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Historia da disciplina de geografia no CPII

Por:   •  15/2/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.152 Palavras (9 Páginas)  •  298 Visualizações

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História da Disciplina de Geografia no Colégio Pedro II

  1. Introdução

     

 A pesquisa em história das disciplinas escolares no Brasil é algo recente, datando o início dos anos 90. Somente com as primeiras traduções dos estudos realizados por André Chervel na França que os estudos nesse campo de pesquisa começam a ganhar força.

        Tem sido cada vez maior o número de trabalhos que tem como foco a questão do ensino no Brasil sob a perspectiva de uma única disciplina escolar. O presente trabalho tem por objetivo contribuir para os estudos da história das disciplinas escolares, tendo como foco de pesquisa o ensino da Geografia ao longo de sua história para compreendemos melhor a sua trajetória no Brasil, especificamente dentro da escola imperial Colégio Pedro II.

     Vale ressaltar que optamos discutir sobre a história da geografia escolar, em um período em que o currículo prescrito para o colégio Imperial Pedro II, deveria padronizar nacionalmente, a seleção cultural considerada, segundo os legisladores brasileiros, digna de ser assimilada para as novas gerações. Sendo assim, o nosso trabalho irá apresentar desde a criação dessa instituição em 1837, até a década de 80, quando é proclamada a Republica no Brasil.

  1. História da disciplina de Geografia

       Segundo Pereira (1999), a Geografia aparece como disciplina escolar integrante do currículo na Alemanha, no início do século XIX. Alguns anos antes, esse mesmo país havia consumado sua unificação territorial e a existência da Geografia na educação teria importante papel na consolidação da identidade espacial alemã, uma exigência para qualquer Estado Nacional recém-criado. O governo instituiu a formação básica para todos, com a exigência de aprenderem a língua nacional, a história e a Geografia na perspectiva de haver um amor a sua pátria.

           Carregada de uma função patriótica, a Geografia foi também institucionalizada na França após 1870, quando ficou comprovado que a Alemanha ganhou a guerra franco-prussiana porque seus soldados sabiam mais sobre o território disputado. Testada na Alemanha e depois na França, a Geografia se apresentava, então, com um valor inigualável de prestadora de serviços patrióticos para o Estado.

    A Geografia teve utilidade primeiramente para a guerra e consequentemente para preparar soldados. Assim, a Geografia começou a ser ensinada na escola porque era útil à classe dominante naquele momento histórico. A partir de sua inserção na escola, ela passa a ter uma função: mostrar através de descrições, mapas com contornos do país e da observação direta do meio circundante o próprio Estado-Nação, valorizando-o e criando laços de respeito e dedicação à imagem da pátria, para que, se fosse preciso, se lutasse por ela.

       Com relação aos autores que já se debruçaram sobre a constituição da disciplina de Geografia, destacam-se Vlach (1988), Rocha (1996) e Goodson (1990). Alem desses destacam-se também os trabalhos realizados na década de 1970 por Lacoste, (1993) no que tange as finalidades do ensino de Geografia, e os estudos de Rua, (1992) que se preocuparam com as transformações dos livros didáticos.

  1.  História da Disciplina de Geografia no Brasil        

     Esses estudos começaram no Brasil no período colonial, em 1599 com os padres Jesuítas, elas eram impostas indiretamente pelas leituras de autores clássicos, eles apenas prezavam o Latim e o Grego. O pequeno papel que ela ainda indiretamente conseguia um destaque era o de apenas oferecer uma cultura geral aos alunos, mas moldados nos padrões europeus, não levava a realidade vivida em consideração.

  Ela era posta como uma matéria secundaria, onde ficava ao critério do Prefeito de estudos controlar o número de aulas de acordo com as exigências locais.

   Enquanto os jesuítas tinham o domínio da educação no Brasil, o ensino de geografia foi secundarista, não havendo formação para esse tipo de professores

   Apenas no século XIX que a geografia começou a possuir maior importância na educação formal. Com a criação do Imperial Colégio de Pedro II em 1837, localizado no Rio de Janeiro, sede da antiga Corte do Império o ensino de geografia tem legitimidade e começa a ter autonomia. O modelo de educação que o colégio segue é da França, e ela tinham o objetivo de ser uma escola padrão.

   Ruy Barbosa ele se opõem a esse ensino de geografia opondo-se método tradicional de ensino e reivindica claramente um modelo de ensino mais modernizado e diz que: “Praticado assim pelo bordão da rotina, o ensino de geografia é inútil, embrutecedor. Nulo como meio de cultura, incapaz mesmo de atuar duradouramente na memória, não faz senão oprimir, cansar, e estupidificar a infância, em vez de esclarecê-la, e educá-la.”

   Assim ele sugere ele a adoção de métodos e técnicas modernas aplicados através de processos intuitivos, onde o ensino de geografia deveria partir da realidade mais próxima, ou seja, do conhecido para o desconhecido e ser respaldado no discurso científico, utilizando para isso o princípio da observação direta dos fenômenos estudados.

  1. A História do Colégio Pedro II e o Ensino Secundarista.

   O Colégio Pedro II foi o primeiro colégio de instrução secundária, criado para ser referência de ensino no Brasil, conta com uma longa tradição que se confunde com a própria história do país. Do Império à República, o Colégio foi protagonista da educação nacional por meio do desenvolvimento científico, artístico e cultural da nação brasileira.

    Sua origem remonta ao Colégio dos Órfãos de São Pedro, criado em 1739 pelo Bispo D. Antônio de Guadalupe, posteriormente chamado Seminário de São Joaquim (1766). O seminário exercia também a função de escola, funcionando como um polo de cultura na cidade do Rio de Janeiro, papel que ganhou mais relevância quando da expulsão dos jesuítas do Brasil ,em 1759. A partir desse episódio, a educação dos jovens se limitou à instrução doméstica com preceptores e aos seminários ligados às paróquias locais, como o São Joaquim.

    Através de um decreto de 2 de dezembro de 1837 , por iniciativa do ministro interino do Império , Bernardo Pereira de Vasconcellos ,o Seminário de São Joaquim é convertido em Colégio de instrução secundária , transformado no Imperial Collegio de Pedro Segundo. O Colégio marca o início da ação do governo central na organização sistemática desse campo de ensino em contraposição às aulas isoladas que herdamos da colônia.

     Com um programa de ensino de base clássica e tradição humanística, a instituição conferia a seus formandos o diploma de Bacharel em Letras, o que os habilitava a ingressar no ensino superior sem prestar exames. Por décadas, o programa estabelecido pelo Colégio Pedro II foi referência nacional para outros estabelecimentos de ensino secundário, assim como também foi exemplar a manutenção da disciplina entre o corpo discente.

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