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Memorias de minha infância

Por:   •  19/8/2015  •  Dissertação  •  708 Palavras (3 Páginas)  •  264 Visualizações

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Sonhos de criança

Era um dia especial para mim, meu primeiro dia na escola, jardim da infância, em uma pequena sala na paróquia da igreja católica, gostei da professora era carinhosa e tinha muita paciência, me cumprimentava na rua; minha mãe conta que eu tinha um desejo enorme de estudar, quando via minha irmã mais velha se arrumando, chorava para estudar também. As lembranças dessa época são boas, não gostava da substituta ela era má, falava com as crianças em tom autoritário, me sentia inferior e com muito medo, mesmo sem estar fazendo nada de errado, a recordação é mais forte do deboche, das críticas que ela fazia sem necessidade.

Anos depois minha família mudou-se da cidade para a fazenda, foi uma grande alegria para mim, as seis da manhã já estava de pé, gostava de ir para o curral brincar com os bezerrinhos, não tinha um que eu e minha irmã não conseguisse amansar. Depois do almoço a gente ia para o riacho tomar banho e pescar quase todos os dias, minha mãe as vezes ralhava: “não fique muito nesse córrego tem sucuri”, mas a gente não tinha medo.

Fui matriculada no primeiro ano, escola rural, tinha muitos alunos e poucos recursos, do inicial a quarta série todos na mesma sala, o quadro era repartido, uma parte para cada serie, a professora não conseguia acompanhar a todos. Ela se chamava Marcelena, era uma pessoa calma, me sentia sempre motivada a estudar, mas logo ela saiu, veio outra, esta era má, não tinha paciência, beliscava quando eu não conseguia entender a matéria; mas como havia muitos alunos, decidiram dividir a turma em dois períodos, matutino e vespertino. Logo que veio a novidade quis passar para o período vespertino, resolveria parte dos meus problemas, já que não teria que levantar as cinco da manhã para conseguir chegar a escola, como ia de chinelos, sempre molhava e sujava os pés, no orvalho do capim que caia a noite. Mas houve um grande rebuliço na escola pois o novo mestre era negro! A maioria não queria aceitar, veio a diretora, explicou, disse que ele era um bom professor, mas apenas aqueles que moravam muito distantes da escola aceitaram estudar com ele; formou-se então uma pequena turma, dezesseis no máximo; as premissas da diretora se realizaram, Ubirajara era um bom mestre, nunca vi ele maltratar aluno algum, ao contrário brincava conosco, de queimada, roubar bandeirinha. Ele era alcoólatra, as vezes bebia e não tinha condições de dar aula, deixava a gente brincar e ia dormir, apesar disto ter ocorrido algumas vezes, nunca nos faltou com o devido respeito, aprendemos a respeitá-lo, ele nunca teve discussões com ninguém da turma.

Meus pais eram ausentes na escola e também na minha vida, nunca iam as reuniões (isso quando havia, era raro), minha mãe uma mulher rude, analfabeta, não via muita necessidade das filhas estudarem, tinha uma concepção machista: “Mulher não precisava estudar!” E meu pai, apesar de ter feito o primário, também não se esforçava muito; quando chegava uma visita e perguntava em que série eu estava, ele não sabia dizer, me perguntava qual era. Eu crescia sem entender muito a dimensão de meus problemas, não tinha a quem recorrer nas tarefas de casa, mas percebia a importância da escola na minha vida, nunca reprovava ou ficava de recuperação. Aos nove anos descobri a biblioteca na cidade, amava os livros, comecei a ler os infanto-juvenis, depois José Mauro de Vasconcelos (sou apaixonada em “Rosinha minha canoa”), José de Alencar, Bariani Hortêncio, Jorge Amado, e outros tantos. Queria ser escritora e jornalista, sonhava com os meus livros; me refugiava as margens do riacho, sob o barulho das aguas correndo escrevia meus contos e poemas, um dia teria fama, todos iam conhecer os meus livros. Doce encanto, vida de criança, tudo era possível, nunca falei para ninguém de meu sonho, era secreto, agora não é mais: Contei-lo a você.

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