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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA PEDAGOGIA WALDORF NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Por:   •  16/3/2020  •  Artigo  •  5.519 Palavras (23 Páginas)  •  183 Visualizações

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FUNDAMENTOS FILOSÓFICOS DA PEDAGOGIA WALDORF NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ana Lídia Mendes Ramos[1]

RESUMO

Este estudo apresenta a Antroposofia como fundamento antropológico e filosófico da Pedagogia Waldorf. Trata-se de uma revisão bibliográfica baseada na literatura especializada através de consulta em livros e artigos científicos selecionados através da busca no acervo da biblioteca central da Universidade Federal de Alfenas - MG, campus de Alfenas e em bancos de dados do Scielo e do Google Acadêmico. Os estudos encontrados sobre os fundamentos da Pedagogia Waldorf, sustentam a hipóteses de que a Antroposofia contêm elementos antropológicos e filosóficos que embasam a prática pedagógica das escolas Waldorf. Nesse texto enfatizamos o desenvolvimento psicomotor das crianças no período que a Antroposofia denomina primeiro setênio, pois é a fase que corresponde a etapa da educação infantil, foco de nossa pesquisa. Ainda é necessário mais estudos sobre os fundamentos da pedagogia Waldorf, já que parâmetros importantes como a relação escola, sociedade e redes de ensino permanecem controversas nos estudos analisados.

Palavras-chave: Pedagogia Waldorf. Educação Infantil. Antroposofia.

Introdução

Idealizada por Rudolf Steiner, em 1919, a Pedagogia Waldorf diferencia-se de teorias pedagógicas atuais, por se basear numa profunda observação do “ser criança” e das condições necessárias para o bom desenvolvimento delas.

Partindo desse pressuposto questionamos se a Antroposofia é o fundamento antropológico e filosófico da Pedagogia Waldorf na Educação Infantil no Brasil? A hipótese que orientou esta pesquisa é a de que a prática da Pedagogia Waldorf na Educação Infantil, no Brasil, é fundamentada na cosmovisão de mundo da Antroposofia.

Neste artigo tomamos a definição de Antroposofia dada por Steiner (1915, p. 16), como sendo “[...] sabedoria do homem. Mas não se trata apenas de antropologia; trata-se, na realidade, de uma ciência do Cosmo, tendo por centro e ponto de apoio o homem”.

De acordo com Lanz (1979, p. 09, g.o*) “O que distingue a pedagogia Waldorf de outras teorias pedagógicas é o fato de aquela basear-se numa observação íntima do ‘ser criança’ e das condições necessárias ao desenvolvimento infantil”.

O termo Pedagogia Waldorf torna-se um modo de conhecimento baseado na Antroposofia, que concebe o homem como um ser harmônico, físico–anímico-espiritual, fundamentada na prática educativa, baseando-se em uma observação íntima ligada ao ser criança e de suas condições necessárias ao desenvolvimento infantil.

Compreendemos, neste trabalho, a educação infantil conforme o artigo 29 da Lei de diretrizes e bases da educação nacional que a define como a “primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade.”

O estudo sobre os fundamentos da Pedagogia Waldorf na educação infantil, no Brasil, tem por objetivo disseminar na comunidade científica e também para o público geral, interessado em educação, a importância das pesquisas que estão em andamento.

O trabalho torna-se relevante, na medida em que ainda são pouco conhecidos, no Brasil, os fundamentos da prática da Pedagogia Waldorf na educação infantil. Outro aspecto importante é que tem se ampliado, nos últimos anos, o número de escolas e docentes que passaram a adotar a Pedagogia Waldorf como prática na educação infantil, tornando necessário conhecer melhor os fundamentos desta pedagogia.

A busca de artigos nos bancos de dados foi realizada utilizando as palavras-chave “Antroposofia”, “Fundamentos da Pedagogia Waldorf”, “Pedagogia Waldorf na educação infantil”, “Antroposofia no Brasil”. Os critérios de inclusão para os estudos encontrados foram obras de referência que discutem os fundamentos da Pedagogia Waldorf e educação infantil. Foram excluídos estudos que descreviam a Antroposofia como ciência do homem, mas não relacionavam com a Pedagogia Waldorf. Também estudos sobre Pedagogia Waldorf que não tratavam diretamente da educação infantil não foram incluídos neste estudo.

No período pesquisado (1985 a 2015) foram encontrados três livros dos quais se estudou, detalhadamente, os capítulos “Fundamentos e princípios gerais da Pedagogia Waldorf” (Lanz, 1979); “O desenvolvimento da criança” (Ignácio, 2014) e “O caminho do conhecimento” (Steiner, 2005) também foram selecionados para este estudo três trabalhos de conclusão de curso recentes, por fazerem um relato tipo estado da arte sobre a pedagogia Waldorf: Pires (2013), Marinis (2015) e Garcia (2015). Além destas fontes principais recorreu-se aos inúmeros artigos e textos disponibilizados pela Federação das Escolas Waldorf do Brasil em seu site e também do portal da internet da Sociedade Antroposófica do Brasil. Logo após o levantamento bibliográfico buscou-se estudar e compreender as principais características da Antroposofia e sua relação com a Pedagogia Waldorf na educação infantil no Brasil.

Na sequência, apresenta-se, em três seções, os resultados da pesquisa realizada. A primeira seção: “Origens da Antroposofia” apresenta alguns dados biográficos importantes do fundador da Antroposofia e as principais características dessa nova ciência em contraste com a ciência tradicional. Na segunda seção: “As fases do desenvolvimento da criança segundo a Antroposofia” ressalta-se os elementos que a visão antroposófica denomina como primeiro setênio. Enfatiza-se o vínculo defendido por essa visão de mundo entre os aspectos relacionais sociais, comum também às psicologias construtivistas e sociointeracionistas, e os emocionais/espirituais que são destacados pela Antroposofia. Na terceira seção: “Antroposofia e a Pedagogia Waldorf” discute-se os fundamentos da Pedagogia Waldorf. Propõe-se a relacionar, com base em estudos de caso realizados no Brasil, a prática pedagógica em algumas escolas de educação infantil no Brasil com a visão antropológica e filosófica da Antroposofia.

1. Origens da Antroposofia

A palavra Antroposofia foi usada pela primeira vez por Steiner (1985) em 1892 no seu livro: Wahrheit und Wissenschaft. Vorspiel einer “Philosophie der Freiheit (Verdade e Ciência. Prelúdio à uma Filosofia da Liberdade, na tradução brasileira de 1985). Rudolf Steiner foi um filósofo que nasceu na cidade de Kraljevec, em 1861, então Áustria [hoje Croácia]. Seu pai trabalhava na estação ferroviária, deixando-o sempre próximo de tecnologias da época. Isto também o levou a várias mudanças de residência (Marinis, 2015; Garcia, 2015).

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