado, porem com certo parâmetro, ou seja, seguindo a linha artística nos processos pedagógicos. Essa característica torna a escola Waldorf não disciplinar, pois requer sempre novos caminhos a serem seguidos e repensados. É uma forma do ensino sempre ser algo trabalhado conforme a necessidade, não como uma ferramenta pronta que apenas deve ser seguida (JUNIOR, 2012).

O sentido de não-disciplinaridade torna essa pedagogia uma educação que sempre se renova que não cai na mesmice, na busca pela segurança, mas que almeja a todo tempo uma renovação, já que segue a linha do desconhecido (JUNIOR, 2012).

Steiner deixou um parâmetro de avaliação para checar se o ensino possui vivacidade: a imperfeição. O conteúdo que ganhou forma no passado, que se torna padrão, não deixa espaço para surgir o novo, torna-se uma cristalização da atividade criadora, pulsante e viva. O padrão, o cristalizado, já alcançou a perfeição, foi disciplinarizado; o imperfeito, que é desconhecido, e não possui uma forma definida ou estanque, é não disciplinar (JUNIOR,2012, p.160).

O currículo Waldorf acredita que ao ser flexível, o ensino possa a todo tempo, se configurar a necessidade da realidade escolar. O professor é responsável por adequá-lo conforme a necessidade do grupo e a demandas sociais do momento. O diferencial do currículo está em como se pensar em “educar” e não basicamente em seguir um documento com base exclusiva de sua prática (JUNIOR, 2012).

Em cada setênio é utilizado um novo currículo que se adéqua a cada idade, mostrando a real preocupação com os acontecimentos momentâneos, atrelando as necessidades do aluno aos conteúdos a serem trabalhados pelo professor.

A questão é que apesar da Waldorf possuir esse diferencial, não exclui dela suas características disciplinares. O que se faz, é pensar na disciplinaridade combinada com o ideal de liberdade, marco desta pedagogia (JUNIOR, 2012).

Richter (2002) apud Junior (2012, p. 158):

A liberdade de ensino é a condição e o pressuposto humano para a realização fidedigna da Educação para a Liberdade. Uma escola que pretende ser viva e atual tem de estimular seus professores a desenvolverem continuamente métodos e currículos; o mesmo principio deve valer para a estruturação do currículo e para a escolha de temas adequados para o trabalho em sala de aula. Por esse motivo, os princípios didáticos também têm mero caráter de diretrizes.

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