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Ensino Mútuo no Império

Por:   •  30/10/2018  •  Bibliografia  •  1.740 Palavras (7 Páginas)  •  183 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Atualmente, pouco se sabe sobre a contextualização do momento histórico do ensino mútuo ou “método lancasteriano”. Este projeto visa elaborar uma pesquisa sobre como ele ganhou espaço na Inglaterra e França em meados do século XIX, como ele foi difundido no Brasil e o impacto que isso teve na época, assim como os reflexos do método nos dias atuais. A análise do mesmo nos permite caracterizar suas origens, objetivos, princípios e críticas. O principal objetivo deste projeto de pesquisa é familiarizar os estudantes acerca das características do ensino monitoral de modo reflexivo, para que, posteriormente, ele possa ser passado adiante para os demais colegas através do seminário.

DESENVOLVIMENTO

No final do século XVIII vemos surgir um novo método de ensino denominado monitorial ou mutuo. Até então a maior parte dos professores utilizavam do método individual, no qual consistia em fazer ler, escrever, calcular, cada aluno separadamente, um após o outro, de maneira que quando um recita a lição, os demais trabalham em silêncio e sozinhos. O professor dedica poucos minutos à cada aluno. No fim do século XVII, sob inspiração de Jean-Baptiste de La SaBe (1651-1718), é introduzido o método simultâneo, que a partir de 1850, generaliza-se nas escolas primárias e é praticado até nossos dias, onde o professor recita as lições a todos os alunos, que já são separados em classe de mesmo nível.

Zélis, ao traçar a história do ensino mútuo, afirma que podemos encontrar um esboço do mesmo nas escolas monásticas, nas escolas dos Irmãos de Vida Comum na Alta Idade Média e em certas escolas de caridade, no período anterior a Revolução Francesa. No entanto, o método será sistematizado, separadamente, por A.Bell(1753-l832) e por J.Lancaster(1778-1838), que reivindicam a paternidade do mesmo. Nos métodos de ensino individual e simultâneo, o agente de ensino é o professor. No método mútuo a responsabilidade é dividida entre o professor e os monitores, visando uma democratização das funções de ensinar e o que o difere dos métodos anteriores é que neste método eram usados os alunos que se destacavam dos demais para o ensino do restante da turma.

Ele foi desenvolvido após a abertura de uma escola na periferia de Londres, onde Lancaster se deparou com a problemática de ensinar uma grande quantidade de alunos com um número reduzido de professores A saída encontrada foi agrupar os alunos de acordo graus de conhecimento semelhantes e, paralelamente, selecionar alunos em níveis mais avançados e colocá-los como monitores em cada um desses grupos. Com isto, o papel do professor passou então a ser o de orientar esses alunos monitores e também gerenciar a escola como um todo.

METODOLOGIA E ESTRUTURA DO ENSINO MÚTUO

Sabendo-se que ele tinha como objetivo inicial suprir a falta de professores com a popularização das práticas de ensino, percebeu-se que apenas um professor era capaz de gerenciar uma escola ao designar a tarefa de transmissão de conhecimento para os que possuíam melhor desempenho em determinado conteúdo, os monitores.

A estrutura organizacional funcionava da seguinte forma: Os alunos ficavam em uma sala de forma enfileirada, cada um em sua determinada classe (classe adotava o significado hierárquico na época), onde na extremidade ficavam os monitores com o quadro negro; Ele podia mudar de classe caso se destacasse, podendo ficar na classe superior somente se acompanhasse o aprendizado do restante, caso contrário, retornaria a classe de origem podendo também substituir o monitor; Cada classe possuía um ritmo determinado de estudo e um programa a desenvolver, no caso das meninas era restritamente a costura, e para os meninos leitura, escrita e aritmética. Além disso, o aluno poderia fazer parte de outras classes, pois poderia ocorrer de estar mais avançado em cálculos que na escrita.

As reprimendas eram mais parecidas com as que conhecemos hoje, iniciam com pequenas detenções, como por exemplo, ficar depois da aula, ser isolado ou ter que fazer outras atividades extras, até a possível expulsão.

No caso dos monitores, os principais agentes deste método, por terem se destacado, se encontram previamente com o professor para receber as instruções sobre os exercícios e conteúdos da aula do dia. Ele é quem tem o controle da classe. Quando um aluno comete um erro ou hesita, ele é repreendido pelo monitor, que solicita que seja refeito até a dificuldade ser superada.

Com essa organização, o papel do professor se torna restrito. Ele não tem contato direto com os alunos. Durante aula, ele permanecia em sua mesa ao fundo da sala acompanhado de um ou dois suplentes, os mais velhos e instruídos monitores, que transmitem as ordens e o substituem em caso de falta. Desse modo ele conseguia gerenciar a escola e controlar os horários, as atividades, os monitores de forma organizada.

Os motivos pelo qual o método se espalhou foi devido a facilidade de manter a disciplina. Existia uma hierarquia de recompensas que estimulavam os alunos a progredir, tais como jogos, livros, a possibilidade de se tornar monitor e receber um salário como tal. Para alguns, era fornecido um certificado que facilitava a colocação profissional. Além disso, existia uma vantagem econômica, que permitia ser ensinado em pouco tempo um grande número de alunos.

A crítica ao modelo se encontra na incompetência dos monitores que eram incapazes de dar explicações complementares ou de se adaptar ao nível de compreensão dos colegas. Um sistema baseado em um procedimento mecânico de ensino, a transmissão de conhecimentos superficiais não leva os alunos uma reflexão mais crítica, deixando-os presos a um sistema militar e fugindo do principal conceito de educar.

ENSINO MÚTUO NO BRASIL

Assim que a família real decidiu que o Brasil seria a nova sede da Coroa portuguesa, buscar-se-ia medidas para que fossem desenvolvidos os setores cultural e educacional da colônia. Para que a área administrativa funcionasse com eficácia, foram criados cursos técnicos e instituições de ensino superior, no entanto a instrução pública do ensino de primeiras letras, não tem a devida atenção.

Os relatos do ensino mútuo no Brasil eram documentados por periódicos, e a primeira referência do método Lancasteriano nestes

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