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A violencia simbólica

Por:   •  20/8/2017  •  Artigo  •  2.478 Palavras (10 Páginas)  •  430 Visualizações

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A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA: ENFOQUES SOCIOLÓGICOS.

Cézar Ferreira da Nóbrega*

Danilo de Sousa Silva**

Francisco Ferreira Parnaíba Filho***

Resumo: Este artigo é um pequeno esboço sobre os pontos de vista e considerações de Pierre Bourdieu acerca das ideologias do poder simbólico. Em seguida, procura-se apresentar as concepções do autor sobre Violência Simbólica. Em segundo falaremos como a violência simbólica é expressa no ambiente escolar, na ótica de Paulo Freire e concluímos refletindo sobre alguns dos pontos levantados enfatizando as perspectivas atuais, expondo algumas breves considerações acerca da insuficiência da estrutura rígida da Escola  e do Estado em uma sociedade complexa como a atual.

Palavras-chave:  Ideologia, Poder simbólico, Violência simbólica, Estado, Sociedade.

Introdução

O presente artigo intitulado, A violência Simbólica: enfoques sociológicos, elaborado através de pesquisas e leituras realizadas sobre o autor Pierre Bourdieu, criador do termo violência simbólica. Trataremos sobre esta temática e o conceito do Poder Simbólico e violência simbólica de maneira direta ou indireta, que diariamente, somos expostos a todo tipo de informação alusiva a atos de violação à integridade física, psicológica e moral, de outros seres humanos por meio dos noticiários televisivos, da mídia, impressa, do cinema, e da própria realidade à nossa volta. O poder simbólico é um dos temas ao qual Bourdieu se dedica mais incisivamente.  


O Poder Simbólico

Para iniciarmos as tratativas sobre esse tipo de poder, cujo mesmo é um dos temas que Pierre Bourdieu mais se dedica, é imprescindível que se fale tudo o que o autor francês quis dizer sobre toda essa simbologia, na qual está intrincada numa espécie de poder “que só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que estão sujeitos a esse poder ou mesmo daqueles que o exercem” (BOURDIEU, 1989). O poder simbólico normalmente é ignorado, fato este, que nos permite deduzir que ele é reconhecido sim, por quem o pratica, ou seja, pode até ser ignorado, mas os envolvidos sabe que estão em meio a uma prática que envolve esse tipo de poder de um indivíduo sobre o outro. O autor também enfatiza que:

O poder simbólico é um poder de construção da realidade que tende a estabelecer uma ordem gnoseológica: o sentido imediato do mundo (e, em particular, do mundo social) supõe aquilo que Durkheim chama o conformismo lógico, quer dizer, “uma concepção homogênea do tempo, do espaço, do número, da causa, que torna possível a concordância entre as inteligências”. (BOURDIEU, 1989, p. 9).

Vê-se então, que essa espécie de poder advém da nossa construção da realidade, ou seja, nas formas de nos relacionarmos socialmente no dia-dia, sendo que, o simbolismo é onipresente, e este, sempre irá acompanhar nossos diálogos, seja com qualquer pessoa, tudo depende da equalização das inteligências. Concomitante a esse tipo de poder, surge também uma forma de “violentar” simbolicamente alguém, é o termo denominado de violência simbólica, que é basicamente a maneira que a classe dominante impõe seu modo de pensar ao resto da sociedade, ou seja, uma forma de restrição do processo econômico, cultural e intelectual dos mais desvalidos. O alicerce dessa violência simbólica estaria então, presente nos símbolos, signos e gestos culturais, principalmente na lucidez dos praticantes dessa violência. Lógico que essa violência também pode acontecer de maneira inconsciente, pois, muitas vezes não nos damos conta, mas cometemos violência simbólica quase que frequentemente, seja nas relações cotidianas ou não. Esse termo também foi criado pelo pensador francês Pierre Bourdieu, a partir de sua concepção acerca da logicidade adquirida a partir do estudo do poder simbólico.

O que podemos pensar e/ou imaginar a partir desse conceito de violência simbólica? Em qual ambiente ela acontece com maior frequência? Nós a praticamos? Bem, a violência simbólica é muito pouco pensada, se pararmos para raciocinar sobre ela, iremos nos chocar com a minúscula importância que é dada a ela. A falta de conhecimento e de norteio se acusa por tal concepção, pois, pouco se imagina, pouco se quer saber, a curiosidade é defasada.

A violência simbólica é na maioria das vezes, exercida por diferentes instituições sociais: o Estado, a mídia e a escola, sendo que a última, julgamos como o ambiente em que mais se sucede esse tipo de violência, pois:

[...] o sistema escolar cumpre uma função de legitimação cada vez mais necessária à perpetuação da “ordem social” uma vez que a evolução das relações de foca entre as classes tende a excluir de modo mais completo a imposição de uma hierarquia fundada na afirmação bruta e brutal das relações de força. (BOURDIEU, 2001, p. 311)

Na escola a violência simbólica se consolida não de forma física, muito longe disso, os gestos e símbolos violentos são exercidos numa ordem do maior para o menor socialmente, ou seja, na maioria das vezes o opressor é o que tem a melhor condição financeira, e o oprimido se sente desvalido e aceita a opressão. Essa hierarquia se firma na escola, pois, ela possibilita através da não restrição dessa violência. Ao longo do presente artigo, apresentaremos minuciosamente como a violência simbólica se cria no meio social, destacando uma série de implicações da mesma.

A violência simbólica no ambiente escolar

Não há dúvidas de que nos dias atuais vivenciamos um dos momentos mais importantes do cenário social e cultural, a era da globalização e da expansão social. Tudo isso, são aspectos que colaboram para o crescimento das desigualdades de maneira geral, pois, na medida em que há um desenvolvimento social, também se vê a necessidade de observação da importância da natureza do ser humano, natureza essa que, por um lado reforça as desigualdades e por outro, acaba não percebendo que é responsável por tal problema, denominado de violência simbólica.

A violência simbólica como já vimos, está presente em diversos ambientes e em qualquer classe social, de modo que, na maioria das vezes não percebemos que ela existe, e que acabamos nos transformando em meio a esse tipo de violência, que é reforçada e estruturada pelo fortalecimento de uma cultura imposta pelos dominantes aos dominados, uma verdadeira opressão. A partir de leituras feitas do livro “Pedagogia do Oprimido” de Paulo Freire, percebemos uma cultura onde existe uma demonstração maior de opressores, estes, que se sobressaem sobre os oprimidos. A violência simbólica pode acarretar numa série de contribuições para a expansão dessa cultura, e o pior, isso acontece com bastante frequência no âmbito escolar.

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