TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

O GRUPO E SEUS FENÔMENOS

Por:   •  3/12/2022  •  Resenha  •  2.574 Palavras (11 Páginas)  •  71 Visualizações

Página 1 de 11

GRUPOS OPERATIVOS

INTRODUÇÃO

A Estratégia da saúde da família (ESF) é caracterizada pela multidisciplinaridade do trabalho em equipe .Uma das principais ferramentas para promoção da saúde, prevenção (primária ou secundária) de doenças e integralidade é o trabalho em grupo.

O texto a seguir caracteriza grupo e seus fenômenos, focaliza grupos operativos e apresenta formas de trabalhar estes grupos na prática diária da ESF.

O tema foi escolhido para estudo pela grande necessidade de bases teóricas e redução do empirismo vigente da prática clínica atual.

O GRUPO E SEUS FENÔMENOS

Para ser caracterizado um grupo é preciso que: 

  • Os integrantes estejam reunidos em torno de um interesse comum;
  • No grupo, o "todo é maior do que as partes" se constituindo como uma nova identidade sendo mais do que apenas o somatório dos seus membros;
  • É preciso que se mantenham discriminadas as identidades individuais, de forma que as pessoas mantenham a sua individualidade e não virem uma massa indiscriminada;
  • É preciso que haja alguma forma de interação afetiva entre os membros do grupo,e seja estabelecido algum tipo de vínculo entre os integrantes;
  • É inerente à formação de um grupo a presença de um "campo grupal dinâmico", onde transitam fantasias e ansiedades. Zimerman (1997) descreve seis fenômenos importantes que definem o campo grupal:
  • 1)A ressonância, que é um fenômeno comunicacional, onde a fala trazida por um membro do grupo vai ressoar em outro, transmitindo um significado afetivo equivalente, e assim, sucessivamente.
  • 2)O fenômeno do espelho, conhecido como galeria dos espelhos, onde cada um pode ser refletido nos, e pelos outros; o que nada mais é, do que a questão da identificação, onde o indivíduo se reconhece sendo reconhecido pelo outro, e assim vai formando a sua identidade;
  • 3)A função de "continente", ou seja, o grupo coeso exerce a função de ser continente das angústias e necessidades de cada um de seus integrantes.
  • 4)O fenômeno da pertencência, chamado por Zimerman de vínculo do reconhecimento, que é " o quanto cada indivíduo necessita, de form a vital, ser reconhecido pelos dem ais do grupo com o alguém que, de fato, pertence ao grupo. E tam bém alude à necessidade de que cada um reconheça o outro com o alguém que tem o direito de ser diferente e em ancipado dele" (1997: 39);
  1. A discrim inação, que é a capacidade de fazer a diferença entre o que pertence ao sujeito e o que é do outro; ou seja, diferenciar entre fantasia e realidade, presente e passado, entre o desejável e o que é possível naquele momento, etc.
  2. A com unicação, seja ela verbal ou não-verbal, fenômeno essencial em qualquer grupo onde mensagens são enviadas e recebidas, podendo haver distorção e reações da parte de todos os membros do grupo.

GRUPOS OPERATIVOS 

Zimerman (1997) classifica, dois tipos de grupos, segundo o critério de finalidade, em operativos e psicoterápicos.

A teoria e técnica de grupos operativos, foi desenvolvida por Enrique Pichon-Rivière (1907-1977), médico psiquiatra e psicanalista de origem suíça, que viveu na Argentina desde seus 4 anos de idade. O fenômeno disparador da técnica de grupos operativos, foi um incidente vivido no hospital psiquiátrico De Las Mercês, em Rosario, onde desempenhava atividades clínicas e docentes. Esse incidente foi a greve do pessoal de enfermagem desse hospital. Para superar aquela situação crítica, Pichon-Rivière colocou os pacientes menos comprometidos para assistir aos mais comprometidos. Observou que ambos, subgrupos, apresentaram significativas melhoras de seus quadros clínicos. O novo processo de comunicação estabelecido entre os pacientes e a ruptura de papéis estereotipados - o de quem é cuidado, para o de quem cuida - foram os elementos referenciais do processo de evolução desses enfermos. Intrigado com esse resultado passou a estudar os fenômenos grupais a partir dos postulados da psicanálise, da teoria de campo de Kurt Lewin e da teoria de Comunicação e Interação. As convergências dessas teorias constituíram-se nos fundamentos da teoria e técnica de grupos operativos de E. Pichon-Rivière. (Abduch)

Em relação aos grupos operativos, a sua sistematização foi feita por Pichon Riviére desde 1945, que definiu grupo operativo como "um conjunto de pessoas com um objetivo em com um ". Os grupos operativos trabalham na dialética do ensinar-aprender; o trabalho em grupo proporciona uma interação entre as pessoas, onde elas tanto aprendem como também são sujeitos do saber, mesmo que seja apenas pelo fato da sua experiência de vida; dessa forma, ao mesmo tempo que aprendem, ensinam também..

Os grupos operativos abrangem quatro campos:

  • Ensino-aprendizagem: cuja tarefa essencial é o espaço para refletir sobre temas e discutir questões 
  • Institucionais: grupos formados em escolas, igrejas, sindicatos, promovendo reuniões com vistas ao debate sobre questões de seus interesses. 
  • Comunitários: utilizados em programas voltados para a Promoção da Saúde, onde profissionais não-médicos são treinados para a tarefa de integração e incentivo a capacidades positivas.
  • Terapêuticos: objetiva a melhoria da situação patológica dos indivíduos, tanto a nível físico quanto psicológico, são os grupos de auto-ajuda, Alcoólicos Anônimos, etc. ( Zimerman, 1997:76)

Pode-se pensar os grupos voltados para a Promoção da Saúde, como estratégias ou espaços, onde possa se fazer uma escuta, para as necessidades das pessoas. Os grupos devem se configurar, como espaços onde as pessoas possam falar sobre seus problemas, e buscar soluções, conjuntamente com os profissionais, de forma que a informação circule, da experiência técnica à vivência prática das pessoas que adoecem. Nos diz Valla, "um envolvim ento com unitário, pode ser um fator psicossocial significante na m elhoria da confiança pessoal, da satisfação com a vida e da capacidade de enfrentar problem as. A participação social pode reforçar o sistem a de defesa do corpo e dim inuir a suscetibilidade à doença." (1999: 10). 

...

Baixar como (para membros premium)  txt (16.6 Kb)   pdf (210.7 Kb)   docx (25.1 Kb)  
Continuar por mais 10 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com