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O Núcleo de Tecnologia do MTST e a Aprendizagem da Linguagem de Programação

Por:   •  11/7/2023  •  Ensaio  •  1.599 Palavras (7 Páginas)  •  71 Visualizações

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Educação popular: O Núcleo de Tecnologia do MTST e a aprendizagem da linguagem de programação

Tiago França Paschoal dos Santos

RESUMO: O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, criado em 1997, luta contra a desigualdade social no meio urbano e também luta pela reforma urbana através da reinvindicação do direito à moradia. O MTST também tem outros trabalhos para além da luta pela moradia como o Núcleo de Tecnologia do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto(MTST), que oferece o curso de programação para membros do MTST e estudantes do ensino fundamental. O curso ofertado pelos integrantes do Núcleo de Tecnologia do MTST traz uma educação popular e não-formal. O movimento criou o aplicativo Contrate Quem Luta, que é utilizado como ferramenta de busca de profissionais do próprio MTST para execução de serviços.

Fora do domínio da educação escolar, havia a trama das muitas situações e práticas corporativas ou comunitárias, em que outros saberes se difundiam. Pequenas oficinas de trabalho urbano formavam, durante a prática do trabalho-ensino, futuros artesãos e oficiais, futuros mestres que ensinariam outros aprendizes a serem ourives, seleiros, ferreiros, marceneiros, serralheiros, pedreiros, pintores ou músicos. (BRANDÃO; ASSUMPÇÃO, 2009, p. 14)

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, criado em 1997, luta contra a desigualdade social no meio urbano e também luta pela reforma urbana através da reinvindicação do direito à moradia. O MTST atua ocupando imóveis que não atendem a sua função social e atualmente o movimento está organizado em diversos estados do Brasil, mas tem ações mais emblemáticas no Estado de São Paulo. Para além da luta pela moradia o movimento também atua no combate à fome através da criação das cozinhas solidárias, que surgiram como ferramenta para atender as necessidades alimentares de grupos vulneráveis durante a crise sanitária de COVID-19, hoje o movimento luta para que esta ideia seja transformada em política pública. Além destas ações sociais o MTST também atua na educação popular. Neste iremos tratar do uso de tecnologias pelo Núcleo de Tecnologias do MTST na educação, bem como a contribuição destas tecnologias para o uso coletivo.

No mês de março de 2023, a escola em que atuo como professor recebeu uma proposta do Núcleo de Tecnologia do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto(MTST), grupo criado e formado em 2019 por militantes do MTST que trabalhavam com tecnologia, para ministrar um curso básico de programação para os estudantes da unidade escolar.

O trabalho ofertado pelo movimento social na escola era basicamente de ofertar um curso de programação de curto período, 2 meses, para estudantes dos 8º e 9º anos do ensino fundamental e estudantes da Educação de Jovens e Adultos(EJA). Na reunião de apresentação da proposta estive presente por ser o Professor Orientador de Educação Digital(POED) da unidade escolar, também estavam presentes na reunião minha Diretora e três representantes do Núcleo de Tecnologia do MTST. A proposta do curso era a de ensinar programação e criação de aplicativos, muito embora o grupo tenha ressaltado que era possível ensinar a criação de aplicativos de uso individual, onde só há a interação entre aplicativo e um único usuário, o foco era a criação de aplicativos de uso coletivo e com uma função social. As ferramentas necessárias para o trabalho do grupo seriam aparelhos celulares dos próprios estudantes, se houvessem, ou o uso dos computadores do Laboratório de Educação Digital(LED) da escola, ou ambos. O Núcleo de Tecnologia nos apresentou duas ideias que o grupo já havia colocado em prática, a primeira foi a criação de um sistema de irrigação automatizado e comandado pela programação computacional, que é basicamente dar um conjunto de instruções para que um computador execute uma tarefa ou um conjunto de tarefas. A segunda ideia, que nos levou a produzir este, foi a criação de um aplicativo por jovens, o Contrate Quem Luta, que é utilizado como ferramenta de busca de profissionais do próprio MTST para execução de serviços. Ao acessar o site do aplicativo logo uma mensagem diz,

Precisando de uma mãozinha? Você pode ajudar nossos militantes contratando seus serviços em diversas áreas de atuação. Contrate quem luta é um assistente virtual criado pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) para conectar nossos militantes a pessoas que precisam de alguma prestação de serviços. (NÚCLEO DE TECNOLOGIA DO MTST, 2023)

Ao observar o site é possível ver uma lista com as profissões disponíveis para oferta de serviço, entre elas estão diaristas, contadores, cozinheiras, DJ, Educadora, entre outras, porém o atendimento se limita ao munícipio de São Paulo e a Região Metropolitana de São Paulo. O aplicativo, por funcionar com georreferenciamento, aproxima o solicitante do serviço ao militante mais próximo, que pode ofertar o serviço.

Ao relatar a ideia do aplicativo Contrate Quem Luta, o que mais chamou atenção foi o fato de ter sido criado pelos membros mais jovens e que estes jovens agora estão mostrando as possibilidades do uso da programação para adolescentes dentro do próprio movimento social e também para os estudantes de escolas públicas, como é o caso da escola em que atuo, onde o curso foi aprovado pelo Conselho de Escola e teve início em maio de 2023 com previsão de término no final de junho do mesmo ano. Ao propor o mesmo curso ofertado para os membros do MTST para estudantes de escola pública fora de uma educação formal, mas utilizando o espaço da escola o conceito de educação não-formal veio de encontro com o proposto pelo grupo, quando se analisa o conceito na perspectiva de Gohn, que, sobre educação não-formal, diz,

Ela não é, organizada por séries/ idade/conteúdos; atua sobre aspectos subjetivos do grupo; trabalha e forma a cultura política de um grupo. Desenvolve laços de pertencimento. Ajuda na construção da identidade coletiva do grupo (este é um dos grandes destaques da educação não-formal na atualidade); ela pode colaborar para o desenvolvimento da auto-estima e do empowerment do grupo, criando o que alguns analistas denominam, o capital social de um grupo. (GOHN, 2006, p. 3)

O curso ofertado pelos integrantes do Núcleo de Tecnologia do MTST traz uma educação popular e não-formal, primeiro por não separar em séries ou idade, basta que o estudante tenha acesso a aparelhos com acesso à internet, segundo por não ter uma organização formal dos conteúdos, mas sim trabalhar as necessidades do coletivo utilizando métodos freirianos e por último, o curso busca a colaboração e o empoderamento do grupo, já que as aplicações criadas tem o objetivo de ajudar um conjunto de pessoas, como é no caso do sistema de irrigação citado anteriormente.

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