Como a brincadeira contribui para o desenvolvimento humano

Como a brincadeira contribui para o desenvolvimento humano 

Segundo o Referencial Curricular Nacional (1998, apud ALMEIDA et.al., 2009) a criança precisa brincar, ter prazer e alegria para crescer, precisa do jogo como forma de equilíbrio entre ela e o mundo e através do lúdico a criança se desenvolve.

Aparentemente, a brincadeira parece ser uma atividade pouco estruturada, mas cria uma zona de desenvolvimento proximal na criança, tanto pela situação imaginária como pelas regras, que normalmente na infância são mais flexíveis (VIGOTSKI, 2008).

Os jogos ou brincadeiras estão diretamente ligados ao desenvolvimento mental na infância, tanto a aprendizagem quanto as atividades lúdicas constituem uma assimilação do real. A brincadeira simboliza a relação pensamento-ação da criança, e, sendo assim, constituindo formas de expressão da linguagem (gestual, falada e escrita). Os jogos têm um papel no desenvolvimento psicomotor e no processo de aprendizado social da criança, através dos jogos é possível exercitar os processos mentais e o desenvolvimento da linguagem e hábitos sociais (ALMEIDA et.al., 2009).
Em “Brinquedo e Infância”, Santos escreve:

Para ajudar a criança no seu desenvolvimento ela busca compreender sua natureza, nessa busca encontramos o brincar como uma necessidade básica. A brincadeira é considerada a primeira conduta inteligente do ser humano; ela aparece logo que a criança nasce e é de natureza sensorio-motora. Isso significa que o primeiro brinquedo são os dedos e seus movimentos, que observados pela criança constituem-se a origem mais remota do jogo (SANTOS 2006 p.13).

As crianças brincam de faz de conta e inventam. Ora são fadas, ora são bruxas. Podem ser professoras, médicas, mães ou pais, com mudanças de papéis em questão de minutos. A brincadeira para elas não tem um valor de passatempo, mas de criar recursos para enfrentar o mundo com os seus desafios (SANCHES, 2008).

A criança age num mundo imaginário, onde a situação é definida pelo significado estabelecido e não pelos elementos reais presentes. Importante na brincadeira que a criança relaciona-se com o significado. Isso é importante para desvincular-se das situações concretas (VIGOTSKI, 2008).

Fornece à criança uma situação de transição entre a ação com objetos concretos e as ações com significados. O fazer de conta, em geral, cria situações que as auxiliam no desenvolvimento da criatividade e da autonomia. Brincadeira também é uma ação regida por regras. Mesmo no universo de “faz-de-conta” há regras que devem ser seguidas. Ex.: brincadeira professor/aluno (VIGOTSKI, 2008).

Criança age num mundo imaginário, no brinquedo a criança comporta-se de forma mais avançada do que aquela habitual para sua idade (da vida real) e também aprende a diferenciar objeto e significado. Durante as brincadeiras em grupo, as crianças têm a possibilidade de enfrentar os desafios propostos em prol do equilíbrio nas relações sociais. Trata-se de uma aprendizagem para a vida adulta, já que é uma maneira de elas aprenderem a lidar com as suas frustrações. O importante também na brincadeira é que a criança se relaciona com o significado, desvinculando-se das situações concretas (VIGOTSKI, 2008).

Brincar é uma importante forma de comunicação e, por meio dela, a criança pode reproduzir o seu cotidiano. Mas vale lembrar que cada faixa etária tem uma necessidade e um interesse diferentes durante a brincadeira. Crianças muito pequenas têm maior dificuldade em dividir os seus brinquedos, enquanto as maiores gostam de jogos em grupo (SANCHES, 2008).

O jogo é uma atividade própria da criança e esta centrada no prazer que proporciona a ela. Brincadeiras com o corpo em movimento auxiliam as crianças a compreender e a relacionar conceitos de: perto, longe, atrás, mais perto, em cima, na frente, ou seja, ela sustenta o que Hartley (apud Almeida et.al., 2009), já havia dito sobre a importância da criança brincar ou jogar. É possível desenvolver relacionamentos, pois o ato de brincar, jogar é necessário que haja uma interação, pois assim o aprendizado torna-se mais eficaz para ambas as crianças, pois a troca de conhecimento é vasta (ALMEIDA et.al., 2009).

Através dos jogos as crianças desenvolvem um melhor relacionamento com outras crianças e com adultos interagindo com o meio em que estão inseridas, lhes proporcionando um auto-conhecimento, essas descobertas as fascinam, pois um mundo novo é inserido e descoberto (VIGOTSKI, 2008).

A brincadeira pressupõe uma abordagem social, pois a criança é iniciada nessa atividade por pessoas que cuidam dela, e não por iniciativa própria. Brougère (1998 apud Oliveira 2003) fala ainda, numa cultura lúdica, entendida como um conjunto de procedimentos que permitem tornar o jogo possível anterior à brincadeira e construída por meio das interações sociais com restrições ou oposições impostas pelo adulto (OLIVEIRA, 2003).

A criança em idade pré- escolar possui desejos, como cozinhar, dirigir carros, cuidar de crianças, que não são passiveis de serem realizados; mesmo assim permanece a tendência de realização imediata. Desse modo, a solução encontrada por ela é envolver-se num mundo imaginário e ilusório chamado brinquedo (Vygotsky,1984 apud OLIVEIRA e FRANCISCHINI, 2003, p.68).

O brinquedo não precisa ser caro, mas seguro e criativo. Assim, as sucatas coloridas podem ser um importante recurso para a confecção de objetos, como jogos de boliche, da velha e de encaixe, além de bonecos e fantoches, entre tantos outros. Para isso, basta apenas saber brincar (SANCHES, 2008)

Brincar é também raciocinar, descobrir, persistir e perseverar; aprender a perder percebendo que haverá novas oportunidades para ganhar; esforçar-se, ter paciência, não desistindo facilmente. Brincar é viver criativamente no mundo. Ter prazer em brincar é ter prazer em viver (ALMEIDA et.al., 2009).

O brincar percorreu todas as gerações humanas, faz parte da vida do homem de todos os tempos. Mas, com as mudanças na sociedade essas brincadeiras acabam se modificando com o passar do tempo.

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