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O CAMINHO MELHOR JOVEM: POLÍTICAS DE INCLUSÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA AS ÁREAS OCUPADAS PELAS UNIDADES DE POLÍCIA PACIFICADORA.

Por:   •  4/8/2016  •  Artigo  •  2.773 Palavras (12 Páginas)  •  589 Visualizações

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Linha de Pesquisa: Trabalho e Educação.

O CAMINHO MELHOR JOVEM: POLÍTICAS DE INCLUSÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO PARA AS ÁREAS OCUPADAS PELAS UNIDADES DE POLÍCIA PACIFICADORA.

Luiz Augusto de Oliveira Gomes (UFF) [1]

Resumo

O presente trabalho é fruto do primeiro contato com o campo empírico da pesquisa de Mestrado e pretende analisar o projeto “Caminho Melhor Jovem”  no seu funciona na favela do Jacarezinho. O objetivo inicial é averiguar como o  projeto consegue auxiliar as juventudes da região nas suas necessidades profissionais.

Palavras-chave: Favela; Juventudes; Mercado de Trabalho; Neoliberalismo.

Introdução

A “crise estrutural do capitalismo” (MÉZÁROS, 2009, p. 17) ocorrida na primeira década do século XXI gerou uma série de reconfigurações do sistema, atingindo violentamente não apenas o mundo das finanças globais “mais ou menos parasitárias, mas também todos os campos da nossa vida social, econômica e cultural (MÉZÁROS, 2009, p. 17).                                        

Em busca de uma estabilidade econômica, o capitalismo investiu em novas áreas, repaginou as relações de trabalho e, principalmente, moldou um novo modelo cidade (SENNET, 2010). “A cidade das sociedades capitalistas periféricas reflete a marginalidade e dualidade resultantes do princípio de perpetuar a subordinação do desenvolvimento à manutenção da ordem elitista vigente, combinando o atrasado com o moderno” (FERREIRA, 2007, p. 127).

Com a escolha do Brasil como sede de megaeventos esportivos, dentre eles a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas do Rio de Janeiro em 2016, fez com que essa nova concepção de cidade ganhasse força no Rio de Janeiro. Os investimentos na cidade propiciaram a criação de uma série de projetos sociais, nas áreas de cultura e juventudes financiadas, em sua maioria, pela parceria entre o poder público e os bancos internacionais.

No ano de 2013, entre a parceria do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) [2] e o Governo do Estado do Rio de Janeiro, nasceu o programa “Caminho Melhor Jovem” [3]. O projeto articulado pela Superintendência de Estado de Políticas Públicas para as Juventudes, visa a inclusão social e oferta de oportunidades para jovens entre 15 a 29 anos, moradores de territórios ocupados com Unidades de Polícia Pacificadora (UPP)[4]. A atividade é realizada nos espaços dos Centros de Referência da Juventude[5] (CRJ), estando em desenvolvimento atualmente em sete favelas cariocas[6].

Assim, preocupado com os jovens que não possuem educação básica concluída e que não conseguem ingressar no mercado de trabalho, o Governo do Estado do Rio criou o Caminho Melhor Jovem, para identificá-los e incentivá-los (inclusive por meio de assistência psicológica). Com base nos dados divulgados pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), aproximadamente 5,3 milhões de jovens brasileiros, na faixa etária de 18 e 25 anos, nem trabalham e nem estudam[7], sendo em sua maior parte constituídas de mulheres jovens negras, quase todas com ao menos uma gravidez e ensino fundamental incompleto (ALVES e CAVENAGHI, 2013).

Resumidamente, o Caminho Melhor Jovem auxilia as juventudes por meio de psicólogos e assistentes sociais, traçando um plano individualizado para cada jovem com objetivo de acompanhá-lo por determinado período. É avaliado o impacto realizado e como eles se desenvolverão ao longo do caminho traçado inicialmente. São cerca de 40 mil jovens em programas governamentais, cursos técnicos de capacitação públicos ou privados, serviços e atividades de esporte e lazer em 20 comunidades, no prazo de quatros anos.

O programa de identificação e incentivo dos jovens foi criado pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro, no valor de R$ 167 milhões, dos quais o próprio Governo participou com R$ 60 milhões, e o restante do valor proveniente de parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Além da verba, o Governo do Estado do Rio de Janeiro disponibilizou espaço físico, lançaram editais de contratações de funcionários e realizou parcerias com a sociedade civil.

A reestruturação do capitalismo encontrou nos países periféricos um amplo espaço para implementação de políticas que visassem à incorporação de um novo modelo de educação. Com a aproximação dos megaeventos no Brasil, o país se tornou um lugar altamente profícuo à experimentação de novas práticas do capitalismo. O exemplo mais denunciador é a cidade do Rio de Janeiro, nosso foco. Analisando as novas diretrizes do capitalismo na educação, proponho uma necessidade de salientar uma proposta crítica-reflexiva da relação trabalho e educação para além do capital.

A adoção de projetos como o Caminho Melhor Jovem, nos alerta para alguns pontos como: a demanda por projetos que visam à parceria público-privada; a valorização do trabalho técnico; a necessidade de justificar a ocupação das áreas pela policia. Por outro lado, pouco se fala sobre o os projetos educacionais voltados para os jovens das comunidades, e como eles participam nesse novo momento histórico.  

O presente trabalho é o primeiro passo do projeto de mestrado em desenvolvimento e abordará apenas a relação entre o programa e os cursos técnicos. Fundamenta-se teórica e metodologicamente no materialismo histórico.

 A partir dessas premissas, desejo investigar o encaminhamento que o Caminho Melhor Jovem segue para realizar o desejo das juventudes que buscam suporte financeiro e motivacional para ingressar em cursos técnicos, universidade e principalmente, no mercado de trabalho.

As contradições do programa

A educação na sociedade contemporânea burguesa é pensada como uma ponte para o trabalho. Não no trabalho no seu sentido ontológico explicitado em Marx (MARX, 2004), onde o mesmo é base para as relações entre o homem e a natureza, as sociais, e educativas. O trabalho para Marx pode ser entendido como o processo em que o ser humano, com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza” (MARX, 2004b, p.211), e possui uma “dupla centralidade quando concebido como valor de uso: é criador e é mantedor da vida em suas múltiplas e históricas necessidades e, como decorrência dessa compreensão, é principio educativo” (PEREIRA, 2014, p 60).

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